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Bienal 2015: o romantismo de Carina Rissi

Em encontro com os leitores na Bienal do Livro 2015, Carina Rissi falou sobre o terceiro livro da série ‘Perdida’, Jane Austen e suas personagens fortes

Um mundo imaginário, no qual as personagens buscam o seu próprio lugar e estão sempre à frente de seu tempo. O príncipe encantado. Aquele homem perfeito, educado, gentil e inteligente que literalmente parece só existir nos livros. Não à toa, Carina Rissi é, hoje, um dos principais nomes da literatura juvenil brasileira. Com suas tramas repletas de romance, história e exemplos de uma narrativa bastante verdadeira, a autora reúne uma legião de fãs – sendo a maioria adolescente -, e alguns lotaram o auditório Madureira, no Riocentro, para o encontro que aconteceu na última quarta-feira (9), durante a Bienal do Livro 2015.

Livros da Carina Rissi no estande do Grupo Editorial Record/Foto: Vai Lendo
Livros da Carina Rissi no estande do Grupo Editorial Record/Foto: Vai Lendo

Acompanhada do marido – seu maior incentivador e que ela disse ser seu “príncipe encantado” -, Carina parecia ainda não ter a dimensão da sua influência naqueles jovens leitores que carregavam seus livros à espera de um autógrafo e a encheram de perguntas sobre suas obras, especialmente a série Perdida – publicada pela Verus Editora -, cujo terceiro volume, Destino – As Memórias Secretas do sr. Clarke, já está em pré-venda e ela prometeu ser “muito divertido e ter bastante romance”, é claro. Mostrando-se um pouco nervosa e, até mesmo, emocionada com a presença de tantos jovens, a escritora afirmou que não imaginava ter todo esse reconhecimento e admitiu que só decidiu mostrar o seu trabalho após muita insistência do marido.

“Meu marido é um príncipe, um homem à moda antiga”, derreteu-se. “Ele foi um dos primeiros a me incentivar a publicar. Eu comecei a escrever escondida e, quando terminei, ele leu e adorou. Eu não conhecia nada a respeito do mercado editorial, e foi ele que correu atrás disso para mim, que me ajudou. E, para falar a verdade, a ficha ainda  não caiu direito. É tudo muito recente. A minha primeira bienal foi em 2012, e eu fico muito emocionada com tudo isso. É um privilégio poder escrever para vocês. Eu me sinto honrada cada vez que alguém diz que leu meus livros e leu rápido. Agradeço de coração a presença de todos nesses eventos, por me acompanharem sempre. Eu não tinha a menor ideia de que me tornaria isso. Desde pequena, eu gosto de escrever, mas nunca pensei que chegaria a isso. O livro está presente na minha vida desde os meus seis anos. É uma paixão muito antiga. Então, é um susto olhar e ver que eu faço parte de todo esse universo e principalmente que tem gente aqui para me ouvir”.

Foto: Vai Lendo
Carina Rissi na Bienal do Livro Rio 2015/ Foto: Vai Lendo

Fã declarada da escritora Jane Austen, Carina tem como uma de suas principais características personagens femininas fortes e marcantes, cujas personalidades, ela explicou, são uma mistura de tudo aquilo que ela admira em outras mulheres. A autora disse também que o processo de criação dessas personagens é  natural e, que geralmente, eles já aparecem em sua mente, como, por exemplo, o mocinho Ian, paixonite de 10 entre 10 leitoras.

“As minhas heroínas carregam características que eu mais admiro nas mulheres maravilhosas que me cercam”, declarou. “Não tenho paciência com heroína ‘menininha’. Acho que esse é um traço da minha personalidade também. Faz mesmo diferença ter nascido menino ou menina para saber e poder fazer alguma coisa? Eu gosto delas assim, fortes, independentes,  correndo atrás daquilo que querem. Se derem com a cabeça, deram. Eu gosto de colocar falhas nas minhas heroínas, tipo medo e insegurança. Acho que torna tudo mais real. A vida é assim. Gente perfeita é chata. E meus personagens acabam aparecendo prontos, como o Ian. Ele já surgiu pronto, com nome e sobrenome. Foi a primeira vez que um personagem não me deu trabalho em nada. Ele tinha personalidade, atitude, nome…Ele é uma mistura de todos os mocinhos lindos da Jane Austen. Às vezes, eu vejo escritores dizendo que quem manda na história são eles. Mas acho que, quanto mais os personagens tomam a iniciativa, fica mais real para os leitores”.

