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Uma Dobra no Tempo – Graphic Novel, de Madeleine L’Engle e Hope Larson | Resenha

‘Uma Dobra no Tempo – Graphic Novel’: uma história que eu já devia ter lido há tempos

Tudo bem, eu vou abrir o jogo com você. Eu olhei para esse livro só por causa da capa — na verdade, nem foi só a capa, mas o material inteiro. O que só prova como um bom tratamento e qualidade física também são importantes para um livro. Afinal, queremos boas histórias — isso tem que ter —, mas ter um livro bonito na estante é um plus.

Trata-se da história Uma Dobra no Tempo – Graphic Novel, escrita por Madeleine L’Engle, ilustrada por Hope Larson e publicada no Brasil pela DarkSide Books. Originalmente, o livro é em prosa mesmo, mas a DarkSide nos traz uma graphic novel recém-saída do forno.

Como a história é uma mistura meio doida de fantasia com ficção científica, não dá para dizer exatamente qual dos dois gêneros prevalece. Mas eu posso dizer, com toda certeza, que a parada é bem maluca mesmo. Maluca de um jeito bom, eu acho. Mas terrível para tentar formular uma sinopse.

A trama nos leva direto para a vida de Meg Murry e sua família complicada. Meg é a mais velha de quatro filhos e, como toda boa adolescente, é cheia de dramas e problemas psicológicos. Considerada uma esquisitona pela maioria das pessoas ao seu redor e a garota-problema na escola, a menina sofre de uma séria síndrome, conhecida como falta de amor próprio. Na verdade, ela sofre com a falta do pai, que deixou a família para realizar um trabalho muito importante. No entanto, com o tempo, ele parou de fazer contato.

É no meio desse fuzuê que se intrometem a sras. Quéqué, Quem e Qual, que são umas figuras bem malucas e misteriosas. E serão essas três senhoras cheias de segredos que farão com que Meg, junto com seu irmãozinho caçula e prodígio, Charles Wallace — com um nome desses, não pode ser normal —, e seu mais novo amigo Calvin, que tem as suas esquisitices também, embarquem em uma aventura intergaláctica para o quê? Vencer o mal, basicamente. Nesse caso, o mal é a mancha negra que está tomando o universo aos poucos — e está prestes a tomar a Terra, porque os nossos problemas aparentemente não são o suficiente.

Primeira coisa que eu tenho a dizer: gente normal nesse livro é mais raro do que um mico-leão-dourado.

E isso, ao meu ver, é justamente um dos pontos mostrados na história: de que a normalidade não existe. Todo mundo tem alguma individualidade que o torna especial. E ser menosprezado por isso é uma grande injustiça.

Acho que não tenho lá muito direito de dizer isso, já que o livro não foi taxado como literatura infantil, mas eu consegui detectar uma pegada bem infantil na história e até mesmo nas ilustrações. Por outro lado, também consigo imaginar adultos lendo essa história.

Uma Dobra no Tempo – Graphic Novel traz para o leitor debater — seja consigo mesmo ou com os coleguinhas — tópicos cruciais para a formação de caráter, como a fé — não apenas a fé religiosa, mas a fé como um todo, a fé em qualquer coisa — e a ética.

Para todos os efeitos, a história é uma gracinha, com todas as sua loucuras e coisas impossíveis — o bom da coisa toda são justamente as coisas impossíveis. No entanto, achei-a um pouco rápida demais — chega a ser meio atropelada, às vezes. Eu, por exemplo, não consegui me apegar a nenhum personagem, porque não consegui me aproximar deles como leitora. Foram muitas coisas acontecendo e muito rápido. Como não li o texto em prosa da história, não posso dizer se é uma característica da história original ou se foi um efeito colateral da adaptação em uma graphic novel. Mas infelizmente acho que, de uma forma ou de outra, prejudicou a história.

Quanto ao trabalho da editora, vi pontos altos e baixos. O ponto alto foi definitivamente a apresentação do material. A capa está um arraso! As lombadas das páginas apresentam um degradê que vai do roxo ao azul — eu surtei quando vi isso. Tem a fitinha mágica de marcar páginas. E as próprias ilustrações são uma graça. Tudo segue a mesma paleta de cores, com tons de azul, roxo, rosa e branco. Lindo mesmo. Entretanto, percebi também alguns erros que considero bem graves na parte de diagramação. Mais de uma vez vi que haviam colocado a tradução de uma sentença sobre a frase original em inglês sem apagá-la — ou seja, ficou uma parada em cima da outra e impossível de ler, sem falar que ficou feio.

Enfim, a história de Uma Dobra no Tempo – Graphic Novel em si vale a pena ser lida. Acho que dá para aprender com ela e dá para pensar e filosofar um pouco também. O fato de ser uma graphic novel pode tornar possível que outro tipo de público se interesse em conhecer a história.

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