Os Manuscritos Perdidos
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Conheça Os Manuscritos Perdidos, de Charlotte Brontë | Especial Irmãs Brontë

Quando uma escritora clássica se torna um marco da história da literatura, muitas pessoas começam a estudar o seu estilo de escrita, de desenvolvimento de narrativa e personagens. Além disso, sua vida gera curiosidade. No caso de Charlotte Brontë, não foi diferente. Assim, qualquer nova descoberta tanto sobre a sua obra quanto a sua vida revela um novo mundo de possibilidade de análises. Em 2016, a Sociedade Brontë, da qual Judi Dench (sim, a maravilhosa atriz) é presidente, conseguiu adquirir um novo manuscrito da juvenília de Charlotte, após ele ter feito uma longa viagem pelo mundo. E, no livro Os Manuscritos Perdidos, publicado pela Faro Editorial, conseguimos saber mais sobre ele e sobre essa escritora incrível.

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Os Manuscritos Perdidos

O livro é dividido em cinco estudos. O primeiro deles, escrito por Ann Disdale, fala sobre a história brontiana do percurso do livro onde os manuscritos foram encontrados. A mãe de Charlotte, Maria, tinha poucos pertences e, entre eles, estava o exemplar de The Remains of Henry Kirke. Na mudança para um novo lar, inclusive, o baú aonde estava o livro sobreviveu a um naufrágio. Esse livro realmente era para pertencer à família Brontë.

“Desse modo, os livros parecem sítios arqueológicos: as alterações realizadas por várias mãos são camadas de depósitos – os estratos deixando ainda outra camada de resíduos históricos com as atividades dos leitores e donos atuais. Os livros não tratam apenas de história: eles constituem e incorporam o próprio registro histórico vivo. É precisamente porque os livros têm esse poder de encapsular o passado que servem como lembrança da efemeridade do presente. Todo ‘livro velho’ é um memento mori, que sobrevive aos seus donos, lembrando-nos de que somos apenas os curadores temporários das histórias que seguramos nas mãos.”

Por sua vez, o segundo estudo desenvolvido, de autoria de Barbara Heritage, nos introduz a quem foi Henry Kirke e como a sua poesia marcou a literatura inglesa. O próximo, de Emma Butcher, já nos apresenta os manuscritos encontrados dentro do exemplar da mãe de Charlotte. Ele é um claro exemplo da sua escrita de juvenília, quando se aventurava na Cidade de Cristal e em Angria, reinos inventados na infância com seu irmão Branwell, e com personagens de caráter duvidoso e aventureiros.

Os Manuscritos Perdidos

É justamente sobre essa criatividade da juventude de Charlotte que Sarah E. Maier discute no penúltimo estudo do livro. Nele, ela lembra da coragem da autora em falar sobre homens, violência e crenças em um momento no qual as mulheres que conseguiam escrever – que já não eram muitas – não se arriscavam para além do romance. Por fim, Ann-Marie Richardson desenvolve a possível influência que o Remains, de Kirke, possa ter em O Morro dos Ventos Uivantes, de Emily Brontë.

Veredito…

Os Manuscritos Perdidos é um livro especial, feito sob medida para aqueles que buscam um pouco mais do que as obras da família Brontë, em especial Charlotte, e perfeito para os estudiosos de literatura inglesa. Para mim, foi uma leitura que me tirou da zona de conforto, cheia de informações incríveis e inéditas, e fez crescer minha admiração pela autora de Jane Eyre. Espero que faça o mesmo por vocês.

Especial Irmãs Brontë

Apaixonada por música, cinema, séries e literatura, história mundial e andar de bicicleta. Sonha em ter muitos carimbos em seu passaporte, mas por enquanto escreve sobre o que leu, viu e gostou no Anatomia Pop.

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