Referência nacional do gênero romance histórico para os jovens brasileiros, Carina se disse uma apaixonada pelo século 19 e contou que a pesquisa para os seus livros é a sua parte favorita de todo o processo. Ela também comentou sobre a possibilidade de Perdida virar filme, para alegria da plateia, uma vez que a própria Carina confirmou que é também uma das co-roteiristas da adaptação. E garantiu que, tudo dando certo, o filme deve sair em 2017.

Pôster de 'Destinado', no estande do Grupo Editorial Record/Foto: Vai Lendo
Pôster de ‘Destinado’, no estande do Grupo Editorial Record/Foto: Vai Lendo

Sobre seus próximos livros, Carina anunciou muitas novidades para os leitores, além de Destinado: o quarto volume da série Perdida, previsto para 2016; A Mentira Perfeita, derivado de Procura-se Um Marido, com previsão de lançamento para março ou abril do ano que vem; a sequência do O Livro dos Vilões, com a história da Malvina; além de um romance que ainda não tem nome que, segundo a autora, é um “conto de fadas misturando com a cultura celta”, que se passa entre o século 12  e o tempo atual. A escritora, porém, declarou não pensar em escrever para o público infantil (disse ainda ter sentido bastante dificuldade em escrever o O Livro dos Vilões), e não descartou uma continuação para No Mundo da Luna.

Para os novos escritores, Carina ressaltou que o principal é correr atrás e não desistir, independentemente das dificuldades. E saber que ouvir as críticas e aceitar as rejeições.

“Você precisa de muito tempo e dedicação para finalmente terminar o livro”, afirmou. “Você vai ler e revisar até cansar, mas é necessário. O autor é o pior crítico. Eu sempre acho que os meus livros não estão bons. Sempre acho algo de errado. Tem que ser teimoso e persistente. Apesar de o mercado estar mais aberto, ainda é um pouco complicado chegar lá. Você vai ouvir muitos ‘nãos’, mas não pode se deixar desanimar. Porque a gente só precisa de um ‘sim’ para fazer a diferença. Acredite em você, porque, senão, ninguém vai acreditar. E escreva o que gosta. O mercado lá fora é um pouco diferente. É tudo intermediado pelo agente literário. Ele compra a sua história e tenta vender. Aqui é tudo meio que por nossa conta. Eu segui o caminho tradicional. Mandei para as editoras e esperei a resposta. O meu primeiro ‘não’, por exemplo, foi no dia do meu aniversário. Então, depois, publiquei de forma independente e investi tudo o que eu tinha e não tinha em divulgação. Mandei para os blogs, e acabou dando certo. O livro conseguiu chegar na mão dos leitores e fez um barulhinho. Mas eu só me senti escritora mesmo na Bienal, quando os leitores foram me ver. É difícil, mas não é impossível”.

Jornalista de coração. Leitora por vocação. Completamente apaixonada pelo universo dos livros, adoraria ser amiga da Jane Austen, desvendar símbolos com Robert Langdon, estudar em Hogwarts (e ser da Grifinória, é claro), ouvir histórias contadas pelo próprio Sidney Sheldon, conhecer Avalon e Camelot e experimentar a magia ao lado de Marion Zimmer Bradley, mas conheceu Mauricio de Sousa e Pedro Bandeira e não poderia ser mais realizada "literariamente". Ainda terá uma biblioteca em casa, tipo aquela de "A Bela e a Fera".

2 Comentários

  • Rayane

    Oi!! Adorei o texto! Vc lembra qual foi o livro q a Carina disse q aparece um personagem de outro livro? Eu tbm tava lá e lembro q ela falou isso mas não lembro a quais livros ela se referiu haha. Beijos!

    • Vai Lendo

      Oi, Rayane!

      Que bom que você gostou do texto! 🙂

      Olha, se não nos falha a memória, ela falou sobre um personagem de “Procura-se Um Marido” que iria retornar! Mas agora não temos certeza, hehe.

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