Resenhas

O Colecionador de Memórias, de Cecelia Ahern | Resenha

‘O Colecionador de Memórias’: uma emocionante jornada familiar

A família é o nosso pilar. A nossa base e a nossa certeza da vida. Mas nada consegue sustentar uma vida levada a mentiras. Omissões. Isso, sim, pode ser a ruína familiar. A mentira é tóxica. Desgasta. Frustra e decepciona. Vira uma bola de neve capaz de afetar a todos. Em O Colecionador de Memórias, publicado pela editora Novo Conceito, Cecelia Ahern nos presenteia com uma bela história de amor e principalmente de perdão.

O livro nos traz a história de Sabrina Boggs, que, ao encontrar uma misteriosa coleção de bens do seu pai, percebe que nunca o conheceu, de fato. E que toda a sua vida fora em meio a mentiras e desconhecimento. A partir daí, em um dia atípico em sua monótona rotina, Sabrina resolve desvendar os segredos desse homem que ela pensava conhecer. O que ela não imaginava é que essa decisão iria mudar completamente a sua vida e a de todos à sua volta.

Depois de algum tempo sem ler uma obra de Cecelia Ahern, fui totalmente arrebatada por O Colecionador de Memórias. Que saudade que eu estava da sua escrita! O livro tem aquela narrativa leve, sensível e delicada com a qual a escritora nos envolve e emociona. E eu tive tudo isso nessa leitura. Que história simples e, ao mesmo tempo, tocante e profunda, capaz de nos entreter e nos fazer refletir sobre tantas questões, tantas nuances da vida.

Sabrina é uma personagem tão real, tão humana que é impossível não se solidarizar com suas frustrações e mágoas. Ela poderia ser uma protagonista até mesmo um pouco irritante, mas, contrariando todas as previsões, Sabrina consegue despertar a nossa empatia (pelo menos, comigo foi assim). Todos os seus conflitos, medos, receios e atitudes são plausíveis e compreensíveis, dentro da sua realidade. E que arco bem construído de personagens e relações. Tudo nessa família Boggs é interessante. 

E, falando dos Boggs, não posso deixar de citar Fergus, o pai de Sabrina e, em minha humilde opinião, o outro protagonista desta história. É tão importante acompanharmos a sua trajetória para entendermos as suas atitudes, mesmo sem concordar com elas. Ponto máximo do livro e um enaltecimento à escritora por ter nos dado não apenas uma, mas duas histórias que se complementam, se enriquecem e nos comovem. E tudo tão brilhantemente amarrado e desenvolvido aos nossos olhos que eu não conseguia me desligar. Não queria que aquela experiência acabasse, mas, ao mesmo tempo, eu queria TANTO saber mais sobre Fergus, Sabrina e a família Boggs (e os Doyle, claro). Que viagem incrível através de sua origem, do seu passado, bem como “testemunhar” essas consequências que tanto se encaixam e influenciaram no presente.

Cecelia, ao contrário de seus personagens, não se omite na narrativa. Ela nos fornece tudo. O Colecionador de Memórias é uma jornada de redescobrimento pessoal. De autoaceitação. De família sob todos os aspectos, conflitos e significados. Para o bem e para o mal. De encontros e reencontros. Superação. Mudanças. Para esses personagens e para nós, leitores.

Jornalista de coração. Leitora por vocação. Completamente apaixonada pelo universo dos livros, adoraria ser amiga da Jane Austen, desvendar símbolos com Robert Langdon, estudar em Hogwarts (e ser da Grifinória, é claro), ouvir histórias contadas pelo próprio Sidney Sheldon, conhecer Avalon e Camelot e experimentar a magia ao lado de Marion Zimmer Bradley, mas conheceu Mauricio de Sousa e Pedro Bandeira e não poderia ser mais realizada "literariamente". Ainda terá uma biblioteca em casa, tipo aquela de "A Bela e a Fera".

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *