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Reflexões Literárias

O mercado editorial na quarentena: como fica o mundo dos livros durante a crise?

Se você está aqui no Vai Lendo, as chances de você gostar de livros é bem alta, certo? Óbvio. Então, durante este momento de isolamento social e quarentena, a leitura pode ser a atividade ideal para ajudar a passar o tempo. Você já deve ter, pelo menos, começado a ler algum livro que estava pela sua estante, parado, pegando poeira, esperando a correria do dia-a-dia acalmar. Sendo uma atividade tão essencial para esse momento e para o seu gosto, eu fico me perguntando como está a indústria literária no meio de mais esta crise. Afinal, não temos feito nossas visitas às livrarias como antes e as chances de você estar economizando com medo da economia do futuro próximo são bem altas.

O mercado editorial na era pré-corona

Pois bem, primeiramente, é necessário ressaltar que o mercado editorial já enfrentava uma crise própria anterior à pandemia. No final da última década, grandes redes de livrarias enfrentaram problemas financeiros gigantescos – com direito à recuperação judicial e tudo mais – que desenrolavam um efeito bola-de-neve para os outros profissionais da área. Funcionava resumidamente da seguinte forma: as grandes redes pegavam os livros por consignação, os vendiam, mas não pagavam às editoras no período certo ou demoravam a prestar contas para elas e, assim, estas ficavam dependentes da dívida e com menos capital para investir em novos lançamentos.

Sob essa ótica, a codependência entre as instituições do setor piorava com o fato dessas grandes redes representarem um alto percentual no gráfico de compras de livros. Esse fato ainda se soma com a facilidade da compra online, seja dessas redes, seja da Amazon, aparentemente prejudicando as pequenas e médias livrarias e sebos. Ou seja, por um lado, as editoras se encontram presas numa teia, por outro, as livrarias e sebos físicos se veem sem clientes.

Vixi, o covid chegou

O início de 2020 mostrou uma pequena melhora na venda de livros no país, deixando o mercado editorial esperançoso para se recuperar de sua crise. No entanto, com a chegada da pandemia no Brasil, várias áreas da economia se viram prejudicadas ou com medo do que se reserva aos seus negócios, após o período da quarentena. O mercado editorial, assim como outros setores, está tomando conta atentamente de cada passo de sua produção e repensando estratégias para sobreviver a esse período conturbado.

Várias editoras foram questionadas sobre a capacidade de abastecimento das livrarias por causa da importação dos livros impressos na China. Com um parque gráfico mais barato que o nacional, a China é o destino de impressão de muitos livros brasileiros, com destaque para a literatura infantil. A preocupação reside no fato de que as importações via mar do país asiático têm andado instáveis e sobrecarregadas por causa do coronavírus, além de coincidir com o Ano Novo Chinês, quando as atividades no país param para a celebração. Ainda assim, as editoras afirmam não estarem preocupadas de imediato. Cabe, contudo, uma análise pós-feriado para ter certeza sobre a chegada de novas remessas.

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Para driblar a crise

Muitas atitudes têm sido tomadas para ajudar o setor a continuar suas vendas. Uma delas, realizada pelo site As Desqualificadas foi mapear as livrarias que estão fazendo entregas pelo Brasil. Inclusive, é colaborativo e você pode adicionar sua livraria de bairro nela. Outra medida foi feita pelo Sindicato Nacional de Editores de Livros (SNEL), que adicionou no seu site uma área com ajuda de questões legais para o setor nesses tempos de crise.

Não paramos por aí. O senador Jean Paul Prates formulou um projeto de lei que incentiva instituições financeiras a abrir linhas de créditos específicas para o setor editorial, além de repensar o valor do envio de livros pelos correios. Agora é torcer para passar.

Todas essas informações foram retiradas do PublishNews, portal de notícias sobre o mercado editorial. O próprio site firmou uma parceria com o serviço de entregas Rappi, na qual livrarias e editoras terão seu cadastro facilitado no aplicativo, além de uma taxa de comissão menor no primeiro mês de vendas.

Esperando o melhor

Embora muitas ideias criativas estejam sendo colocadas em prática, a crise ainda assusta quem trabalha no ramo. A venda de livros voltará a subir? As editoras lançarão a mesma quantidade de novidades por mês? As grandes livrarias conseguirão se reerguer com esse segundo baque? E as pequenas? Conseguirão sobreviver? Muitas dessas perguntas permanecerão sem respostas por um bom tempo. Contudo, nós, leitores vorazes, amantes de livros, continuamos esperando que tudo se resolva da melhor forma possível, que muitas histórias ainda cheguem nas nossas mãos e que todas as livrarias permaneçam do seu jeitinho e abertas. Quiçá, maiores. Nos resta esperar o melhor.

Apaixonada por música, cinema, séries e literatura, história mundial e andar de bicicleta. Sonha em ter muitos carimbos em seu passaporte, mas por enquanto escreve sobre o que leu, viu e gostou no Anatomia Pop.

2 Comentários

  • Durval Henrique

    Só nos resta esperar o melhor…
    Parodiando George Orwell, que haja uma Revolução dos Livros… Que eles possam, como virus, invadir nossas casas… nossas estantes vazias… nossos corações e mentes.

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