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João e Maria, de Neil Gaiman e Lorenzo Mattotti | Resenha

‘João e Maria’: Neil Gaiman e Lorenzo Mattotti dão um toque sombrio à história, um conto de fadas sem fadas

João e Maria, recentemente publicado pela editora Intrínseca, em uma tradução de uma obra que reuniu a habilidade do mestre Neil Gaiman com as ilustrações de Lorenzo Mattotti, foi, talvez, a obra mais difícil que já avaliei, até hoje.

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Imagino que a grande maioria saiba a clássica história de João e Maria – originalmente, Hanzel e Gretel -, dos Irmãos Grimm. Falando bem resumidamente – até mesmo porque é um conto, ou seja, é curto e se eu ficar falando a história, vou acabar contanto tudo aqui e não acho que seja uma boa ideia –, é o conto sobre os dois irmãos que são abandonados na floresta e acabam encontrando uma casa misteriosa que pode esconder um grande perigo para as crianças.

Mas, como eu já comentei com alguns amigos, a grande dificuldade em analisar esta obra está no fato de que se trata de um conto de fadas. E, tradicionalmente, contos de fadas são associados à crianças. Ou seja, livros infantis.

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Por isso, acredito que seria mais proveitoso se o autor escolhesse um dos lados: ou escreve a história de forma que seja indubitavelmente infantil – levando em consideração as palavras usadas e as imagens que evocar à criança – ou a desenvolve de maneira que adultos se interessem por ela – nesse caso, acho que seria bem mais proveitoso usar uma narrativa mais detalhada e, de fato, mais carregada. No entanto, esse livro parece ser uma tentativa de se adequar aos dois lados. E não sei se a mistura me agradou totalmente.

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As ilustrações – obras do desenhista e ilustrador italiano Lorenzo Mattotti -, por sua vez, também são sombrias – muito sombrias! -, todas em preto e branco e, em minha opinião com uma tendência para o trágico. São todas muito condizentes com a história e se intercalam com o texto a cada duas páginas.

Mas uma coisa é inquestionável: o trabalho da editora está excelente. Como de costume. As páginas estão lindamente trabalhadas, com margens decoradas muito bonitas. O tamanho da fonte está perfeito para a leitura, embora eu tenha achado o tamanho da margem bem exagerado – mas isso se encaixa nos padrões de livros infantis, e mediante a minha incerteza quanto à caracterização da faixa etária à qual o livro se destina, não acho que possa tecer elogios ou críticas. Mas, no todo, posso dizer que o livro está muito bem feito.

Infelizmente, não posso dizer que gostei do livro e que o recomendo fervorosamente. Mas eu não desgostei e tampouco condeno a leitura. Acho que só esperava algo diferente. Eu esperava mais.

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