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‘O Rei do Inverno’, de Bernard Cornwell | Resenha

‘O Rei do Inverno’: Bernard Cornwell nos oferece uma versão fantástica sobre a lenda de Artur

Por Erika Alvarenga

O inglês Bernard Cornwell é um apaixonado por história geral, em especial a da Inglaterra, e se dedica à pesquisa de conflitos militares famosos. Para a alegria dos fãs de romances históricos, o escritor reuniu brilhantemente na trilogia As Crônicas de Artur personagens lendários, como o próprio Rei Artur, que dá nome à saga, Merlin, Lancelot e Guinevere numa trama emocionante e sangrenta rumo à unificação da Britânia.

'O Rei do Inverno', de Bernard Cornwell / Divulgação
‘O Rei do Inverno’, de Bernard Cornwell / Divulgação

Em O Rei do Inverno, primeiro título da série publicado pela editora Record,  a trama começa com o drama do Rei Uther da Dumnonia, o grande Rei da Britânia, que, após a morte de seu filho, aguarda ansioso o nascimento do seu neto, sucessor do trono. Porém, Mordred nasce com o pé torto. Uma maldição. Um sinal de mau agouro. Como ele poderá governar um reino sendo manco?

Já idoso e não mais tão saudável, Uther morre deixando a Britânia com um rei bebê. A partir daí, começam os conflitos pelo trono e consequentemente a disputa pelo poder. Quem irá governar a Dumnonia até que Mordred tenha idade suficiente para assumir?

Durante toda essa confusão, a Britânia sofre com a invasão dos saxões. Artur é um dos que lutam pela defesa do território britânico. O famoso guerreiro e, diga-se de passagem, filho bastardo de Uther, deseja proteger o trono e Mordred, até que este possa assumir seu posto de rei da Dumnonia. Mas nem todos os outros reis da Britânia estão de acordo.

Dá para imaginar que batalhas não faltam, certo? Aliás, esse é um dos pontos altos da escrita de Bernard Cornwell. A descrição das violentas lutas com espadas, lanças e escudos é simplesmente magnífica! O leitor é transmitido ao universo medieval de maneira tão rica que é possível imaginar o sangue jorrando a cada morte.

Outro ponto interessante são os conflitos religiosos. Enquanto os cristãos tentam ganhar espaço, os pagãos rezam para os deuses que irão salvá-los das batalhas. Além disso, bispos são conselheiros dos reis e auxiliam na tomada de decisão sobre as batalhas.

Quem dá forma à história é Derfel, um órfão que, após escapar do poço da morte, foi criado por Merlin ao lado de Nimue. As aventuras vividas por Derfel, desde sua infância até os grandes feitos que serão realizados pelo guerreiro, proporcionam ao leitor uma visão clara e objetiva das batalhas e das lutas diárias na Britânia medieval.

Sua fiel amiga Nimue é aprendiz de Merlin, que está desaparecido em busca dos tesouros da Britânia. Com sua forte personalidade e seu talento sobrenatural, Nimue se torna uma das protagonistas da trama ao lado Merlin e Derfel. Além disso, o leitor sofre com as feridas da personagem.

Quem também é capaz de provocar durante a leitura é Gundleus, o rei de Silúria. Gundleus é ambicioso, covarde e mau. Simplesmente mau. É daqueles que nos fazem torcer para que tenha um fim terrível.

Mesmo com todos esses personagens cativantes, os leitores mais ansiosos ficam, por muitas páginas, à espera do retorno de Merlin. Obviamente, quando o mais famoso e temido druida da Britânia aparece, não decepciona. Tamanho é o seu poder. Sua sabedoria se une à sua confiança (às vezes, até excessiva), deixando todos realmente fascinados. Nunca se sabe o que ele irá aprontar.

Outro nome já conhecido é Lancelot. Tentarei ao máximo não dar spoiler mas… Lancelot, que decepção!! Mas também há romance! E, como todo bom romance, há um trio. Guinevere chega para derrubar qualquer um que se meta no seu caminho. De uma beleza forte e marcante, a personagem rouba o coração do nosso querido guerreiro bastardo. E, assim, começa mais uma guerra.

Algo que chama bastante a atenção é a narração em primeira pessoa. Durante páginas e páginas, o leitor fica curioso para saber quem está contando a história. O fato de o narrador contar situações que já aconteceram faz com que o livro tenha dois tempos diferentes: o da escrita e o dos acontecimentos vividos pelo próprio narrador. Particularmente, achei a abordagem muito bem-sucedida, pois essa escolha de narrativa tornou a história bem mais real.

No final do livro, há uma “Nota do Autor”, em que Cornwell explica sua pesquisa e como reuniu o que há de documentado sobre as lendas de Artur, Merlin e companhia nesta trilogia incrível. Extremamente interessante e um complemento digno de tal obra.

Em suma, O Rei do Inverno é simplesmente sensacional! De maneira clara e aprimorada, Bernard Cornwell descreve as sangrentas guerras travadas para a unificação da Britânia com os personagens que tanto adoramos. Aos amantes dos romances e lendas medievais, recomendo fortemente a leitura. Agora, rumo ao livro dois, As Crônicas de Artur: O Inimigo de Deus.

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