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A Espada do Verão – Magnus Chase e os Deuses de Asgard, de Rick Riordan|Resenha

‘A Espada do Verão – Magnus Chase e os Deuses de Asgard’: Rick Riordan, mais uma vez, nos presenteia com uma aula leve, divertida e cativante sobre mitologia

O que é ser um herói? É ser alguém simplesmente “bom”, destemido? Ou aquelas pessoas que simplesmente agem com o coração e se preocupam mais com os outros do que com elas mesmas? Se tem alguém que sabe contar uma boa história de herói é Rick Riordan. Ainda mais quando ele resolve juntar deuses e outras criaturas fantásticas à trama. Melhor ainda, quando traz tudo isso para a nossa realidade. E novamente o autor da série Percy Jackson nos apresenta outra de suas fantásticas criações com o novo livro A Espada do Verão – Magnus Chase e Os Deuses de Asgard, primeiro volume de uma nova série literária, lançado no último mês pela editora Intrínseca.

A história acompanha a vida do jovem Magnus Chase, um jovem que perdeu a mãe há dois anos e, desde então, vive sozinho pelas ruas de Boston encarando as dificuldades da vida. Mas tudo muda quando ele reencontra o seu tio Randolph, justamente no dia em que completa 16 anos. Apesar dos avisos da mãe para manter distância do parente, Magnus recebe dele a notícia que iria mudar a sua vida para sempre: é filho de um deus nórdico. A partir daí, tudo o que ele achava ser lenda ou apenas histórias vira realidade. Os vikings, os deuses de Asgard se preparando para a guerra… Enfim, e, para variar, cabe a Magnus salvar a humanidade e reencontrar uma poderosa arma perdida há mais de mil anos. Agora, ele terá que optar entre a sua própria segurança ou tomar uma decisão que não tem volta.

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Depois de Percy Jackson e seus deuses do Olimpo, era de se esperar que, ao termos conhecimento de uma nova série do autor abordando mitologia, esperaríamos obras, no mínimo, parecidas. Puro engano. De semelhanças mesmo, só o fato de termos um protagonista órfão de mãe que não conhece o pai e posteriormente descobre que o progenitor trata-se de uma figura mitológica. Fora as diferenças óbvias entre as mitologias grega e a nórdica, Riordan nos presenteia com novos personagens simplesmente excepcionais e um protagonista dos mais interessantes e divertidos que já vi/li. E esse é um dos principais trunfos do primeiro volume da nova série literária do autor.

Magnus Chase é incrível. Mais do que isso, é divino mesmo. O carisma do personagem é tanto que, logo nas primeiras páginas, já somos arrebatados por seu humor ácido, característica marcante de sua personalidade. Ao viver por dois anos nas ruas, Magnus adquiriu uma atitude sagaz, inteligente e despretensiosa, de quem apenas quer sobreviver a cada dia. E é justamente esse jeito insubordinado e desprendido que o torna cativante – principalmente pelo fato de o livro ser narrado em primeira pessoa, portanto, Magnus literalmente interage com o leitor. Nada passa despercebido pelo rapaz, que sempre tem um comentário irônico/sarcástico para completar. Palmas para Riordan e sua escrita extremamente leve e fluida, que torna as intervenções de Magnus ao longo da narrativa muito naturais. Caso contrário, poderia ficar um tanto forçado e cansativo, o que, felizmente, não ocorre em nenhum momento.

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Apesar de Magnus por si só já ser um personagem único e levar a história com maestria, ele não seria um protagonista completo sem seus amigos. Riordan é impressionante. A sua capacidade de criar ambientes e personagens totalmente diferenciados e dar a cada um deles uma importância notável para a trama é maravilhosa. Que sorte temos nós, seus leitores. Magnus pode até ser o principal, mas sua jornada nunca ficaria completa sem Blitz, Hearth e Sam, principalmente. O trio é genial. Cada um a sua maneira. Cada um com sua especialidade e missão. Eles são os pilares de Magnus. É com eles que Magnus começa a amadurecer e a cumprir o seu destino. Acima de tudo, juntos, os quatro se descobrem e assumem os seus respectivos papéis e aprendem valores essenciais. Há também outras criaturas fantásticas e personagem igualmente interessantes – que também acrescentam à trama -, como T.J, Mestiço Gunderson, Mallory, Gunilla e, claro, o inigualável Jacques, porém, não me esticarei, pois cheguei ao limite do spoiler. Mas, gente, Jacques é fora de série (e você é um gênio, Riordan!). Precisava comentar. Ah, sim, se você tem a sensação de já ter ouvido o sobrenome Chase em algum lugar, você está certo. Mais uma surpresa: Magnus é primo de ninguém menos que Annabeth. Isso, a própria. Parei por aqui, prometo.

Como toda boa trama do autor, a mitologia é o pano de fundo da história. Dessa vez, ele se aventura na singularidade e apresenta todas as curiosidades dos deuses nórdicos, dos vikings, uma área não tão explorada como a grega. E, olha, como fã de mitologias, afirmo que Riordan nunca me decepciona. Não espere uma enciclopédia mitológica, algo minucioso, apesar de todos os mundos serem devidamente descritos e bem detalhados. A “aula” de Riordan é diferente. Sim, aula, pois o escritor sabe como introduzir todas essas particulares dos deuses de forma a entreter, de fato, os leitores, mas sem deixar de passar as informações. Odin, Thor, Loki, Frey, Freya, Tyr, todos eles estão lá – além de outros -, cada um com sua essência bem captada e especificada por Riordan. E o melhor de tudo: com muito, mas muito humor. Impossível passar uma página sem dar, pelo menos, uma boa gargalhada, seja com as tiradas geniais de Magnus ou simplesmente com o jeito como Riordan consegue inserir a realidade dos deuses na nossa. Quero evitar falar mais sobre isso para não tirar a graça na hora da leitura, mas não espere um Thor galã de Hollywood e, muito menos, um Odin sério e sem senso de humor (juro que estou rindo enquanto escrevo, só de lembrar). Loki, por sua vez, rouba a cena, como sempre.

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Além disso, o trabalho gráfico do livro está primoroso (que capa!). Tanto que temos também um glossário, no final, com os nomes não apenas dos deuses, mas o significado das runas (muito interessante) e os nomes dos mundos (eu aconselho, todavia, a ler usando a pronúncia do próprio Magnus, é hilário). De um jeito único, Riordan expõe ainda as dificuldades e as incertezas dos seres humanos e míticos, na eterna batalha entre o bem e o mal. Qualquer um pode ser herói ou vilão. Ele mostra que, na vida, todos temos escolhas e podemos decidir qual caminho/essência seguir, porém, de todo jeito, teremos que enfrentar as consequências. No entanto, acima de tudo, o amor e a amizade são as “armas” mais poderosas em todos os nove mundos.

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Jornalista de coração. Leitora por vocação. Completamente apaixonada pelo universo dos livros, adoraria ser amiga da Jane Austen, desvendar símbolos com Robert Langdon, estudar em Hogwarts (e ser da Grifinória, é claro), ouvir histórias contadas pelo próprio Sidney Sheldon, conhecer Avalon e Camelot e experimentar a magia ao lado de Marion Zimmer Bradley, mas conheceu Mauricio de Sousa e Pedro Bandeira e não poderia ser mais realizada "literariamente". Ainda terá uma biblioteca em casa, tipo aquela de "A Bela e a Fera".

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