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Matéria Escura, de Blake Crouch | Resenha 

“Você é feliz com a vida que tem?”. Essa é a pergunta central do livro Matéria Escura, de Blake Crouch, publicado pela editora Intrínseca. Uma ficção científica que vai explorar as múltiplas possibilidades do Universo, capaz de agradar até mesmo quem não é fã do gênero. Uma trama altamente viciante, repleta de ação, surpresas e reflexões sobre as nossas escolhas.

Raptado por um homem mascarado, Jason Dessen é deixado inconsciente e, quando acorda, descobre estar em um novo mundo, onde leva outra vida. Sua esposa não é sua esposa, seu filho nunca nasceu e, em vez de professor em uma universidade mediana, ele é um gênio da física quântica que conseguiu um feito impossível. O que será que está acontecendo? Como voltar para a sua família? Será que tudo o que Jason viveu até o momento foi uma mentira? 

Matéria Escura é uma leitura acelerada. Linguagem objetiva. Parágrafos curtos. Muitos diálogos. Ação. O ritmo é surpreendente! Começa frenético, dá uma desacelerada para as explicações físicas (necessárias, claro, porque essas teorias são bem complexas) e termina com velocidade total. Não dá nem para respirar. Largar o livro. Voltar para a vida. Sério, minha rotina deu uma estagnada enquanto não terminei a leitura. 

A trama é narrada em sua maioria na primeira pessoa, possibilitando ao leitor mergulhar na mente de Jason e na experiência, a princípio, insana pela qual o personagem está vivendo. A escolha não poderia ser mais apropriada para a proposta do livro. Entretanto, em alguns curtos capítulos, a narração aparenta ser em terceira pessoa. Algo estranho, que me deixou intrigado, porém, no fim, faz todo o sentido. Mais um ingrediente de Matéria Escura para tirar o público da zona de conforto e deixá-lo em um estado de confusão. Adorei. 

 

A obra de Blake Crouch é aquela típica publicação que cativa por deixar o leitor sem nenhum controle sobre a narrativa. Mistérios do começo ao fim. Minha expectativa estava bem alta, até pela repercussão do livro. No entanto, o primeiro segredo me pareceu meio óbvio e isso me deu uma esfriada, apesar de está adorando Matéria Escura. Como já falei em outras resenhas, gosto de ser surpreendido. 

Ao longo da leitura, outros mistérios e algumas cenas surpreendentes foram me cativando novamente, mas fiquei realmente perplexo quando a minha desconfiança (que eu achava que seria o grand finale) se concretizou no meio da obra, por uma razão que eu não tinha imaginado até começar a ler o capítulo. Pronto! Fiquei em êxtase com Matéria Escura. Do meio para o fim, adrenalina a mil. Surpresas. Ação. Fiquei completamente arrebatado pelo livro.

 

Não sou grande fã do gênero ficção científica. Não me sinto à vontade em histórias que permeiam o mundo dos laboratórios, teorias e experimentos. Sou de humanas. Não é a minha praia. Prefiro tramas que falam exclusivamente das relações interpessoais, do indivíduo. Porém, refletindo após a leitura de Matéria Escura, me questionei muito sobre o meu bloqueio. Afinal, por trás das pesquisas científicas, há, sim, o questionamento humano, conflitos a serem solucionados. Como eu poderia não me apaixonar? Talvez, meu maior obstáculo seja a linguagem. Pela minha dificuldade, eu preciso de um autor que saiba tornar mais palpáveis as teorias e transformá-las em algo envolvente, de fácil compreensão, e Blake Crouch conseguiu. Virei fã.

Matéria Escura abriu os meus horizontes. Tanto para questões sobre o universo quanto para a ficção científica. Mesmo tendo uma temática macro, a obra de Blake Crouch se mostrou bastante intimista, debatendo questões humanas, como o amor pela família e o peso das nossas escolhas. Uma trama reflexiva de ritmo alucinante. Uma combinação fantástica.

Título: Matéria Escura | Autor: Blake Crouch | Tradutor: Alexandre Raposo |Editora: Intrínseca | Páginas: 352

Apaixonado por histórias, tramas e personagens. É o tipo de leitor que fica obsessivamente tentando adivinhar o que vai acontecer, porém gosta de ser surpreendido. Independente do gênero, dispensando apenas os romances melosos, prefere os livros digitais aos impressos, pois, assim, ele pode carregar para qualquer lugar.

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