Clássicos Sem Medo,  Especiais

Clássicos Sem Medo #4 | Meu Pé de Laranja Lima

Eu ando numa fase bem ressaca literária (vocês deviam ver a quantidade de livros começados que está fazendo pilha na minha mesa de cabeceira) .Então, resolvi pegar um dos meus clássicos mais curtinhos da lista para conseguir dar conta de trazer mais um post do projeto Clássicos Sem Medo.

O escolhido é o clássico nacional Meu Pé de Laranja Lima, de José Mauro de Vasconcelos, cuja primeira edição é do ano de 1968.

SINOPSE

Zezé é um dos mais novos entre seus irmãos e, aos cinco anos, é dono de uma imaginação e inteligência incomparáveis, capazes de criar um mundo de fantasia que o protege das duras realidades do seu mundo. A vida da família não está muito bem. O pai anda desempregado, de modo que sua mãe e irmã mais velha precisam trabalhar na fábrica para conseguir colocar comida na mesa. Devido à falta de pagamento do aluguel, eles precisam se mudar e é nessa nova casa que Zezé conhece seu novo confidente: um pézinho de laranja-lima, a quem conta todas as suas aventuras e tristezas. Zezé é um menininho precoce,a quem vida ensinou tudo cedo demais.

A ingenuidade da infância está de todo perdida, no precoce aprendizado da dor e da saudade.

O QUE EU ACHEI?!

Olha, está difícil colocar em palavras todos os sentimentos que me assolaram durante esta leitura. Senti meu coração ficar pequenininho lendo as aventuras da vida desse ser ainda tão pequeno, mas que tanto a vida castigou.

Os abusos verbais e físicos aqui narrados com tanta naturalidade, como se todas as surras e xingamentos fossem comuns, faz a gente querer pegar esse personagem e colocar no colo e dizer que não, ele não é mau, ele não merece aquilo só porque foi levado, ele não merece ser tratado daquele jeito só por ser uma criança fazendo travessuras.

Ver Zezé ser destratado e ansiar tanto por amor e ternura foi bem difícil. Ver sua amizade crescendo com sua professora, com Ariovaldo e principalmente com o Portuga nos faz entender como ele é carente de afeto e o quão longe ele poderia ir, se tivesse o apoio necessário para crescer feliz.

Apesar do tema um pouco mais pesado, o livro é uma leitura gostosa. Você mal consegue ver as páginas passando e, quando percebe, já chegou no final e não quer abandonar esse personagem que se tornou o dono absoluto do seu coração.

CURIOSIDADES E AMBIENTAÇÃO

Esse clássico verde e amarelo já foi publicado em toda a América Latina, Europa, Japão, Coréia, China, Turquia e Tailândia e vem fazendo sucesso desde o seu lançamento, em 1968.

A obra nos traz um ar meio autobiográfico, com o nome do protagonista sendo o mesmo do autor – Zezé é um apelido comum para José -, e tanto o escritor como o personagem tem o sobrenome “de Vasconcelos”.

Glória deu o nome de Papai. Quando chegou o nome de Mamãe ela falou só: Estefânia de Vasconcelos. Eu não aguentei e soltei a minha correção.

– Estefânia Pinagé de Vasconcelos.

O autor possui muitas similaridades com seu personagem, além do nome, o que nos faz pensar ainda mais que ele está, de certa forma, contando sobre a sua infância. Algumas dessas semelhanças são: família grande (o autor cresceu em uma família com onze filhos), aprenderam a ler sozinhos e moravam em Bangu.

José Mauro de Vasconcelos teve várias profissões: foi pescador, professor, modelo, bailarino, garçom e ator de cinema, teatro e televisão, mas sempre dizia que “a literatura é a arte mais difícil, porque a palavra tem que dar ao todo as cores e as nuanças da pintura, o som e a harmonia da música, o movimento. Escrever é a maneira que encontrei para transmitir minhas vivências, o bem e o mal, e um sentimento que anda muito esquecido: a ternura. E a vida sem ternura não vale nada”.

TERMÔMETRO DO CLÁSSICO

 

 

 

 

Título: Meu Pé de Laranja Lima Autor: José Mauro de Vasconcelos | Editora: Melhoramentos | Páginas: 232

Provavelmente a estranha no ninho do grupo. Menina de exatas no meio da galera de humanas. Uma completa apaixonada por livros que precisa urgentemente diminuir a quantidade de livros que ficaram encalhados na estante.

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