Entrevistas

Galuba Editorial foca no digital e no reconhecimento das mulheres no mercado editorial

Reprodução Facebook Galuba Editorial

Há anos, o mercado editorial enfrenta uma das suas piores crises – se não a pior. Quando ensaiava alguma recuperação, veio a pandemia para novamente obrigar editoras e profissionais do setor a se reinventarem, adaptarem o modelo de negócios. Pensar em abrir qualquer empreendimento, neste momento, seria uma ousadia? Um grande desafio, com certeza. Uma nova editora, então? Quase impossível! Será? Não para as mulheres da Galuba Editorial, que chegaram empoderadas para emplacar novas histórias e fugir do óbvio.

Inaugurada em junho deste ano, a Galuba Editorial é uma editora 100% digital e feminina. Criada pelas amigas Carina Derschum e Marcela Nogueira, a Galuba tem foco nos ebooks e o objetivo de “encorajar as mulheres no mercado editorial e promover a bibliodiversidade”. Tanto que todo o processo editorial é conduzido por mulheres, desde a escrita, passando pelo marketing, pela tradução até a capa etc. Em entrevista exclusiva ao Vai Lendo, Carina afirmou que a Galuba chegou para reconhecer o valor do público feminino no mercado editorial.

“Sinceramente? Eu acho muito mais divertido trabalhar com mulheres”, disse. “Até porque, o público alvo que eu enxerguei são as mulheres, leitoras insaciáveis de romances, que leem 200 livros por ano. Essas pessoas estão consumindo para caramba e as editoras tradicionais não dão o devido valor a elas. Então é com elas e por elas a Galuba”.

Ainda que o momento atual seja incerto e cheio de desafios, Carina explicou que o planejamento em torno da Galuba não foi prejudicado justamente pelo fato de ser uma editora digital. Inclusive, ela acredita que esta nova realidade pode fazer com que o formato passe a ser melhor trabalhado e aproveitado aqui no Brasil.

“O planejamento para Galuba vem de antes da quarentena”, informou. “Desde o ano passado, estamos analisando e pensando em qual seria a melhor forma de fazer o nosso projeto acontecer. Infelizmente, a pandemia mexeu com tudo, mas a gente já tinha a ideia de ser uma editora focada no digital – que eu honestamente acho pouco aproveitado no Brasil de uma maneira geral – e, para isso, a pandemia não prejudicou. A liberação de ebooks gratuitos por parte das grandes editoras acabou fazendo mais pessoas experimentarem o formato, então é torcer para que elas gostem e continuem lendo ebooks. Quanto ao porquê de lançarmos a Galuba agora, é mais por que não agora? Nunca vai ter um momento ideal para lançar uma empresa, mas estamos trabalhando com as vantagens que temos e analisando como lidar com as desvantagens para fazer a Galuba ser sustentável a médio e longo prazo”.

Quanto ao catálogo da Galuba, outra novidade: expansão de obras para além do eixo americano, com o melhor dos romances traduzidos de outras línguas e “o resgate de grandes autoras de língua portuguesa que foram ofuscadas pela história”. O primeiro título lançado pela editora é A Um Passo do Amor, da autora espanhola Anna Garcia. E outras duas obras já estão sendo preparadas, de acordo com Carina. Quanto aos livros físicos, ela indicou que apenas se for possível lançá-los através de projetos especiais.

‘A Um Passo do Amor’, de Anna Garcia / Reprodução Facebook Galuba Editorial

“Nosso primeiro livro, A Um Passo do Amor, é tradução do espanhol. Tudo porque eu tenho uma amiga que é tradutora e topou o nosso modelo de negócios, que não é nada tradicional”, apontou. “Nós temos um livro do inglês vindo aí e teremos um romance italiano também! Dependemos bastante de disponibilidade de tradutor que concorde com o nosso modelo e, por não ser tradicional, nesse começo ficamos limitadas a pessoas que nos conhecem e confiam no nosso trabalho. E quanto a autoras nacionais, temos interesse em publicar, sim. Só que nós trabalhamos apenas com ebook e ainda não temos um histórico para mostrar o nosso trabalho. Mas acredito que em breve teremos novidades sobre isso. Em relação aos livros físicos, apenas se tivermos projetos especiais, como caixas de assinatura ou financiamento coletivo para algum livro que se destaque. Nosso foco mesmo é ebook”.

Por falar sobre esse modelo de negócios nada tradicional, Carina ressaltou que a ideia é promover a valorização de todas as profissionais da empresa, seja ela autora ou tradutora.

“Eu sou uma pessoa muito guiada pelo mantra ou todo mundo ganha ou ninguém ganha”, reforçou. “E é isso o que estamos fazendo aqui. Estamos criando uma empresa quase colaborativa, de forma que valorizamos o máximo possível tanto o autor quanto o tradutor. É um modelo de negócios que funciona a longo prazo. Queremos construir essa comunidade de forma que todo mundo ganhe”.

E é com essa visão de comunidade que a Galuba pretende se firmar no mercado, respeitando e valorizando o seu nicho, as suas leitoras.

“Conhecer o seu nicho facilita muito na comunicação, criar sua persona e todas as estratégias de marketing”, concluiu. “Quando uma editora é generalista, você não consegue manter o foco e acaba perdendo oportunidades tanto de títulos bons para publicar quanto de marketing. Enquanto editora, temos uma função social. No nosso caso, queremos criar um ambiente – mesmo que digital – de companheirismo e amizade”.

Reprodução Facebook Galuba Editorial

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Jornalista de coração. Leitora por vocação. Completamente apaixonada pelo universo dos livros, adoraria ser amiga da Jane Austen, desvendar símbolos com Robert Langdon, estudar em Hogwarts (e ser da Grifinória, é claro), ouvir histórias contadas pelo próprio Sidney Sheldon, conhecer Avalon e Camelot e experimentar a magia ao lado de Marion Zimmer Bradley, mas conheceu Mauricio de Sousa e Pedro Bandeira e não poderia ser mais realizada "literariamente". Ainda terá uma biblioteca em casa, tipo aquela de "A Bela e a Fera".

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