Resenhas

Quase Rivais, de J. Sterling | Resenha

‘Quase Rivais’:  aquele clichê bem gostosinho

Uma rixa familiar passada para gerações. Duas famílias que se odeiam. Um amor impossível que surge no meio dessa disputa. Parece familiar? A verdade é que a célebre história de Romeu e Julieta, de William Shakespeare, serve de inspiração para muitas narrativas, como, por exemplo, Quase Rivais, de J. Sterling, publicado pela Faro Editorial. Desta vez, com um toque suave e refinado de vinho.

Na trama, James e Julia se esforçam para fingir que não sentem nada um pelo outro, ainda que seus olhos (e corpos) claramente digam o contrário. Não ajuda o fato de serem vizinhos e compartilharem da mesma profissão, uma vez que ambos administram as vinícolas de suas respectivas famílias e são responsáveis pela criação de novos rótulos e sabores de vinhos. Na verdade, a combinação não poderia ser melhor, se não fosse o fato de que seus pais se odeiam. São rivais há gerações. O problema é que, quanto mais tentam resistir, mais forte fica o que sentem um pelo outro. Será que eles vão resistir e dar fim a uma disputa familiar de anos?

 

Trama leve e divertida

Por mais batida que seja a premissa, Quase Rivais traz um frescor, uma leveza que dá fluidez à leitura. De uma maneira totalmente despretensiosa, J. Sterling nos apresenta aquele clichê bem do jeitinho que a gente gosta. Protagonistas divertidos, coadjuvantes carismáticos, um romance excitante e muita química. Que atire um livro quem não gosta de uma boa dose de paixão mal resolvida! De um casal que aparentemente se odeia para tentar ignorar que, na verdade, aquilo ali é um baita de um amor reprimido?

 

Uma coisa que eu achei interessante em Quase Rivais é que desconstrói um pouco aquela máxima (insuportável) de que geralmente são as personagens femininas que sofrem por amor, pelas suas inseguranças e incertezas e o medo de um coração partido. Julia é determinada e dotada de personalidade forte. Sim, ela é louca por James, mas faz de tudo para controlar o desejo e principalmente não deixar seus sentimentos transparecerem por lealdade à família. Já James, por outro lado, é completamente alucinado por Julia, não tem medo de demonstrar, mas sofre as consequências de, sim, já ter tido o coração partido. Ele chega a ser quase ingênuo e imaturo, em alguns momentos. Quase como se não tivesse saído da adolescência ainda. De certa forma, em algumas partes, chega a ser fofa a sua devoção à Julia. E, claro, os dois possuem melhores amigos que felizmente parecem ter um grau mais elevado de sensatez e de maturidade (Jeanine um pouco mais do que Dane) e servem como vozes de suas consciências.

O amor vence

Quase Rivais não traz maiores reviravoltas nem um desenvolvimento elaborado da narrativa, mas o texto de J. Sterling consegue prender. E os capítulos curtos tornam a leitura rápida e objetiva. E bem gostosa, na verdade. A excitação do amor proibido, a rivalidade, a briga das famílias e sua relação com os vinhos (aliás, eu gostei bastante dessa parte, e olha que nem bebo vinho!). Tudo isso deu um tom diferente e divertido à trama. James e Julia mostram que o mais importante é sermos nós mesmos e lutarmos pelo que queremos. Pela nossa felicidade. O amor vence qualquer disputa, principalmente aquelas que não fazem mais sentido. E principalmente quando nos obrigam a mentir para o nosso próprio coração.

Título: Quase Rivais | Autor: J. Sterling | Tradutor:  Ricardo Lelis | Editora: Faro Editorial | Páginas: 160

Jornalista de coração. Leitora por vocação. Completamente apaixonada pelo universo dos livros, adoraria ser amiga da Jane Austen, desvendar símbolos com Robert Langdon, estudar em Hogwarts (e ser da Grifinória, é claro), ouvir histórias contadas pelo próprio Sidney Sheldon, conhecer Avalon e Camelot e experimentar a magia ao lado de Marion Zimmer Bradley, mas conheceu Mauricio de Sousa e Pedro Bandeira e não poderia ser mais realizada "literariamente". Ainda terá uma biblioteca em casa, tipo aquela de "A Bela e a Fera".

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