Entrevistas

Entrevista: Tammy Luciano

O Vai Lendo conversou com a escritora, atriz e jornalista Tammy Luciano sobre o seu livro ‘Escândalo!!!’, mercado editorial brasileiro e os simples prazeres da vida

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Foto: Facebook da autora

Divertida, talentosa e verdadeira. Impossível não notar a presença da escritora Tammy Luciano, que envolve a todos com seu bom humor e jeito descontraído. A autora de Garota Replay – o primeiro livro brasileiro do selo Novo Conceito Jovem – e Sonhei Que Amava Você, publicado pela editora Valentina, também é atriz e jornalista e traz na bagagem muitas histórias e experiências de bastidores que se transformaram em páginas inesquecíveis e personagens cativantes. Durante um bato papo sobre literatura nacional, que aconteceu neste sábado (21), em Niterói, com a presença dos escritores Graciela Mayrink, Maurício Gomyde e Chris Melo, Tammy conversou com o Vai Lendo sobre o seu último livro, Escândalo!!!, também publicado pela Valentina, suas expectativas e realizações e o desejo de oferecer aos leitores momentos leves, descontraídos e prazerosos através das suas tramas.

O mundo das celebridades é um prato cheio de detalhes, reviravoltas, situações inusitadas e… Escândalos. Um mar de inspiração para aqueles que têm o dom de contar histórias. Com a autonomia de quem conhece bem essa realidade, Tammy mistura em sua obra lançada em 2015 a vivência de artista com a sensibilidade de escritora. Acrescenta-se a isso uma capa ousada e estilosa – ideia certeira de seu próprio editor, ela contou – e temos a história de Belinda Bic, uma trama digna de novela, com direito às emoções de um último capítulo. Para Tammy, a ideia de Escândalo!!! é passar a “mensagem real da carreira artística”. E, para alegria de seus leitores, ela também adiantou que o livro faz parte de um projeto para os próximos livros.

“A carreira artística não é tão fácil como as pessoas pensam”, declarou. “A gente trabalha muito. Eu gosto de passar a mensagem real da carreira. Eu quis contar a carreira da Belinda Bic para que as pessoas vissem como é a gravação, a correria, o início dela como figurante. Eu quis passar tudo o que eu vi das vezes em que eu mesma gravei. Sempre quis contar isso num livro. Na verdade, esse é um projeto que eu tenho, e que vou poder falar melhor a partir do próximo livro, que é a ideia de uma pequena trilogia. Não é oficialmente uma trilogia, mas as personagens têm semelhanças com as minhas carreiras. Eu sou atriz, jornalista e escritora. O livro da atriz já está entregue, que é o da Belinda. Então, espero entregar o da jornalista e da escritora. Quanto à capa,  desde que o meu editor leu o livro, ele falou que só tinha um destino para essa capa: tinha que ser uma capa de revista. Eu resolvi acatar a ideia dele. Eu curto muito e vejo vários comentários loucos sobre ela. Inclusive, situações de pessoas que pegam e perguntam se é revista ou livro (risos). Eu fico muito feliz de a maioria ter gostado, recebi vários elogios. Eu quis caminhar um pouco pelo diferente para não fazer sempre o mesmo tipo de capa. Escândalo!!! veio inovando e eu estou muito feliz”.

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Sem definir o seu gênero literário, Tammy ressaltou seu lado passional na escrita e disse buscar em seu próprio ambiente lampejos de ideias, mas garantiu que limita essa “inspiração pessoal” a pequenas homenagens em seus livros. Completamente conectada aos leitores – de todas as formas -, a autora exaltou o carinho, o reconhecimento e a cumplicidade com o público e fez questão de dividir a boa fase na carreira e na vida pessoal com seus fãs. Aliás, ela mesma está vivendo a sua linda história de amor graças, digamos assim, aos livros.

“Eu tento não seguir um rótulo porque escrevo com emoção”, destacou. “Eu brinco que todo autor escreve sobre tudo aquilo que viu ou viveu; eu escrevo sobre coisas que vejo nos meus amigos. Estou sempre prestando atenção no que estão vivendo e no que eu vivi. Às vezes, eu pego tudo isso, codifico e no livro vai parar de outra forma. A pessoa que lê não sabe que é ela. Porque eu também acho que não tenho que escrever biografias minhas, expor minhas alegrias e tristeza. Eu pego aquela vivência que eu tive e jogo na personagem para que eu possa contar a história dela. São pequenas homenagens que eu faço à minha própria vida. Eu sou de uma geração que já faz parte daquele público que vai enlouquecido aos eventos. Eu vi essa mudança, essa febre, e amo. Faz parte do meu trabalho. Eu devo tudo aos meus leitores. Eu devo minha carreira, a vida que tenho, a felicidade profissional e até, de certa forma, a vida pessoal. Quando conheci meu marido, ele tinha recebido o convite de uma livraria para ir a um evento meu. A gente começou a falar de livro e se apaixonou perdidamente”.

Otimista e determinada, ela ainda destacou o que considerou um bom momento para a literatura nacional, apesar de reconhecer que ainda é forte e dura a concorrência com autores estrangeiros, devido, em grande parte, ao preconceito dos próprios leitores brasileiros com os escritores do país. Para Tammy, a situação também se agrava pelo receio das editoras, que, respaldadas pelo sucesso dos títulos internacionais em outros países, dão preferência aos livros de fora.

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Foto: Facebook da autora

“Eu acho curioso porque o Brasil é um dos poucos países em que o autor internacional tem mais entrada do que o autor nacional”, disse. “Tenho um cunhado inglês, e uma das maiores surpresas dele foi ver o sucesso de autores ingleses aqui. Ele disse que na Inglaterra eles homenageiam o próprio autor. O Brasil tem essa dificuldade de o autor nacional ter sempre que mostrar que é bom. Tem tanta gente elogiando os nossos autores e, mesmo assim, algumas pessoas ainda dizem que não leem autor nacional. Mas eu comecei numa época que é muito mais difícil. Hoje, graças a Deus, eu vivo de livro e não é tão difícil você conseguir viver, ter uma renda trabalhando para a literatura. Mas temos muito o que vencer. Espero que ainda venham muitos outros autores. Eu sou muito a favor de que o mercado se abra ainda mais porque a gente merece isso. É o Brasil reconhecendo e lendo os brasileiros. Eu acredito muito no nosso mercado, a gente já melhorou demais. Hoje, eu já sou bem feliz com o meu cantinho conquistado e, agora, é trabalhar para melhorar cada vez mais e conseguir mais leitores. Fico feliz de perceber que meu público aumenta a cada ano. Essa é uma carreira que você tem que ter muita paciência”.

E, se Tammy passa a leveza, o alto astral não apenas em seus livros, mas ao vivo, ela tem motivos para isso. Em casa é onde encontra a sua base, o seu apoio e a segurança para buscar aquilo que sempre quis e se realizar com o próprio trabalho. Mas a escritora apontou também que a vida nem sempre é um conto de fadas ou uma comédia romântica. Pelo contrário. Cabe a nós, segundo ela, transformar essas dificuldades em superações. E é justamente isso que ela tenta passar em seus livros.

“Eu tenho muita felicidade de ter a minha família por perto”, afirmou. “Minha mãe e meu pai sempre me apoiaram demais. Sei que alguns escritores não têm isso, que a família não leva muito a sério, mas eu digo também que é questão de tempo. A princípio, meu pai sempre adorou que eu fosse escritora, mas ficava preocupado. É algo que você precisa batalhar, mas, desde o início, ele me apoiou. Eu tenho ainda a minha irmã, meu cunhado, meu marido. Minha família inteira é muito comovida com o que eu faço. Isso é muito importante. Eu já fui infeliz na minha vida. Em algum momento, já fui triste. E hoje, que tenho tantas coisas boas, viver para mim é tão simples, tão fácil e tão bom que eu falo que tenho que contagiar as pessoas com isso. Descobri o poder do sorriso, de ser leve, então, comigo não tem tempo ruim. Eu tento passar isso para as pessoas e fico muito animada de saber que meninas me escrevem dizendo que leram o meu livro numa época difícil. Hoje tento cativar as pessoas com essa felicidade porque a vida é mais fácil quando você é de bem. As pessoas acham que a minha é uma moleza, mas não é. Todos têm problemas. Mas a gente enfrenta e segue em frente”.

Jornalista de coração. Leitora por vocação. Completamente apaixonada pelo universo dos livros, adoraria ser amiga da Jane Austen, desvendar símbolos com Robert Langdon, estudar em Hogwarts (e ser da Grifinória, é claro), ouvir histórias contadas pelo próprio Sidney Sheldon, conhecer Avalon e Camelot e experimentar a magia ao lado de Marion Zimmer Bradley, mas conheceu Mauricio de Sousa e Pedro Bandeira e não poderia ser mais realizada "literariamente". Ainda terá uma biblioteca em casa, tipo aquela de "A Bela e a Fera".

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