Resenhas

Amigos para a Vida, de Andrew Norriss | Resenha

‘Amigos para a Vida’: um livro necessário e fundamental

Ninguém nunca está sozinho(a). Por mais que achemos ou que a vida possa se mostrar solitária, sempre podemos recorrer a alguém, por mais intimidador, assustador que seja. Ninguém precisa sofrer sozinho(a). Aliás, ninguém deve sofrer sozinho(a). A solidão é um fantasma que assombra, corrói e desespera. Em nossas diferenças descobrimos que nos completamos e nos melhoramos. Cada um à sua maneira, no seu próprio tempo. É isso o que Andrew Norriss, de maneira extremamente sensível, nos mostra no emocionante Amigos para a Vida, publicado pela editora Valentina.

Foto: Vai Lendo

Na história, conhecemos Francis, um garoto que sofre bullying por ser diferente e não tem amigos. Ele possui uma coleção de bonecas vestidas com roupas que ele mesmo criou. Inclusive, seu pedido de aniversário foi uma máquina de costura. Até que, um dia, no intervalo da escola, sentado sozinho no pátio, ele vê uma menina se aproximando. A garota tem, mais ou menos a sua idade, e para na outra ponta do banco. Ao tentar falar com ela, a menina fica chocada, pois ele é a primeira pessoa que consegue vê-la desde que morreu. Jéssica, como se chama, é um fantasma. E é com essa amizade nem um pouco comum que suas vidas mudam completamente.

Eu não consigo começar a falar sobre esse livro sem os meus olhos se encherem d’água. Amigos para a Vida foi uma das obras mais profundas e necessárias que já li, há algum tempo. Comecei a ler de maneira despretensiosa e fui completamente arrebatada pela narrativa de Norriss, que tem uma capacidade extraordinária de falar sobre temas bastante profundos, delicados e tristes com tamanha leveza e naturalidade.

Foto: Vai Lendo

Francis é tão carismático, tão importante. Que personagem fascinante! Sua personalidade forte e, ao mesmo tempo, insegura encontra um equilíbrio e se sobressai a partir da amizade com Jéssica. Essa, aliás, é tão presente e tão “viva” que quase sentimos conhecê-la também. Jéssica e Francis são aquela dupla que amamos acompanhar e da qual adoraríamos ser amigos também. É impressionante a maturidade que esses praticamente adolescentes demonstram, sob vários aspectos, ainda que precisem lidar com seus próprios problemas. E não são poucos, muito menos superficiais. É linda a maneira que o autor encontrou de transformar essa amizade em um respiro, em uma jornada de autoconhecimento e principalmente de libertação (e agora eu comecei a chorar – de novo – só de lembrar). Adoraria falar sobre os outros personagens que surgem ao longo do livro, mas tenho medo de acabar dando spoilers porque todos estão interligados e são fundamentais para o desenvolvimento não apenas de suas próprias histórias.

Foto: Vai Lendo

Norriss fala de bullying, de preconceito, depressão, entre outros assuntos, com a seriedade necessária para estes temas. E com muita propriedade. Ele não se omite. Pelo contrário, através de Francis, Jéssica e os demais, o autor explora esse lado tão complicado e obscuro da vida de milhares de pessoas, especialmente os jovens. A amizade, as relações familiares, a superação, o medo, o desamparo, as inseguranças, as descobertas… Está tudo ali, nas páginas que emocionam e nos fazem refletir tanto. É difícil, bastante difícil, e duro. Mas é preciso.

Foto: Vai Lendo

O que eu posso dizer é que Andrew Norriss cumpre um papel social importantíssimo com Amigos para a Vida. Muito mais do que um livro juvenil, este é um livro para todos, sem exceção. A vontade que tive quando terminei a leitura foi a de sair distribuindo a obra para todo mundo que eu conheço: crianças, jovens e principalmente adultos. Este é um livro que precisa ser adotado em escolas. Adotado para a vida. O que eu senti lendo este livro é um pouco difícil de ser resumido em palavras. Amigos para a Vida emociona, choca, incomoda e, acima de tudo, avisa.

Jornalista de coração. Leitora por vocação. Completamente apaixonada pelo universo dos livros, adoraria ser amiga da Jane Austen, desvendar símbolos com Robert Langdon, estudar em Hogwarts (e ser da Grifinória, é claro), ouvir histórias contadas pelo próprio Sidney Sheldon, conhecer Avalon e Camelot e experimentar a magia ao lado de Marion Zimmer Bradley, mas conheceu Mauricio de Sousa e Pedro Bandeira e não poderia ser mais realizada "literariamente". Ainda terá uma biblioteca em casa, tipo aquela de "A Bela e a Fera".

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