Resenhas

Para Toda a Eternidade, de Caitlin Doughty | Resenha

Para Toda a Eternidade, de Caitlin Doughty | Resenha

‘Para Toda a Eternidade’: uma leitura transformadora sobre a morte

Morte. Luto. Por que é tão difícil lidar com o fim da vida? Falar sobre o assunto ainda é um tabu, principalmente na cultura ocidental. Mas, por ser inevitável, este debate não deveria ser também algo natural? Em Para Toda a Eternidade, publicado pela DarkSide Books, a agente funerária e autora Caitlin Doughty convida o público para uma jornada global sobre como diferentes povos lidam com a morte, enquanto analisa o tema. Será que existe um jeito certo de se despedir das pessoas que você ama?

Para Toda a Eternidade narra a experiência de Caitlin em diferentes rituais fúnebres pelo mundo, como Indonésia, México, Espanha, Japão, Bolívia, além dos Estados Unidos – sua terra natal. Através dos relatos, o público conhece um pouco da cultura local, bem como a vivência da autora nestas viagens: suas observações e pensamentos. 

O livro busca desmistificar o tabu em torno da morte. Ao mesmo tempo prega o acolhimento, a solidariedade, o respeito ao luto.

Para Toda a Eternidade, de Caitlin Doughty Sumário

Experiência ao ler Para Toda a Eternidade

A morte é um tema incômodo para mim, como acredito que seja para muitas pessoas.  Entretanto, confesso que também tenho um certo fascínio e curiosidade. Afinal, sempre me questionei se não deveria lidar com naturalidade sobre o assunto. Quando li na sinopse de Para Toda a Eternidade e identifiquei esta reflexão no livro, fui fisgado imediatamente. 

Caitlin Doughty é uma autora que já estava no meu radar desde que li a resenha da Carol Defanti do livro Confissões do Crematório. Na época, acabei não conseguindo conhecer o seu trabalho. Entretanto, quando me deparei com o nome de Doughty em Para Toda a Eternidade, não pensei duas vezes e comprei a publicação.

O livro nem era a minha próxima leitura, mas, quando o exemplar chegou em minhas mãos e li o texto “Por Lutos Mais Saudáveis” – prefácio à edição brasileira escrito pela empreendedora fúnebre Gisela Adissi -, fiquei fascinado. Quando me deparei, comecei a desbravar os relatos de Caitlin pelo mundo e as curiosidades das diferentes culturas. 

No fim, quebrei preconceitos (como o homem, na Indonésia, que limpa e veste o corpo mumificado de seu avô, que mora na casa da família há dois anos), passei a respeitar mais outros rituais e a entender melhor a morte e os seus diferentes processos.

O assunto ainda não deixou de ser um completo tabu, mas já vejo com mais naturalidade.

Texto leve, mas com todo o respeito

A escrita de Caitlin é objetiva e envolvente. Desde a primeira página, fiquei completamente instigado pelos seus relatos. Ela traz uma leveza sobre a morte, um assunto essencialmente mórbido e mal resolvido na nossa cultura, mas sem faltar ao respeito em nenhum momento. 

A leitura é bastante fluída.  Um relato seguido por outro. Um aprendizado sobre como culturas distintas lidam com a morte. Quando nos damos conta, o livro acabou e nos transformou.

Edição brasileira

A edição brasileira de Para Toda a Eternidade é de uma beleza de saltar os olhos. Capa dura, pintura trilateral, fitilho. Impecável! Aliado às ilustrações de Landis Blair, o conjunto da publicação é magnífico e faz jus ao excelente conteúdo apresentado. Não é apenas um livro para enfeitar a estante.

Uma leitura transformadora 

É impossível terminar a leitura de Para Toda a Eternidade vendo a morte da mesma maneira. Os relatos de são de uma riqueza cultural absurda. Os nossos mortos são a base da nossa história. Não só passei a entender e a pensar o assunto por um outro ângulo, como a respeitar outras culturas e seus rituais. Virei fã da autora. Sem dúvidas, uma leitura transformadora.

Título: Para Toda a Eternidade | Autora: Caitlin Doughty | Tradutora: Regiane Winarski  | Editora: DarkSide Books | Páginas: 224

Apaixonado por histórias, tramas e personagens. É o tipo de leitor que fica obsessivamente tentando adivinhar o que vai acontecer, porém gosta de ser surpreendido. Independente do gênero, dispensando apenas os romances melosos, prefere os livros digitais aos impressos, pois, assim, ele pode carregar para qualquer lugar.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *