Resenhas

Perdão Mortal, de Grave Mercy | Resenha

‘Perdão Mortal’: um romance instigante, intrigante e surpreendente

Para uns, a morte representa o fim. Para outros, o recomeço. Ao longo da vida, enfrentamos dilemas, desafios, provações. Nas horas mais difíceis, principalmente, nos questionamos e a fé é colocada à prova. Assim como a nossa capacidade de perdoar. Essa questão é levantada de maneira surpreendente, intensa e arrebatadora em Perdão Mortal, o primeiro volume da trilogia O Clã das Freiras Assassinas – escrita por Grave Mercy -, que agora faz parte do catálogo da Plataforma 21, o selo jovem da V&R Editoras Brasil.

Na trama, acompanhamos a jornada de Ismae, uma jovem que é salva de um destino cruel e de um – péssimo – casamento arranjado ao ser recrutada para o convento de Saint Mortain, o Deus da Morte. Lá, ela descobre uma nova perspectiva para a sua vida ao treinar para se tornar uma habilidosa assassina e servir a Mortain. Mal sabia ela, porém, que a missão mais importante seria também a mais reveladora e que mudaria tudo… para sempre. Agora, não apenas o destino de um país inteiro, mas também o de seu verdadeiro amor, está em suas mãos.

Perdão Mortal é uma grata surpresa. Tanto que foi impossível tirar os olhos das páginas. A narrativa de Grace é completamente instigante. Mesclando romance, com muita ação, intrigas e reviravoltas, a história de Ismae me hipnotizou. Fiquei tão envolvida com a trama, que me peguei – muitas vezes – em dúvida se continuava a leitura para descobrir logo o que mais iria acontecer ou se tentava parar um pouco para que o livro não terminasse. Bom, vocês podem imaginar o que aconteceu. Aliás, desafio a quem for ler conseguir parar!

O interessante de Perdão Mortal é a dualidade contínua. Não há simplesmente o bem e o mal. Mas a redenção e o perdão. E essa decisão cabe apenas aos personagens. Inclusive, um dos pontos positivos da história é a sua protagonista, que representa bem isso. Ismae não é uma mocinha. E muito menos uma vilã. É uma jovem que busca um futuro, um objetivo e uma nova perspectiva de vida. Ela é forte, corajosa, destemida e humana. Convicta dos seus ideais, ela não exita ao servir ao Deus que a abrigou. Todavia, também consegue refletir e questionar as suas ordens quando elas lhe parecem falhas (destaque para o momento de revelação de Ismae, sobre o qual não irei me aprofundar para não estragar o momento de vocês, mas que achei de uma profundidade e sensibilidade emocionantes). E, acima de tudo, é capaz de amar incondicionalmente. Sua interação e química com Duval são cativantes, e é incrível ver como as personalidades de ambos, apesar de distintas, se complementam e enriquecem os personagens. Taí um casal de respeito.

Em meio aos dilemas e conspirações, o ritmo da narrativa é frenético. Durante a leitura, senti que não era apenas a história de Ismae que eu acompanhava, mas também do futuro da Bretanha e de sua duquesa. Por falar em duquesa, menção honrosa aos personagens secundários que brilharam ao longo da trama. Sinceramente, me apeguei, gente. E forte. Todos muito bem trabalhados, com funções claras e participações fundamentais para o desenvolvimento do livro. Grave consegue amarrar a sua obra de maneira honesta e bastante digna, nos presenteando com o início, meio e fim de um primeiro volume de trilogia – o que, sabemos, pode ser um pouco difícil. Para quem curte um romance medieval, Perdão Mortal é uma excelente pedida! Eu mal posso esperar para conhecer as histórias de Sybella e Annith!

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Jornalista de coração. Leitora por vocação. Completamente apaixonada pelo universo dos livros, adoraria ser amiga da Jane Austen, desvendar símbolos com Robert Langdon, estudar em Hogwarts (e ser da Grifinória, é claro), ouvir histórias contadas pelo próprio Sidney Sheldon, conhecer Avalon e Camelot e experimentar a magia ao lado de Marion Zimmer Bradley, mas conheceu Mauricio de Sousa e Pedro Bandeira e não poderia ser mais realizada "literariamente". Ainda terá uma biblioteca em casa, tipo aquela de "A Bela e a Fera".

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