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A Menina do Outro Lado, de Nagabe | Resenha

‘A Menina do Outro Lado’: uma grande promessa dramática e delicada

Já pelo título eu me interessei, mas, naturalmente, a história é muito diferente do que eu esperava.

É ainda melhor. Amei.

A Menina do Outro Lado é, na verdade, um mangá, escrito por Nagabe e publicado no Brasil pela DarkSide Books. E é lindo demais.

A história nos leva a um mundo dividido por um muro — literalmente. De um lado, estão as pessoas. Do outro,  os seres amaldiçoados. Na verdade, essa parte da história é meio nebulosa — acho que é o maior mistério de toda a história e o que nos faz continuar lendo —, pois não se sabe exatamente como essas criaturas surgiram e, de fato, nem o que elas são realmente.

O que se sabe é que elas não podem tocar nos outros ou eles são infectados — em primeira instância, parece que se trata de um tipo de doença ou uma maldição, mas algo me diz que é alguma coisa mais profunda do que isso.

E não é só. A história parece girar em torno dos dias de Shiva, uma garotinha que vive do lado de fora do muro junto com uma criatura meio animal e meio humana — um amaldiçoado — que ela chama de Sensei (de acordo com os meus parcos conhecimentos da língua japonesa, isso quer dizer “mestre” ou “professor”).

Se você está achando tudo isso muito esquisito e vago, ótimo! Neste caso, pode ler o mangá, tirar as suas próprias conclusões, descobrir que adorou a história e arrancar os cabelos para ler o volume seguinte.

Eu achei a história linda porque mostra como duas criaturas completamente diferentes conseguem se amar de uma forma muito simples e adorável. Mas, ao mesmo tempo, o leitor fica com o coração na mão, porque a todo instante os dois correm um grande risco.

Como eu meio que já deixei claro, esse primeiro volume deixa uma lacuna enorme para ser preenchida e não responde a quase nenhuma das perguntas que praticamente pipocam na cabeça do leitor. Mas isso não me fez perder o interesse. Muito pelo contrário. Eu estou ansiosíssima para ler o próximo volume e saber o que vai acontecer com esses dois amigos improváveis.

Pessoalmente, eu estou sentindo que alguma coisa trágica vai acontecer. Estou sentindo a energia. Vou preparar o meu coraçãozinho.

No que concerne à arte que forma a obra, eu achei bem diferente do que se vê comumente em mangás — na verdade, já vi mangás com diversos traços artísticos, mas eu me refiro ao estilo mais comum que se vê. Os traços são bem rústicos, e até um pouco sombrios, o que ajuda bastante a dar o tom de presságio ruim para a história — eu fiquei o tempo todo esperando que algo terrível acontecesse e não consegui deixar de imaginar uma trilha sonora bem melancólica por trás.

É uma história muito bonita.

Quanto ao trabalho da editora, eu não tenho absolutamente nada para reclamar. O material está beirando a perfeição. Um ótimo trabalho da DarkSide Books.

A Menina do Outro Lado não é bem uma história e, talvez, seja justamente isso o que prende o leitor — a esperança de que os personagens, que conseguem cativar facilmente, vão conseguir superar as dificuldades e viver em paz. E não foi apenas essa primeira parte da história criada por Nagabe que eu gostei: foi também a arte que ele criou. Estou bem ansiosa para ler o próximo.

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