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Live Arqueiro: Jenny Colgan

Perdeu a live com Jenny Colgan? Veja aqui um resumo dos principais tópicos

Reprodução Instagram

 

Sabe aquela pessoa que é a personificação da expressão “queria guardar num potinho”? Leve, bem humorada, simpática, simples e natural. Exatamente como os livros que escreve e que aquecem o nosso coração. Assim é a autora Jenny Colgan, autora de A Pequena Livraria dos Sonhos e A Padaria dos Finais Felizes, que participou da live da editora Arqueiro, nesta segunda (27).

Perdeu a live? Não se preocupe que a gente separou aqui os principais tópicos abordados pela escritora:

Ficção x realidade

Em tempos de quarentena, Jenny afirmou se sentir grata e sortuda pelo lugar onde vive, porém, confirmou que é difícil conseguir se concentrar para escrever.

“Nós temos um jardim aqui”, explicou. “Sinto que, se você tem um jardim, não pode reclamar. As crianças podem ir lá para fora, e está fazendo um tempo bom. Eu tenho lido, mas escrever tem sido mais difícil. A parte do seu cérebro que você precisa acionar para escrever é a mesma que está preocupada, então é realmente mais difícil, mas estou conseguindo aos poucos”.

Ainda que a realidade esteja um pouco sombria e assustadora, Jenny sempre soube tirar do ambiente as ideias e inspirações para as suas histórias. Especialmente no que diz respeito à simplicidade da vida.

“Quando eu trabalhei na cidade, eu queria ter uma vida mais simples”, afirmou. “Eu queria escrever sobre isso, então eu sempre escrevo sobre isso nos meus livros. O engraçado é que agora todo mundo meio que está levando essa vida. Sobre as histórias A Pequena Livraria dos Sonhos e A Padaria dos Finais Felizes, eu li algo sobre uma biblioteca num ônibus, em algum lugar no Canadá, então achei muito romântico. Eu queria escrever sobre isso. A outra coisa é que, quando eu tive filho, nós morávamos na França e, lá, todo mundo cozinhava e falava sobre comida. Então eu comecei a me interessar mais por comida. É daí que vem a Polly. Mas, fora do Brasil, eu tenho mais de 30 livros lançados. Não dá pra colocar todo mundo que eu conheço nos livros. Eu penso em tipos de pessoas, tímidas, mais fortes. Baseio meus personagens em tipos ou em autores que estou curtindo no momento”.

Narrativas e crossover

Em suas obras, Jenny frequentemente escreve sobre mudanças de vida. Aquele momento derradeiro que causa uma reviravolta em seus personagens. De acordo com ela, mudanças são importantes e intrínsecas ao ser humano, tornando-o cada vez mais interessante.

“O meu marido é marinheiro, a gente viaja muito, se muda muito”, contou. “Eu gosto muito de mudança porque é sempre uma coisa positiva, sempre muda para algo diferente. Eu me interesso muito pelos aspectos das mudanças. Conforme eu vou envelhecendo, escrevo sobre a dinâmica familiar, sobre as crianças… Sempre que alguém me pergunta de onde eu tiro inspiração eu peço ‘me fale um pouco sobre a sua família maluca’. Porque toda família é maluca, tem algo interessante. O ser humano é bizarro e eu acho incrível”.

Já sobre um possível crossover entre seus personagens e histórias, ela indicou ser mais complicado porque não quer que os leitores sejam obrigados a seguir uma ordem de livros e fiquem perdidos.

“É difícil (um crossover) porque eu quero que todo mundo que começou a ler os meus livros não se sinta perdido”, ressaltou. “Não quero que os leitores se preocupem com ordem de leitura, por exemplo. Não quero estabelecer uma certa ordem. Quero apenas que eles relaxem. Ocasionalmente uma personagem ou outra pode aparecer numa outra historia, mas só isso”.

Humor 

Se as mudanças e a leveza são presenças constantes em seus textos, o humor também não fica de fora. Isso porque a própria Jenny confirmou que não gosta de leituras muito carregadas.

“As pessoas são engraçadas”, apontou. “Não gosto de livros em que todos são muito sérios. Às vezes, eu preciso trabalhar no humor de forma consciente. Mas é muito normal alguma coisa ter esse tipo de personalidade, esse tom brincalhão. É algo muito tranquilo para mim, normal. Num dos meus livros antigos há uma cena numa fazenda e o veterinário está operando um animal. Eu achei que seria legal colocar uma operação numa cobra ou uma diálise numa galinha para dar uma leveza (riso). Não gosto de leituras muito carregadas”.

Escrita e desenhos

Para quem é fã dos livros de Jenny e não consegue imaginar a autora fazendo outra coisa, ela surpreendeu ao dizer que, antes de escrever, gostaria de ser cartunista.

“Eu sempre fui uma leitora”, confirmou. “Eu lia sempre, em todas as idades, então escrever seria o próximo passo. Mas eu já trabalhei em hospital, escritório. Só que não funcionou para mim. Eu queria ser cartunista. Amo desenhar e desenho o tempo todo, mas é muito difícil arrumar um emprego como cartunista. Eu me sinto sortuda em poder fazer isso, escrever, como meu o trabalho. Eu já tive vários desenhos rejeitados, mas o meu primeiro livro foi contratado muito rápido. E foi algo grande, na época. Saiu nos jornais. Eu não sabia nada sobre publicação, sobre esse mercado. Então, achei que isso seria algo normal de acontecer. Foi nos anos 90, eu ganhei muito dinheiro. Só mais tarde eu fui entender o quão sortuda eu fui e tenho sido por conseguir manter a minha carreira”.

Novo livro 

Assim como na live da Julia Quinn, o papo com Jenny Colgan também trouxe uma novidade para os leitores: a capa, o título e a previsão de lançamento de mais um livro da autora pela editora Arqueiro. A Adorável Loja de Chocolates de Paris tem previsão de lançamento para junho, e já estamos aguando, é claro.

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Por falar em lançamento, Jenny também adiantou algumas novidades sobre seu próximo livro, cuja inspiração veio exatamente do momento pelo qual o mundo está passando.

“Eu ainda não posso falar muito sobre o livro, mas deve sair na próxima primavera (outono aqui no Brasil)”, confirmou. “É sobre uma pequena comunidade passando por uma situação de lockdown. Não sei se as pessoas vão querer esquecer ou ler sobre isso porque todos estamos passamos por este momento. Mas vai ser muito bonitinho, com as pessoas lidando da melhor forma e sendo gentis”.

Solidariedade e literatura

Por falar em gentileza, Jenny exaltou a forma como seus vizinhos estão lidando com a quarentena, e exaltou a importância da literatura em períodos tão difíceis como uma forma de “escapar” da realidade.

“Eu moro numa pequena vila e todo mundo se preocupa com os outros”, informou. “Todos se uniram muito para termos a certeza de que os mais velhos tenham o que precisam, como compras, remédios. Daqui a um tempo, quando tudo voltar ao normal, vamos fazer uma festa (risos). Está tudo bem extravasar, todos estão precisando não pensar muito sobre o que está acontecendo. Eu acho que os livros são mais importantes do que nunca. Não são apenas uma distração. São também uma maneira de as pessoas se conectarem. Essa é a melhor forma de irmos a outro lugar, de vermos o mundo através do olhar de outra pessoa. Com tudo o que está acontecendo, que nos assusta e distrai, ler é uma forma de viajarmos sem sairmos do lugar. E de escaparmos um pouquinho da nossa realidade, que pode ser mais assustadora não só na pandemia”.

Dicas

Jenny também foi mais uma autora a compartilhar algumas dicas para aqueles que desejam começar uma carreira como escritores(as). Para ela, o mais importante é escrever e confiar em si mesmo(a).

“Tenha confiança em você mesmo(a)”, firmou. “Não tem diferença entre quem faz. Se você sabe ler e escrever, tem como fazer o seu primeiro livro. O primeiro rascunho não vai ser bom e, tudo bem, para isso servem os editores, os revisores. Você precisa escrever e terminar para, aí, sim, começar a mexer e torná-lo bom. Tenha confiança, mas você precisa sentar e escrever. Eu tenho uma contagem de 2.500 palavras antes de começar a fazer qualquer outra coisa no dia. É uma meta. Não precisa ser uma meta tão alta. É só para ter um progresso na escrita”.

Recado

Fofa que só ela, Jenny, com todo o seu humor e leveza, destacou o fato de, com o isolamento, as pessoas estarem conseguindo ser mais “presentes” com os seus.

“Quando você tira todos os elementos e consegue focar no que é mais importante, ter mais paz e tranquilidade e focar nas pessoas que ama, é o que importa”, concluiu. “Acho interessante que as crianças estejam felizes por os pais estarem em casa. Isso é importante. Ter esse tempo para cuidar da família. E, com certeza, mais livros porque sempre precisamos de mais livros. Como é difícil para mim é para vocês, e estou mandando muito amor para todos”.

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Jornalista de coração. Leitora por vocação. Completamente apaixonada pelo universo dos livros, adoraria ser amiga da Jane Austen, desvendar símbolos com Robert Langdon, estudar em Hogwarts (e ser da Grifinória, é claro), ouvir histórias contadas pelo próprio Sidney Sheldon, conhecer Avalon e Camelot e experimentar a magia ao lado de Marion Zimmer Bradley, mas conheceu Mauricio de Sousa e Pedro Bandeira e não poderia ser mais realizada "literariamente". Ainda terá uma biblioteca em casa, tipo aquela de "A Bela e a Fera".

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