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A Vida Compartilhada em uma Admirável Órbita Fechada, de Becky Chambers | Resenha

‘A Vida Compartilhada em uma Admirável Órbita Fechada’: Chambers acertou de novo

A Vida Compartilhada em uma Admirável Órbita Fechada, de Becky Chambers, é a continuação de A Longa Viagem a um Pequeno Planeta Hostil. E ambos foram publicados aqui no Brasil pela Darkside Books.

Este segundo livro é diretamente a continuação do primeiro, porque a história começa exatamente onde para a antecessora. Mas, para todos os efeitos, os livros são bem independentes. Naturalmente, quem leu o primeiro volume vai entender melhor alguns pormenores, mas quem não leu vai aproveitar essa segunda história também.

E que história! Eu li o primeiro volume e me apaixonei, li agora o segundo e estou declamando juras de amor para Chambers. E também me perguntando:

SERÁ QUE VAI TER UM TERCEIRO?

Bom, se tiver, já podem separar o meu.

O que Chambers faz nessa continuação é praticamente a mesma coisa que ela fez no primeiro. Ela nos faz mergulhar na vida dos seus personagens, que vivem nesse universo futurístico, interplanetário, detalhista e completamente fascinante que a autora criou com todo o cuidado.

Acho que, além das histórias em si, o que me faz amar tanto esses dois livros é justamente o quão imenso e completo Chambers conseguiu fazer esse universo. E eu leio justamente para conhecê-lo.

 

Mas, bem, AVCAO — assim como fiz na resenha do primeiro livro, abreviei esse também; depois de repetir esse textotítulo cinco vezes, rápido e sem parar, você vai abreviar também — nos conta a trajetória da IA Lovelace, depois de deixar a Andarilha, habitando um corpo humano artificial. E, em contrapartida ao futuro da Lovelace, temos o passado de Sálvia, que é quem acolhe a Lovelace e teve uma infância para lá de difícil — ela aparece um pouco no primeiro volume, mas quem leu com atenção vai se lembrar dela.

E novamente temos todo o drama das personagens em seu crescimento e suas provações. Também temos novos personagens — o Azul, um humano, e Tak, um aeluoniano que, por ser uma marca da espécie, muda de sexo várias vezes durante a narrativa.

E eu adoro justamente essa diversidade de espécies, adoro a forma como interagem e, principalmente, o fato de eles se misturarem mesmo — não existe o termo alienígena, porque todos são.

Enfim, o livro é ótimo. Quem gostou do primeiro, vai gostar desse também. E quem não leu o primeiro, uma advertência:

ISSO AQUI NÃO É STAR WARS, OKAY?! Sem sabres de luz e tiroteio intergaláctico.

Quanto ao trabalho da editora, está ótimo e seguindo perfeitamente o que foi feito no primeiro volume. Gostei.

Só tenho uma reclamação. Cara, qual é a necessidade de colocar esse título quilométrico? Quando me perguntavam o nome do livro, eu ficava até com vergonha de falar e, quando falava, praticamente todo mundo ficava desencorajado de tentar ler. Na folha de rosto do livro, tem o título original em inglês, que é A Closed and Common Orbit — traduzida ao pé da letra, seria algo como Uma Fechada Órbita em Comum. Daí me colocam o seguinte título: A Vida Compartilhada em uma Admirável Órbita Fechada. É a série de títulos enormes, é isso?

Eu não sei se foi a editora a responsável pela tradução ou se essa tradução já tinha sido decidida por outros. Só sei que a mim — e a todo mundo que me perguntou o nome do livro — não agradou.

A Vida Compartilhada em uma Admirável Órbita Fechada me deu exatamente o que eu queria: uma ótima história.

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