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Irmandade de Copra – A Irmandade, de Caroline Defanti | Resenha

‘Irmandade de Copra – A Irmandade’: um mundo cheio de criatividade e ETs bacanas

Brindes Irmandade de Copra
Brindes do livro “Irmandade de Copra”, de Caroline Defanti / Foto: Vai Lendo

Não curto temática extraterrestre. Trauma dos suspenses  em que eu imaginava um milhão de possibilidades para, no fim, descobrir que a culpa é do ET. Isso me irritava e ainda me incomoda! Parece muito simples explicar fenômenos sobrenaturais culpando o alienígena. Confesso que, ao ler a sinopse de Irmandade Copra, não coloquei fé, por puro preconceito, afinal, dessa vez, eu não seria enganado com o produto. Desde o começo, sabia que teria que lidar com seres de outros planetas. Não iria ter o fator surpresa. No entanto, como estou em uma fase de abrir meus horizontes literários, lendo diferentes estilos, e também por ser amigo da autora (pois é, quem acompanha o site sabe que a Caroline Defanti também escreve para o Vai Lendo), topei o desafio.

Mas não pense você essa será uma resenha para “amigo”, até por que, acho que para a Carol isso não seria válido. Ela é uma autora iniciante com grande potencial, mas que, como qualquer um no começo, ainda tem um longo caminho a percorrer. Também não sou um leitor assíduo do gênero fantasia, então, talvez, não tenha capacidade de julgar certos pormenores, porém, para uma pessoa que não é fã do gênero, o Irmandade de Copra me conquistou, além de me fazer, pela primeira vez na vida, ficar do lado dos ETs. Pontos relevantes que não podem ser ignorados.

Irmandade de Copra – A Irmandade é o primeiro livro da trilogia escrita pela estreante autora Caroline Defanti e publicado pela editora Arwen. A série mostra um planeta Terra dominado por ETs, enquanto os seres humanos, os poucos que sobraram, vivem em colônias extraterrestres na Lua e em Marte. Os alienígenas, que curaram a Terra da destruição, se recusam a sair, ao mesmo tempo em que os humanos desejam reconquistar o solo que lhes foi usurpado. No entanto, para enfrentar o povo coprano – seres fortes, resistentes, velozes, entre outros predicados, que ocupam a Terra -, cientistas criam, a partir do DNA alienígena, humanos com habilidades especiais: soldados para enfrentar o inimigo. Assim, surge a Irmandade de Copra.

O primeiro volume da trilogia parte da transformação de dois seres humanos, Aeris e Gabriel, em dois membros da irmandade, Musa e Arcanjo: ela com uma beleza encantadora e ele, com um grande par de asas e força. Depois da difícil cirurgia para implantação do DNA alienígena, o leitor é apresentado a todo o mundo rico em detalhes e personagens. Até que, numa dada missão fracassada, Musa é tida como morta e os outros irmãos (como são denominados estes soldados), principalmente Arcanjo, voltam desolados para a Lua. A partir daí, a trama se divide nas perspectivas de Musa vivendo com o povo croprano e da irmandade, tentando se recuperar da baixa, recrutar novos combatentes e invadir a Terra.

Só de ler a sinopse, já me identifique com os ETs. Afinal, os seres humanos destruíram a Terra e, agora, se acham no direito de reconquistá-la? Fala sério! Ainda mais depois de ver Musa, ou melhor Aeris, vivendo com o povo coprano e sendo cuidada pelo guia espiritual Dakarai. É difícil não se envolver. O povo alienígena mantém todas aquelas virtudes de amizade e família, as quais preservamos atualmente, enquanto os humanos ficaram frios e arrogantes.

Irmandade de Copra22
Foto: Vai Lendo

O começo de Irmandade de Copra – A Irmandade é um pouco árido. O leitor precisará de muita atenção, e muitas idas ao Glossário, para mergulhar no complexo universo criado por Caroline. O fato de um mesmo personagem ter vários apelidos, assim como as peculiaridades desse ambiente, e as falas em idioma “alien” fazem com que, a todo momento, seja necessário recorrer às últimas páginas da publicação. Este vai e vem quebra um pouco o ritmo, ainda mais no início, quando não se está habituado com os personagens. Além disso, o estilo da narrativa, que vez ou outra remete ao passado, exige uma atenção a mais. Passado esse obstáculo inicial, você é lançado para um universo fantástico. Realmente, fiquei maravilhado com toda a criatividade da autora e como ela associa peculiaridades da cultura, fauna e flora brasileira. Tem até um novo idioma! É bom ver que a literatura nacional também pode conceber grandes mundos complexos.

Outro ponto que me encantou em Irmandade de Copra – A Irmandade foi o modo peculiar como Caroline narra a história. Ela tem uma escrita jovial, simples e, em alguns momentos, debochada, que dá uma leveza e humor para a trama (ao contrário de algumas publicações do gênero que, de tão lentas, dão até sono), além de ditar um bom ritmo de leitura. As opiniões da autora transparecem no texto e, refletido na figura do narrador em terceira pessoa,  vemos que ela está curtindo tudo aquilo. Transparece a paixão.

Como já é típico da estrutura das trilogias, o primeiro volume focou muito na apresentação, além de preparar terreno para a ação que vem nos próximos livros. Fiquei com vontade de ver “o circo pegar fogo”, confesso, mas não me cansou toda essa contextualização. Pelo contrário, já foram inseridas algumas fagulhas que prometem incendiar em breve. Mas, se pudesse optar, enxugaria alguns detalhes/passagens e colocaria em uma obra só, por maior que ficasse.

Durante a leitura, uma coisa me chamou atenção: CADÊ O VILÃO DESTA HISTÓRIA? Pois é, ele não aparece. No entanto, no epílogo de A Irmandade temos um gostinho de toda a tramoia existente e quem são os personagens “do mal”. Um gancho perfeito! A cereja do bolo do final do primeiro volume. Agora, a pergunta que não quer calar é: quando sai a continuação?

Irmandade de Copra – A Irmandade conseguiu, de fato, a proeza de me fazer ficar encantado por ETs e me envolver em uma trama complexa com muitos personagens e detalhes. Porém, não dá para fechar os olhos para os problemas de revisão e do glossário presentes na obra. Descobrir quais personagens irão morrer é um balde de água fria. Se eu pudesse recomendar que as pessoas não olhassem o glossário, eu faria, mas não dá. Sem o guia das últimas páginas é quase impossível passar do começo. Assim, a dica é não se apegue às idades, nem datas de entrada dos personagens na irmandade ou, então, fique igual a mim, na curiosidade de saber como eles vão morrer.

Para os leitores de fantasia, Irmandade de Copra é um ótima oportunidade de conhecerem um bom trabalho da literatura nacional. Vale realmente a pena, recomendo! Para os demais, um desafio de embarcar em um mundo novo e expandir os horizontes! Antes de julgar os ETs, conheçam-os! Eles podem ser figuras fascinantes!

Autografo Irmandade de Copra
Dedicatória especial da autora Caroline Defanti / Foto: Vai Lendo

Apaixonado por histórias, tramas e personagens. É o tipo de leitor que fica obsessivamente tentando adivinhar o que vai acontecer, porém gosta de ser surpreendido. Independente do gênero, dispensando apenas os romances melosos, prefere os livros digitais aos impressos, pois, assim, ele pode carregar para qualquer lugar.

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