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Nosso Homem em Havana, de Graham Greene | Resenha

‘Nosso Homem em Havana’:  uma divertida trama de espionagem sem limites para a imaginação

Imaginar. O ato de criar situações, personagens. Fantasiar. Pode ser uma fuga, uma diversão. Mas e quando o universo criado acaba interferindo na realidade? O quanto do que achamos que é real, na verdade, não passa de uma história inventada? Em Nosso Homem Em Havana, livro de Graham Greene, escrito em 1958, que ganhou uma repaginada em julho de 2017 pelo selo Biblioteca Azul, da Globo Livros, vemos uma divertida trama de espionagem onde não há limites para a criatividade, além de ter aquele humor que só os britânicos sabem fazer.

Jim Wormold é um pacato inglês, vendedor de aspiradores de pó, que vive na Cuba pré-revolução. Com dívidas e a necessidade de atender a todos os desejos de sua filha Milly, ele aceita um misterioso e inusitado convite para se tornar espião. Só que Wormold não tem a habilidade necessária para tal atribuição. Em contrapartida, não lhe falta criatividade e, utilizando a imaginação, ele se torna um dos principais espiões britânicos. No entanto, ficção e realidade se misturam. E, agora, o homem de Havana está metido numa perigosa e divertida tramoia.

O fascinante no livro Nosso Homem Em Havana é o universo criado por Wormold e a construção do personagem em si. Antes de sermos apresentados a toda essa mente fabulosa do vendedor de aspirador de pó, Graham Greene detalha bem o protagonista: o que o levou a aceitar o trabalho, a relação com a filha Milly – que o dobra com facilidade – e como vê a vida. Sei que muitos leitores gostam de chegar logo na ação, mas, na trama, conhecer este sujeito é primordial e o que torna a leitura tão interessante.

O humor britânico dá à obra um charme peculiar. Quem curte o estilo, com certeza, vai adorar. As situações envolvendo o serviço secreto, bem como as próprios pensamentos de Wormold são bem divertidos. Nosso Homem Em Havana é uma história que aparenta simplicidade, mas, se nos atermos aos detalhes, vemos o quanto a imaginação e a realidade são próximas. Alguns diálogos são bem afiados e reflexivos; o humor camuflando a crítica social.

Para quem não conhece, Graham Greene foi um dos escritores ingleses mais lidos do século 20. Durante a Segunda Guerra Mundial, trabalhou para o governo inglês nos ministérios da Informação e do Exterior e também como agente secreto. Acho que dá para imaginar de onde veio a inspiração para Nosso Homem Em Havana… Não sei a opinião de outros leitores, mas esta informação me fez refletir muito mais sobre as questões de espionagem, notícias inventadas e tudo o que consumimos como verdades.

Nosso Homem Em Havana é um livro para se deliciar. Deixar a imaginação fluir e ver até aonde a criatividade pode ir (e suas consequências, claro!). É uma obra para se divertir com as confusões de Wormold, refletir sobre questões políticas e conhecer através de outra perspectiva esta famosa ilha caribenha.

Apaixonado por histórias, tramas e personagens. É o tipo de leitor que fica obsessivamente tentando adivinhar o que vai acontecer, porém gosta de ser surpreendido. Independente do gênero, dispensando apenas os romances melosos, prefere os livros digitais aos impressos, pois, assim, ele pode carregar para qualquer lugar.

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