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O Festim dos Corvos, As Crônicas de Gelo e Fogo, de George R.R. Martin | Resenha

‘O Festim dos Corvos’: começa um jogo de política em Westeros

Seguindo a série de resenhas das Crônicas de Gelo e Fogo, de George R. R. Martin, hoje vou falar do quarto livro, O Festim dos Corvos.

E, antes de qualquer coisa, tenho que dizer algo: esse é um dos melhores títulos que já vi! Absurdamente sombrio, mas ainda assim um dos melhores. Foi uma forma assustadoramente poética de dizer que vai morrer gente a torto e a direito durante a trama.

Bom, pelo menos, eu achei muito legal. Novamente Martin me surpreendeu logo de cara, sem que eu nem precisasse abrir o livro. Adoro esse sujeito! Ele é um monstro sanguinário, arrasador de corações leitores, mas eu gosto dele. E do trabalho dele também.

Mas vamos à história!

Nesse quarto volume, Martin mantém o estilo de narrativa – os capítulos seguem os pontos de vistas de determinados personagens – ele só muda quase completamente de personagens cujos pontos de vista ele usa.

Em O Festim dos Corvos, muita coisa nova foi apresentada. Não temos só as tramas de Porto Real e do Norte, pois passamos a conhecer Vilavelha, Dorne, e Bravos. Somos apresentados também aos Foras da Lei, comandados pela Coração de Pedra (apresentada no volume anterior, A Tormenta de Espadas).

E assim como as novidades, muitas coisas que já conhecíamos são reapresentadas, mas com um foco bem diferente. Em A Guerra dos Tronos havia crianças, inocentes, indefesas, vítimas. Mas em O Festim dos Corvos, as crianças já cresceram e aprenderam a se posicionar no grande e cruel tabuleiro onde se joga o jogo dos tronos.

Martin, ao contrário do que alguns leitores dizem, deu sim continuidade à trama. Só o fez de um modo diferente. Como de costume, nos tirou de nossa zona de conforto e nos chocou. Ele é muito bom nisso.

Nesse livro, vemos os Lannister controlando Porto Real – a rainha Cersei, no entanto, tem que lutar contra inimigos poderosos que tentam lhe tirar o poder, usando nada mais do que sua astúcia –, enquanto os lobos Stark se dispersam e seguem, cada um, o seu caminho – muitas vezes, sem saber do real destino de seus parentes. A fama de Daenerys e seus dragões, enfim, atravessa o mar e passeia por Westeros. Os Fora da Lei começam a ganhar alguma fama também. E os Greyjoy também parecem interessados em partir para uma batalha rumo à conquista do reino.

Mas, aviso logo, nesse livro o autor parece se focar em personagens que, antes, haviam sido deixados um pouco de lado – os que estavam conosco desde o início, como a Daenerys Targaryen, o Jon Snow, o Tyrion Lannister, são deixados um pouco de lado. Mas isso, em minha opinião, não comprometeu em nada a história em si. Entretanto, temos a chance de ver o desenvolvimento de personagens antes inexplorados de maneira mais direta, como Cersei e Jamie Lannister, e Brienne de Tarth.

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Eu diria que, apesar do título do livro, o foco da trama dessa vez não está na batalha física, na guerra. Mas em uma batalha interna, onde a maior arma são as palavras. É em O Festim dos Corvos que a história se volta mesmo para a política. É quando as grandes decisões são tomadas, os grandes planos são traçados, as maiores traições são arquitetadas e as mais belas reviravoltas deixam os leitores doidos.

Dentre todos os  volumes da série já publicados, O Festim dos Corvos chegou bem perto de se tornar o meu preferido, porque o foco deixou de ser a força bruta, para se tornar a inteligência dos diálogos. A morte dos personagens deixou de ser baseada nas habilidades físicas dos personagens, e passou a ser o resultado de tramoias metodicamente arquitetadas. O poder deixa de estar na espada, e passa a pertencer à palavra.

E essa mudança de foco, embora tenha ocorrido de maneira um tanto sutil, pode ser percebida pelo leitor. Ouso dizer que é o volume mais complexo da série, até o momento.

Tem muita política.

E eu acho que é justamente por isso que as opiniões acerca desse quarto volume divergem tanto. Já vi pessoas dizendo que, assim como eu, adoraram esse livro e o acharam genial etc. Mas também já ouvi outros afirmando ser este volume o pior de toda a série, justamente por causa dessa mudança de foco. Algumas pessoas alegam que a narrativa se tornou lenta demais.

Eu não concordo. Acho que é justamente o contrário. A narrativa se tornou tão densa que ficou difícil de acompanhar. Como eu já disse nas resenhas anteriores, esses livros são para leitores de coragem. E, no caso de O Festim dos Corvos, tenho a imensa, e talvez imprudente, ousadia de dizer que ele também não é para o leitor desatento.

Enfim, o trabalho da editora continua primoroso. E a minha opinião inicial permanece intacta. Um excelente trabalho da editora Leya.

Peço desculpas pelas resenhas estarem ficando mais curtas. Como se trata de uma série um pouco mais longa, as informações e críticas acabam se repetindo e, justamente para não tornar tudo cansativo para você, que está lendo, optei por não mencionar essas continuidades. Para uma análise crítica geral e mais completa, sugiro que dê uma olhada nas outras resenhas da série.

Bom, por hoje é só isso. Esse quarto volume fez surgir variadas opiniões – algumas muito negativas, outras muito positivas. E acho que deixei clara a minha opinião de que George Martin continua com o seu trabalho magistral.

Eu recomendo fervorosamente a leitura desse livro. Seja um leitor de coragem.

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