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Curso ajuda a estimular o empreendedorismo no mercado editorial

Michelle Strzoda, da Babilonia Cultura Editorial, ministra as aulas sobre ‘Economia Criativa Em Cultura Editorial’, na Estação das Letras

Em época de crise, se sobressai aquele que consegue transformar a adversidade em oportunidade. Criar, a partir dos desafios, novos caminhos rumo ao sucesso. No mercado editorial, então, a criatividade é pré-requisito. Porém, para isso, o profissional precisa correr atrás, buscar estar sempre atualizado e por dentro das mais variadas demandas para se adaptar ao setor. Pensando nisso, Michelle Strzoda, diretora editorial da Babilonia Cultura Editorial, ministra o curso Economia Criativa Em Cultura Editorial, que será realizado aos sábados, nos dias 4, 11 e 18 de junho, na Estação das Letras, no Flamengo, Zona Sul do Rio.

Foto: Arquivo pessoal/Facebook
Foto: Arquivo pessoal/Facebook

Com o objetivo de mostrar como funciona a gestão e a produção, bem como orientar a empreender em novos modelos de negócio na área editorial, o curso contará ainda com a presença do livreiro Daniel Louzada (Leonardo Da Vinci), do jornalista e escritor Dhaniel Cohen (Flu Memória) e do jornalista e escritor Tiago Petrik (RioETC.) como convidados. Eles apresentarão seus cases de empreendedorismo editorial no curso. Para Michelle, a importância do curso se dá justamente pela chance de estimular a cultura empreendedora para ajudar, acima de tudo, a formar novos leitores, uma vez que o Brasil, segundo ela, não oferece tantas opções para os microempreendedores.

“Este curso é inédito no mercado”, afirmou Michelle ao Vai Lendo. “Editoras e demais empreendimentos culturais e editoriais que não investem em inovação, componentes criativos e revisão constante de seus modelos de negócio não avançam. A cultura empreendedora é peça-chave para a prospecção e avanço do negócio. O desafio está justamente na produção de conteúdo relevante, que desperte interesse e necessidade de consumo em seu público-alvo e, sobretudo, na formação de leitores. O mercado de livros, hoje, é muito dinâmico, trabalha com gestores e produtores terceirizados, com start ups e empreendedores criativos. Exige-se do profissional editorial contemporâneo versatilidade, ousadia, personalidade e profissionalismo em diferentes frentes. Dados informam que o setor da Cultura movimenta mais trabalhos hoje do que a indústria automobilística. A área que mais cresce e se propaga no mercado editorial é o setor independente, com o selfpublishing e feiras de impressos e publicações “outsiders”. Empresas estão enxugando quadros e investindo em parcerias, cocriações alternativas. Forma de dar impulso e vitalidade ao seu modelo de negócio, à sua vitrine, ao seu catálogo de projetos e publicações. O empreendedorismo editorial hoje, mais que uma realidade e necessidade do profissional da cultura e, sobretudo, do livro, é uma vocação. O Brasil não ajuda muito aos microempreendedores. A carga tributária, a demora pelos documentos e os entraves burocráticos são gigantescos. Precisam ser proporcionais os esforços em disposição, empenho, planejamento, foco e metas. Cada passo em falso tem um custo. E esse custo pode ser fatal, dependendo do seu porte e grau de capital de giro”.

Michelle ressaltou ainda a capacidade de renovação por parte dos profissionais, uma vez que, para ela, o mercado passa por uma fase de “reoxigenação”. Ela destacou também a necessidade de nunca cessar a sede por conhecimento e utilizar o livro não apenas como forma de entretenimento, mas principalmente fonte primária de criatividade.

“Encontro nos livros (e em outras leituras diversas) matérias-primas para exercitar a criatividade, exigência recorrente no meu dia a dia”, explicou. “As reflexões sobre criação, os paradigmas contemporâneos sobre criatividade e a difícil equação entre cultura, empreendedorismo, investimento, serviço, gestão e capacitação só fazem a gente se aprofundar ainda mais sobre novas ‘leituras’ de negócio, unindo viabilidade e personalidade e, sobretudo, o que esses componentes acarretam em melhorias ao próprio livro como produto, à formação de leitores, a atividades em capacitação em agentes culturais e produtores de leitura e cultura. É necessário entender e estar antenado aos movimentos e tendências do mercado editorial e aos demais com quem dialoga, conhecer as pessoas certas, ter um excelente networking, ler muito, nunca se dar por satisfeito em termos de conhecimento, ter visão empreendedora, trabalhar com parcerias, conhecer bem seu perfil de público-alvo. Ter clara a missão e visão da empresa ajuda para dosar aqui e ali, sobretudo em momentos de crise. Por incrível que pareça, os períodos de crise ajudam nessa tarefa de revisão de modelo de negócios, de restabelecimento de metas, onde depositar energia, reequilibrar finanças e redefinição de estratégias. Nosso braço de capacitação e coaching sempre tem demanda porque pessoas que trabalham com cultura, comunicação e publicações estão em constante reposicionamento. Tem que saber os canais nacionais e estrangeiros, ir aos eventos, observar movimentos, testar, estar em contato com uma peça-chave desse processo, o leitor, seduzi-lo e ser seu cúmplice ajuda alcançar o sucesso do projeto editorial”.

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Falando com a experiência de quem comanda o próprio negócio, Michelle exaltou os anos atuando na área –  em coordenação de comunicação e conteúdo, editora, coordenação editorial etc -, relembrando os obstáculos, mas também a determinação que sempre a levou para o que chama de “frente de batalha da empresa”. Ela apontou ainda que é fundamental para um profissional da área “conhecer e gostar do ramo, conhecer seu leitor, seu cliente, ouvi-lo, dar espaço para ele se sentir parte do seu negócio, investir em ferramentas de gestão, trabalhar com sofwares adequados, usurfuir da tecnologia disponível, se capacitar, se articular, estudar, testar”.

“Após 12 anos de vida profissional, resolvi investir em negócio próprio com parceiros, agregando conhecimento e expertise de identidade visual e produção ao campo editorial, de conteúdo e comunicação”, contou. “Percebi que havia lacunas no mercado cultural (sendo o mercado editorial – nosso DNA, em que temos mais experiência e networking – um tentáculo do cultural) e, desde então, estamos trabalhando justamente nessas lacunas, construindo um portfólio de qualidade, com parceiros e clientes, além da nossa cartela de projetos próprios e nosso catálogo autoral. Por eu atuar sempre em várias frentes nas empresas em que trabalhei – fossem elas de porte pequeno, médio ou grande –, colegas do mercado já me sinalizavam que minha personalidade não cabia dentro de um departamento, que eu ‘jogava nas onze’, que abraçava a causa por completo, que esquentava a cabeça demais com problemas até que não eram de minha alçada, mas que eu estava lá para ajudar a resolver. Hoje, vejo que, de certa forma, eu estava me preparando para um dia responder pelo meu próprio negócio, mas não que eu planejasse isso, nem para determinado período. Auxiliar a abrir duas casas editoriais antes foi uma experiência que contribuiu muito na minha expertise na área. Até para saber o que não se deve fazer, como dosar melhor os investimentos, o que funciona para seu público-alvo, atentar para os feedbacks, entre outros aspectos do negócio. O mercado de livros hoje não dá espaço para amadores, precisa ser empreendedor e criativo para dar conta do riscado. Ninguém disse que a tarefa seria fácil, mas não é menos fascinante. Livro é tesão puro”.

 

Jornalista de coração. Leitora por vocação. Completamente apaixonada pelo universo dos livros, adoraria ser amiga da Jane Austen, desvendar símbolos com Robert Langdon, estudar em Hogwarts (e ser da Grifinória, é claro), ouvir histórias contadas pelo próprio Sidney Sheldon, conhecer Avalon e Camelot e experimentar a magia ao lado de Marion Zimmer Bradley, mas conheceu Mauricio de Sousa e Pedro Bandeira e não poderia ser mais realizada "literariamente". Ainda terá uma biblioteca em casa, tipo aquela de "A Bela e a Fera".

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