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A Lucidez da Lenda, de Raul de Taunay | Resenha

‘A Lucidez da Lenda’: tinha tudo para ser um livro bom demais

Quando vi a premissa do livro A Lucidez da Lenda, fiquei bem empolgada com a história que o livro prometia e, principalmente, com a problemática que ele parecia ter como ponto central.

Uma disputa entre fé e tecnologias, tudo isso ambientado em um Brasil do futuro.

Para uma fã de ficção científica como eu, foi um convite que aceitei de bom grado.

Pois é… Me dei mal dessa vez.

O pior é que o livro meio que é o que a premissa sugere. Então, eu mesma não sei bem o que foi que deu errado. Mas o fato é que eu achei o livro incrivelmente chato — sinceramente, mais de uma vez eu quis abandonar.

Talvez, o problema seja comigo.

De qualquer forma, permita-me apresentar o livro A Lucidez da Lenda, de Raul de Taunay, publicado pela editora Pandorga.

A trama se passa em 2050, no Brasil — pelo menos, na maior parte do tempo. De um lado, temos Antônia dos Anjos, uma jovem bela e pura — pura até demais —, que tem uma vida pacata na cidade amazonense São Bento da Ribanceira — ou seja, no meio do mato. Antônia é pacífica e completamente perfeita.

Do outro lado, temos Jack Stealler — chamado de Gorila pelos amigos e pelos inimigos também —, um poderosíssimo magnata americano, que acredita que apenas o dinheiro e a violência podem gerar algum bom resultado no andar do mundo. E, naturalmente, ele não se contenta com todo o poder e dinheiro que tem. Ele quer mais. Ele quer expandir seu poder e conquistar o hemisfério sul.

Ele quer a Amazônia.

Isso é mais do que o suficiente para dar treta.

Está vendo? A premissa é boa para caramba! Então, eu fui morrendo de sede ao pote.

Mas o problema foi a execução. A história promete uma coisa muito maneira, críticas e reflexões muito boas. Mas a trama em si não é interessante e não tem a menor emoção. A narrativa é lenta e, por vezes, densa demais. As cenas que deveriam ser estendidas, justamente para deixar a história mais bacana e movimentada, são curtas demais.

Os personagens não conseguiram me cativar — sequer o vilão, e olha que eu gosto de vilões. Na verdade, eu os achei muito estereotipados. A mocinha é perfeita demais e, na verdade, o vilão também — quero dizer, para o padrão dos vilões.

Entretanto, o livro tem pontos positivos. Um deles é o fato de trazer para os leitores um cenário nacional e elementos da cultura brasileira. E eu também gostei da forma bem realista com que o autor pintou o futuro — não ficou exagerado e cheio de tecnologias bisonhas. Na verdade, eu consigo imaginar a situação política e econômica que o autor tentou passar.

É um bom livro para fazer o leitor pensar.

Mas ele peca na hora de manter o leitor interessado e esse, na minha opinião, é um dos maiores erros que um autor pode cometer. Afinal, se o leitor não ficar interessado, o livro se tornará apenas um martírio e, definitivamente, não é esse o objetivo da leitura. Quanto ao trabalho da editora, não vi nada de errado.

Apesar de não ser uma das leituras mais fáceis — nem das mais emocionantes —, A Lucidez da Lenda traz, sim, algumas questões e reflexões muito boas. Na verdade, eu diria que é até bastante educativo. E, embora eu não tenha propriamente gostado do livro — e, portanto, não sei se tenho moral para recomendá-lo —, acho que poderia ser até bom que mais pessoas o lessem.

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