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Twittando com o Vampiro, de Aislan Coulter | Resenha

‘Twittando com o Vampiro’: o terror nacional com uma pegada gore

Muito sangue jorrado, corpos dilacerados e todo o pavor detalhado nas páginas. Tem que ter sangue frio! Não é uma leitura para qualquer um. Precisa de estômago forte e gostar de uma literatura de terror com uma pegada mais gore. Twittando com o Vampiro, do autor independente Aislan Coulter, cumpre bem a proposta de aterrorizar focando numa boa descrição, digna de embrulhar as entranhas do leitor (no bom sentido).

Para quem não conhece o Aislan, ele participou do Projeto Vai Lendo Novos Autores e contou um pouco sobre a carreira e obra. O escritor, inclusive, foi quem me apresentou ao termo gore – apesar de reconhecer o estilo, não conhecia a denominação. E foi essa minha curiosidade que me levou ao Twittando com o Vampiro. Confesso que, se olhasse o título simplesmente, talvez, não pegasse o livro para ler. Também achei que ele não condiz muito com o enredo apresentado. A sensação que passa é que a obra fala sobre um vampiro adolescente que fica mordendo pescoços alheios e compartilhando na rede social. O que não é o caso.  Por isso, não vi sentido. Em contrapartida, a imagem de capa mostra o que a trama realmente é. Um vampiro que, sem dó nem piedade, está sedento por dilacerar pescoços. E é isso o que vemos. Literalmente.

Twittando com o Vampiro traz a história do vampiro clássico com uma pegada gore, como já falei, e se desenrola a partir de três perspectivas: o relato dos ataques do vampiro, as páginas do diário de Aline Brein, uma jovem esquizofrênica que teve sua intimidade exposta na internet, e um assassino da Deep Web contratado para um trabalho inusitado no Norte do país.

Aislan se utiliza de três estilos narrativos para desenvolver a sua história, que dão uma liga bem interessante: o formato de diário (que possibilita entrar a fundo na mente louca da personagem esquizofrênica), diálogos (que dão uma agilidade e ação para a trama do matador de aluguel) e o narrador em terceira pessoa (que observa atento os ataques do vampiro), que, por sinal, é um dos meus personagens favoritos. Não posso dizer muito sobre ele, até porque não o conhecemos logo de cara, mas o que acho mais interessante nele é a forma como as pessoas o veem assim que desencarnam. Adoro essa transformação!

A escrita objetiva é o ponto alto de Twittando com o Vampiro. Aislan consegue descrever as cenas com muito talento. Provoca o leitor e não enrola muito com detalhes exacerbados. Se não fosse grotesco, diria que são belas palavras! A ação também é muito bem construída e o autor coloca altas dosagens ao longo do texto. Inclusive, a narrativa que acompanha o vampiro é basicamente carnificina. O que gosto no sentido de desromantizar a figura do monstro e focar na besta. No entanto, por outro lado, achei que a trama dele foi pouco empolgante, principalmente se comparada a de Aline Brein e do matador contratado na Deep Web, que acabam se destacando mais.

No geral, a leitura foi muito fluida. Porém, quando as três tramas convergem, tive a sensação de que o desenvolvimento foi um pouco prejudicado. Os hiatos são compreensíveis, com cenas que ficam subtendidas, pelo fato de a obra ser narrada por pontos de vista distintos. De fato, o problema não é esse. Talvez, as três histórias devessem caminhar por mais tempo juntas. Explorar mais a relação de Aline Brein com o vampiro, por exemplo. Parece que quando Twittando com o Vampiro vai encorpar, ganhar conteúdo, acaba.

Mesmo empolgado com toda a descrição das cenas (sério, curti muito!Descobri que sou fã do gore também), a história poderia ir além. Assim, sem dúvidas, Twittando com o Vampiro seria impecável. Afinal, a obra de Aislan Coulter possui qualidades de sobra, sendo grotescamente fascinante!

É sempre muito bom ver a diversidade tanto da literatura nacional quanto do terror. Um experiência que vale a pena, isto é, se você está disposto a encarar o desafio!

Apaixonado por histórias, tramas e personagens. É o tipo de leitor que fica obsessivamente tentando adivinhar o que vai acontecer, porém gosta de ser surpreendido. Independente do gênero, dispensando apenas os romances melosos, prefere os livros digitais aos impressos, pois, assim, ele pode carregar para qualquer lugar.

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