Entrevistas

Entrevista: Laura Conrado

A escritora Laura Conrado conversou com o Vai Lendo sobre o lançamento de seu novo livro, ‘Quando Saturno Voltar’, na Bienal do Livro 2015, e suas motivações ao escrever tramas que abordam algumas das nossas principais questões pessoais

 

Laura Conrado estará na Bienal do Livro 2015 lançando 'Quando Saturno Voltar', pela Globo Livros/Foto: Divulgação
Laura Conrado estará na Bienal do Livro 2015 lançando ‘Quando Saturno Voltar’/ Foto: Divulgação

Se é para falar sobre os problemas da vida (ou melhor, do coração), a melhor coisa é encarar tudo com leveza e bom humor. E esses são traços marcantes da escrita de Laura Conrado. A escritora mineira – que também é jornalista – conquistou uma legião de fãs ao falar sobre as nossas inseguranças, dúvidas, receios e desejos de maneira tão natural e principalmente divertida que é fácil nos identificarmos em suas tramas e personagens. Em seu novo livro, Quando Saturno Voltar, publicado pela editora Globo Livros, ela ainda acrescenta um toque esotérico – algo também bastante presente em nosso cotidiano (quem nunca saiu de casa sem antes ler o horóscopo que atire a primeira pedra) -, firmando-se definitivamente como um dos principais nomes nacionais no gênero chamado chick-lit. Em conversa com o Vai Lendo, Laura falou sobre a expectativa do lançamento do livro na Bienal do Rio 2015 (quem quiser encontrar a escritora, ela estará no estande da Globo Livros na segunda, dia 7 de setembro, às 15h), suas referências e o que ela espera passar para os leitores em suas obras.

Bastante popular e adorada pelos leitores atualmente, Laura lembrou o início da carreira e sua primeira experiência na Bienal, quando ainda nem tinha contrato com editora. Ela ressaltou a dificuldade de um escritor iniciante ao entrar no mercado editorial e apontou que o maior desafio é, de fato, apresentar o seu trabalho, torná-lo conhecido ao público. O sucesso de Freud, me tira dessa!, contou, a surpreendeu e lhe mostrou que, apesar de todos os desafios, o mais importante é ter dedicação e não desistir do seu sonho.

Freud, Me Tira Dessa! foi uma surpresa daquelas…”, declarou ela. “Em três meses, o livro esgotou, ganhei prêmios e ele é bem comentado, até hoje. Isso, para um autor nacional e desconhecido, é incrível. Com meu começo, aprendi que é preciso se dedicar muito e não apenas contar com a sorte ou com o trabalho de uma editora. Eu fiz muita promoção na internet, corri atrás de mídia e investi no corpo a corpo, buscando estar presente em eventos literários. Acredito que o maior desafio é esse: tornar a sua obra conhecida. Por isso, a Bienal do Livro do Rio é muito especial para mim. Em 2011, eu estava com o original de Freud, Me Tira Dessa! debaixo do braço numa luta incansável por editora. De lá para cá, somo cinco livros, dois prêmios, muitos leitores queridos e a vontade de continuar crescendo! Estou animada em rever os leitores e apresentar Quando Saturno Voltar“.

Os romances de Laura Conrado são do gênero chick-lit/Foto: Divulgação
Os romances de Laura Conrado são do gênero chick-lit/Foto: Divulgação

Em seu novo romance, o “toque dos astros” dá um teor ainda mais pessoal à trama, aproximando os leitores que se interessam pelo assunto. E, para aqueles que não acreditam no poder das estrelas, sem dúvida, fica o divertimento ao acompanhar a protagonista tomando decisões baseadas em uma “profecia”. Laura, no entanto, admitiu não ser mais tão ligada em astrologia, mas disse acreditar que a pesquisa feita de maneira séria pode ajudar as pessoas a se conhecerem melhor. E é justamente isso o que ela consegue passar na narrativa.

“Quando adolescente eu adorava astrologia, mas para saber se meu signo combinava com o do carinha de quem eu estava gostando (risos)”, afirmou. “Depois, me tornei mais cética. De uns anos para cá, especialmente por causa do retorno de Saturno (fase que coincide com a volta do planeta para o mesmo lugar do céu de onde nascemos, gerando mudanças e amadurecimento), passei a conhecer mais. Quando a astrologia está nas mãos de astrólogos sérios e passa por um trabalho personalizado para cada pessoa, acredito que funciona como uma boa forma de autoconhecimento. Também é possível averiguar tendências, períodos favoráveis, mas nunca o futuro com o exatidão, afinal, tudo é mutável”.

Tendo como principais referências literárias nomes femininos já consagrados, como Lygia Fagundes Telles, Marina Colasanti, Nélida Piñon, Clarice Lispector e Sophie Kinsella, Laura contou que “bebe muito nessa fonte para trabalhar temas femininos”, especialmente o amor. E o faz com propriedade, uma vez que se preocupa em externar os seus próprios sentimentos e compartilhá-los com seus leitores, mostrando com muito bom humor que, acima de tudo, o principal é aprendermos a nos aceitar e a gostar de nós mesmos, sem que a nossa felicidade dependa de outra pessoa.

Bienal400

“Escolhi falar de coisas que façam sentido para mim”, afirmou. “Aliás, um autor não escreve sobre o que não acredita! Inevitavelmente, o público jovem adulto e feminino tem por motivação estar bem no amor. O que eu faço é mostrar que estar bem com o outro requer uma harmonia consigo antes, e que atualmente a felicidade de uma mulher não depende de estar num relacionamento. Sentir-se útil no mundo e produtiva na carreira é fonte de muita alegria. Misturo isso tudo com um bocado de humor e faço meus livros. A história de Freud, Me Tira Dessa!, por exemplo, aconteceu comigo. Eu me apaixonei pelo meu analista quando mais nova, assim como a Cat. No fim das contas, fiz um livro que me ajudou a realizar meu sonho”.

Laura também comentou sobre o contato direto e a troca de experiências com o público – ela também faz visitas a escolas -, que lhe permitem sentir em que ponto suas histórias mexem com os leitores, com quais situações eles se identificam e, mais do que isso, ajudam a criar laços e ter novas ideias para futuras histórias.

“Não dou conselhos, mas respondo a todo mundo com muito carinho e motivação”, garantiu. “Essa troca é ótima, pois consigo ver o que emociona as pessoas. Costumo usar os temas mais recorrentes em posts para o meu blog e para construir as tramas. Lembro-me de quando nova ter visto de perto alguns escritores em eventos que meu pai me levava, aqui em BH. Além de me despertar para os livros, o contato com esses autores me ajudou a acreditar que eu também poderia escrever. Então, receber mensagens dos leitores é realmente especial. Imagine uma pessoa ler o seu livro e dedicar tempo a fazer contato com você? É incrível! Espero, ainda que na devida proporção, incentivar a leitura e o desejo de escrever nos alunos que encontro”.

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Jornalista de coração. Leitora por vocação. Completamente apaixonada pelo universo dos livros, adoraria ser amiga da Jane Austen, desvendar símbolos com Robert Langdon, estudar em Hogwarts (e ser da Grifinória, é claro), ouvir histórias contadas pelo próprio Sidney Sheldon, conhecer Avalon e Camelot e experimentar a magia ao lado de Marion Zimmer Bradley, mas conheceu Mauricio de Sousa e Pedro Bandeira e não poderia ser mais realizada "literariamente". Ainda terá uma biblioteca em casa, tipo aquela de "A Bela e a Fera".

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