Resenhas

Horror na Colina de Darrington, de Marcus Barcelos | Resenha

‘Horror na Colina de Darrington’: deu medo de verdade

Eu já tinha ouvido falar do livro Horror na Colina de Darrington, de Marcus Barcelos, antes de ser reeditado pela Faro Editorial – acho que foi em algum evento literário virtual do qual participei. E quem diria que eu acabaria lendo-o e resenhando-o para vocês?

Quando li a sinopse, naturalmente criei uma expectativa. Eu queria uma casa mal-assombrada, fantasmas, possessões e assombrações; eu queria sentir medo. E foi exatamente isso o que eu consegui – em alguns momentos, eu li o livro encolhida e trêmula embaixo do meu edredom, com um crucifixo do meu lado. Mas estou muito satisfeita.

Marcus Barcelos é um autor jovem, graduando em Jornalismo e estudante de Roteiro Cinematográfico – eu realmente gostei disso -, tem como inspiração os grandes mestres Stephen King, H.P. Lovecraft e Edgar Allan Poe. É um dos Embaixadores do Wattpad no Brasil. Tem, é claro, os seus hobbys fora do mundo literário, porque autor também é ser humano, por incrível que pareça, e também gosta de fazer coisas além de ler e escrever. E ele é aqui do Rio de Janeiro – maneiríssimo, pois eu pude entrar em contato com ele, o que eu considero muito importante, porque a simpatia e a disposição do autor para com o leitor naturalmente influenciam – e muito – em todo o processo de análise. Afinal, o livro é um reflexo do seu escritor. Enfim, ele me respondeu quase instantaneamente após eu ter entrado em contato e foi incrivelmente simpático. Gostei.

Ele me disse que queria fazer com que o leitor sentisse medo ao ler o seu livro. Bom, ele conseguiu.

Horror na Colina de Darrington já começa, logo na segunda página, com bizarrice, o que fez com que eu, uma leitora dona de nervos de gelatina, sentisse aquele familiar arrepio meio gelado na espinha e dissesse: ai, meu coração! Resumidamente, a história gira em torno de acontecimentos bem assustadores na casa onde mora a família de Benjamin Simons, na colina de Darrington – é por causa de histórias assim que eu sempre desconfio de casas em colinas. Órfão de mãe e pai, tendo passado boa parte da vida em um orfanato – até descobrir que ainda possuía parentes -, Benjamin vai para a colina de Darrington cuidar de sua priminha de cinco anos e ajudar seu tio, que trabalha dia e noite, enquanto sua tia está à beira da morte.

Até aí, tudo bem. Mas é claro que alguma coisa tinha que dar errado – na verdade, quando o livro é de terror, como é o caso, por definição as coisas dão muito, muito errado. Enfim, o título Horror na Colina de Darrington não é à toa. Marcus conseguiu criar uma história bem assustadora e trágica – muito trágica mesmo.

O personagem principal, o Benjamin – para os íntimos, Benny -, é um dos personagens mais insanamente corajosos que já vi. Nos momentos em que eu falava: corra! – era quase sempre, admito -, ele batia o pé e encarava qualquer coisa horrorosa que estivesse na sua frente. Eu não sabia se ficava admirada ou se o xingava. Se fosse eu, teria agarrado a minha priminha e corrido, pelo menos, até o México.

Senti que a trama foi evoluindo até passar de uma simples casa mal-assombrada para uma trama muito mais complexa e, francamente, perturbadora. Admito que, se fosse apenas uma casa mal-assombrada, com pessoas morrendo de maneira terrível, teria me assustado mais – sei que o maior intuito de livros de terror é causar um estranhamento perturbador e não medo propriamente dito, mas eu sou do tipo que lê um livro de terror querendo sentir medo e me assustar. Já no final da trama, eu não senti mais medo nenhum – como senti no início -, mas o estranhamento ficou bem mais forte. Eu fiquei muito mais perturbada com esse final. Sem falar que é justamente esse desdobramento final que dá à história um gancho perfeito para um segundo volume.

Ou seja, teremos, em breve, um segundo volume, Horror em… algum lugar.

Achei a escrita do Marcus muito simples, e acho que livros de terror têm que ser assim, porque o medo ou o susto perde um pouco a graça quando a coisa começa a ficar rebuscada demais. O ato de se assustar, assim como o ato de rir – ambas as ações estão interligadas -, se baseia no inesperado. Ao se deparar com algo inesperado, as reações são rir ou temer. E não dá para ter uma reação involuntária dessas se você está preocupado tentando decifrar a mensagem.

Quanto ao trabalho da editora, devo dizer que estou muito impressionada. Eu nunca tinha lido nenhum livro da Faro Editorial e nunca tive um de seus livros em mãos. Por isso, fiquei bem admirada com o bom trabalho do material. A capa está ótima – adorei o fato de a imagem da grade de ferro estar em alto relevo e sujinha de sangue na ponta, foi incrivelmente espirituoso. As bordas das folhas estão pintadas de preto, o que deixa o livro com um aspecto sombrio maravilhoso. A diagramação está excelente, com folhas negras iniciando os capítulos; e ainda tem as ilustrações, que estão ótimas e, melhor ainda, sem censura – se tem que mostrar o bicho feio, eles mostram o bicho feio. Meus cumprimentos a toda a equipe responsável pelo projeto do livro e à editora. Fizeram um ótimo trabalho!

Pois bem, depois de chorar, gritar, espernear, ter pesadelos e tremer de medo, cá estou eu, dizendo que adorei o livro e recomendando que os amantes de livros de terror o leiam também.

Francamente, devíamos ser estudados.

 

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