Especiais,  Leia Agatha Christie

Leia Agatha Christie – O Homem do Terno Marrom

Depois de experiências incríveis com alguns dos personagens mais marcantes da Dama do Crime, chegou a vez de me aventurar no primeiro livro de sua fase mais “romântica” no projeto Leia Agatha Christie, digamos assim, e sem os detetives que marcaram as outras obras. O Homem do Terno Marrom foi o quinto livro lançado por Agatha Christie, em 1924 (no mesmo ano também foi lançada a coletânea de contos Poirot Investiga, mas não consegui achar publicado aqui para incluir no projeto). E, bem, desta vez, preciso dizer que fui surpreendida negativamente.

Na trama, Anne é uma bela jovem que, após ficar órfã, decide dar um novo rumo à sua vida e partir em busca de aventuras. Para isso, ela vai até Londres e é justamente no metrô que Anne encontra o que procura, quando testemunha um sujeito magro, cheirando a naftalina, se desequilibrar e cair nos trilhos, morrendo eletrocutado. Indo contra a o veredito da própria Scotland Yard, Anne está certa de que a morte não foi acidental. E ficou ainda a dúvida sobre a identidade do misterioso homem do terno marrom que examinou o corpo e, depois, saiu correndo deixando para trás uma mensagem enigmática.

Estava com algumas expectativas em relação a este livro, justamente por ser o primeiro do meu projeto sem Poirot ou Tommy e Tuppence, por exemplo. Confesso que sinto falta deles nas narrativas (ainda não conheço Miss Marple e estou ansiosa por isso), mas queria saber como seria essa narrativa mais romântica da autora. Inicialmente, O Homem do Terno Marrom mostrou bastante potencial. Anne lembrava um pouco a essência de Tuppence. Destemida, ousada e, até mesmo, um pouco à frente de seu tempo. Até a metade do livro, o texto flui daquele jeito bem Agatha Christie: ágil e instigando a curiosidade do leitor. E só.

Eu não sei explicar o que acontece depois da metade que a coisa simplesmente desanda. A ponto de dar a impressão de nem ter sido escrito pela autora. Cadê aquele texto repleto de reviravoltas marcantes e personagens carismáticos que não nos deixe largar as páginas? Se alguém souber, por favor, me ajude a descobrir. Porque o que eu terminei de ler foi uma narrativa que conseguiu se transformar em algo bastante forçado e superficial. Os personagens simplesmente se perdem, especialmente Anne. Outros, então, nem dizem a que vieram. Pra completar, Anne acaba se envolvendo num romance arrebatador e que surgiu DO NADA. Não consegui sentir nem uma química entre ela e seu escolhido.

E me incomodou profundamente o teor machista e racista da trama. Eu sei que em obras como essa, escritas nesses períodos específicos, temos que levar em conta o contexto da época e a realidade. Mas O Homem do Terno Marrom foi demais. Não consegui levar nada disso em consideração. Os preconceitos foram simplesmente despejados no texto, de maneira absolutamente deliberada. Inclusive, da parte da própria protagonista da história. Um show de horrores e de misoginia.

O mistério, em si, não é ruim. Eu realmente estava empolgada com o livro pelo que a história começava a apresentar. Infelizmente, essa foi a minha primeira frustração com a autora. Mas nada que vá diminuir o meu ânimo com as próximas leituras, muito menos a minha admiração por ela. Vamos em frente!

Numa escala de 1 a 5 Poirotzinhos para O Homem do Terno Marrom:

 

 

 

Título: O Homem do Terno Marrom|Autora: Agatha Christie|Tradutora: Petrucia Finkler|Editora: L&PM|Páginas: 272

LEIA TAMBÉM:

Projeto Leia Agatha Christie – Entrevista

O Misterioso Caso de Styles

O Adversário Secreto

Assassinato no Campo de Golfe

Jornalista de coração. Leitora por vocação. Completamente apaixonada pelo universo dos livros, adoraria ser amiga da Jane Austen, desvendar símbolos com Robert Langdon, estudar em Hogwarts (e ser da Grifinória, é claro), ouvir histórias contadas pelo próprio Sidney Sheldon, conhecer Avalon e Camelot e experimentar a magia ao lado de Marion Zimmer Bradley, mas conheceu Mauricio de Sousa e Pedro Bandeira e não poderia ser mais realizada "literariamente". Ainda terá uma biblioteca em casa, tipo aquela de "A Bela e a Fera".

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *