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Dança da Escuridão, de Marcus Barcelos | Resenha

‘Dança da Escuridão’: as respostas do ‘Horror na Colina de Darrington’

A origem de todo o mal finalmente é revelada! Depois de um desfecho aterrador, os fãs de Horror na Colina de Darrington irão conhecer a história por trás do intrigante Benjamin Simons, mais conhecido como Ben (ou Benny, para os mais chegados). Será que, com o passar dos anos, o mal já dominou o rapaz? Ou, no fundo, ainda existe um bom menino nele? Dança da Escuridão é uma continuação de tirar o fôlego, que ratifica todo o talento apresentado por Marcus Barcelos no primeiro livro, além de trazer respostas para alguns pontos que ficaram em aberto. Sem contar no trabalho editorial da Faro que, mais uma vez, salta aos olhos.

Ainda não leu Horror na Colina de Darrington? Pode parar por aqui. Por mais que as tramas sejam independentes, a leitura de Dança da Escuridão perde um pouco o sentido sem a primeira. Realmente, recomendo uma leitura cronológica.

Leia a resenha de ‘Horror na Colina de Darrington’, escrito por Carol Defanti

Dança da Escuridão retrata os acontecimentos 11 anos após todo o horror ocorrido em Darrington (com o perdão do aproveitamento de título). Em paralelo à fuga de Ben, o leitor acompanha alguns fatos, até então omitidos do primeiro livro, sobre a origem do rapaz. Essa volta ao passado é onde a narrativa ganha mais fôlego e, aliada à dualidade construída em torno do protagonista, é o que mais se destaca na obra. Assim como a publicação anterior, Dança da Escuridão tem um texto excelente. Ele é objetivo, ao mesmo tempo que consegue transmitir toda a tensão necessária. Também não há aquelas gorduras desnecessárias na trama, tornando a leitura muito mais fluida. Assim, nem preciso dizer que é um livro para ser devorado. Sem parcimônia.

Mesmo sendo narrado em primeira pessoa, as duas obras de Marcus Barcelos têm inserções de outros estilos de textos, como o jornalístico, cartas, um e-mail… Essa combinação dá uma agilidade incrível para a trama. Particularmente, curto muito, pois, mesmo sendo contado por um ponto de vista (do protagonista – aquele que sofre a ação), o leitor consegue acompanhar a trama, por exemplo, pela forma como a mídia local cobriu os fatos, amplificando, neste caso, a visão dos acontecimentos.

Horror na Colina de Darrington começa com uma pegada mais sobrenatural, mas, ao longo da narrativa, acaba enveredando mais para o suspense. Uma teoria da conspiração que, para ser sincero, não curto tanto, mas é bem feita. Dança da Escuridão acaba solidificando este viés, explorando o sobrenatural basicamente na dualidade do protagonista, nos seus conflitos internos. A sequência é uma leitura que se propõe a responder ao público questões sobre mistérios do passado, desconstruindo todo o suspense em torno de Ben.

Apesar de todo o engajamento criado, conforme os mistérios são revelados, o livro acaba expondo o seu ponto mais frágil: a previsibilidade. Em vários pontos, é possível desvendar o que vai acontecer, e isso me incomoda um pouco, principalmente nas tramas de suspense e de terror. O final de Dança da Escuridão também não consegue surpreender tanto como em Horror na Colina de Darrington, que é arrebatador. Quero deixar claro que essas críticas são muito pessoais, afinal, o que pode ser previsível para um, pode ser surpreendente para outro. O importante a se destacar é que o trabalho de Marcus Barcelos tem muita qualidade: além de ser bem escrito, tem uma narrativa muito bem estruturada, consolidando o nome do autor no gênero. Sem dúvida, já estou na fila para comprar o seu próximo livro.

Para quem curte terror, Horror na Colina de Darrington e Dança da Escuridão são leituras obrigatórias. A história de Ben é envolvente, cheia de reviravoltas, ação, suspense, e, como não poderia deixar de ser, bem sinistra. Como fã do gênero, fico muito feliz de a literatura nacional estar conquistando este espaço com muita qualidade, tanto em conteúdo quanto visualmente. Afinal, esses livros com as bordas pretas estão tocando o terror na estante!

Apaixonado por histórias, tramas e personagens. É o tipo de leitor que fica obsessivamente tentando adivinhar o que vai acontecer, porém gosta de ser surpreendido. Independente do gênero, dispensando apenas os romances melosos, prefere os livros digitais aos impressos, pois, assim, ele pode carregar para qualquer lugar.

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