Resenhas

Amor em Jogo, de Simone Elkeles | Resenha

‘Amor em Jogo’: muito mais do que um drama adolescente. Uma história sobre amor, perdão, família e recomeços

Ninguém precisa sofrer sozinho. Ninguém deveria se sentir culpado por coisas que fogem do nosso controle e se punir, inibindo suas próprias vontades e sentimentos. Amar é intenso, por vezes, doloroso, mas, acima de tudo, é a nossa chance de recomeçar e de ser feliz. E Simone Elkeles traz toda essa confusão de emoções e muitos valores no lindo O Amor em Jogo, livro do selo Globo Alt.

"Amor em Jogo", de Simone Elkeles | Resenha

Na trama, acompanhamos as histórias e os dramas dos jovens Derek Fitzpatrick e Ashtyn Parker. Ele, um garoto rebelde que desconta em atitudes impensadas e infantis a frustração pela ausência do pai – um oficial da Marinha – e a obrigação de conviver com uma madrasta de 20 e poucos anos. Ela, uma menina que aparentemente tem a vida perfeita: bonita, ótima aluna e, como se não bastasse, a única menina – e capitã! – do time de futebol americano da escola. Além, é claro, de namorar o quarterback famoso da equipe. A vida dos dois vai se chocar quando Derek é obrigado a se mudar com a madrasta, irmã mais velha de Ashtyn, e as realidades dos dois se chocam. Agora, eles terão que enfrentar juntos os desafios, preconceitos e perdas da vida, e aprender a lidar com os seus próprios sentimentos.

Tá, eu sei. “Ah, deve ser só mais um romance adolescente”. Engano seu, engano meu, engano de todos. Amor em Jogo, claro, traz dois protagonistas adolescentes e, sim, há romance na história. Mas vai além disso. Simone tem uma narrativa tão leve, tão despretensiosa e, ao mesmo tempo, tão sensível e singela. Fiquei completamente encantada e cativada com a sua narrativa, com seus personagens apaixonantes.

Narrado em primeira pessoa, o livro alterna entre os pontos de vista de Derek e de Ahstyn, o que dá um ritmo muito bacana e fluidez ao texto. Você se envolve com eles, se identifica, torce e sofre pelos dois. Simone sabe construir tão bem suas personagens que você vivencia tudo aquilo com eles, se sente parte da família, do time. Como não querer ser um dos “caras” e poder conviver com Jet, Victor, Trey e Monika, amigos fiéis e inseparáveis de Ashtyn que mostram que a amizade e o respeito estão acima de gênero, do esporte e dos padrões sociais? E como não se sentir parte de uma família aparentemente disfuncional, mas que se completa como a de Ahstyn? A irreverente Brandi, o carismático Julian, o rabugento e introspectivo Gus, e a austera Elizabeth, avó materna de Derek. Todos eles, sem exceção, apresentam características tão marcantes, personalidades tão fortes e uma profundidade hipnotizante que completam não apenas as tramas, mas principalmente os protagonistas.

"Amor em Jogo", de Simone Elkeles | Resenha

Derek e Ashtyn são adolescentes e, como tal, trazem todos aqueles conflitos, receios e inseguras da fase. No entanto, mais do que isso, eles trazem também uma bagagem que não deveria ter sido imposta a eles.Ambos são obrigados a encarar obstáculos e as mazelas da vida que todos tentamos fugir e poucos têm a coragem e a força para enfrentar. E é justamente isso dá um novo sentido e um valor ainda maior à trama. Os conceitos de família, de amizade, união, empatia, solidariedade, amor e perdão são trabalhados tão delicadamente, tão naturalmente que chega a emocionar. Emocionar por mostrar que todos nós temos escolhas, temos e merecemos uma nova chance. E que, por mais que a vida teime em nos mostrar o seu lado mais sombrio e difícil, há sempre alguém para amparar, para apoiar e para apontar um novo caminho. Derek e Ashtyn são críveis, verdadeiros, confusos e arrebatadores. E têm uma química sensacional.

Amor em Jogo é um livro para se apaixonar, torcer e pensar. Para valorizar as pessoas que temos por perto e nos fazer correr atrás dos nossos sonhos.

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Jornalista de coração. Leitora por vocação. Completamente apaixonada pelo universo dos livros, adoraria ser amiga da Jane Austen, desvendar símbolos com Robert Langdon, estudar em Hogwarts (e ser da Grifinória, é claro), ouvir histórias contadas pelo próprio Sidney Sheldon, conhecer Avalon e Camelot e experimentar a magia ao lado de Marion Zimmer Bradley, mas conheceu Mauricio de Sousa e Pedro Bandeira e não poderia ser mais realizada "literariamente". Ainda terá uma biblioteca em casa, tipo aquela de "A Bela e a Fera".

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