Entrevistas

A importância da revisão e a capacitação dos profissionais

Mônica Rodrigues de Lima, revisora, preparadora e editora da Sophia Editorial/Foto: Divulgação
Mônica Rodrigues de Lima, revisora, preparadora e editora da Sophia Editorial/Foto: Divulgação

A revisão de um texto é tão importante quanto as primeiras palavras que o autor escreve em suas páginas em branco. Afinal, sem esse olhar crítico, sem o zelo, ainda que seja um bom texto, qualquer erro, um simples deslize já custa a atenção do leitor. Por isso, é importante capacitar cada vez mais os profissionais da área e investir na qualidade do produto, no caso, o livro. O Vai Lendo conversou com Mônica Rodrigues de Lima, da Sophia Editorial, sobre a revisão no mercado editorial e as responsabilidades e competências de um revisor. Na entrevista, Mônica, que é revisora, preparadora e editora – e irá ministrar o curso de Revisão de Textos na empresa, que acontece dos dias 19 a 26 de setembro – dá dicas de como trabalhar na área e aponta os principais desafios da função, principalmente com o avanço da internet.

“O papel do revisor no processo de publicação do livro é importantíssimo”, declarou Mônica. “Ele é o responsável pela correção de provas. Gabriel Perissé (professor, escritor e palestrante) tem um texto maravilhoso sobre os revisores intitulado ‘Quem Mexeu no meu Texto?’. Nele, Perissé afirma que ‘tal como o goleiro no futebol, o revisor, na editora, é aquele que evita o pior (o gol do adversário, o erro de digitação, a escorregada gramatical, a incoerência que ninguém percebeu etc.). O olhar do revisor sobre os livros é outro. Não é o olhar de um leitor. Temos um ‘desconfiômetro’ ligado o tempo todo em busca de erros e imperfeições. Um olhar treinado, apurado. A autopublicação não pode prescindir da revisão de texto. Salvo raras exceções (quando o autor da autopublicação é um revisor experiente), acredito que toda obra deve passar pelas mãos (e olhos) de um bom revisor.”

Por falar em autopublicação, tendência cada vez maior entre os novos escritores, devido, em grande parte, às facilidades propiciadas pela internet e às dificuldades de se chegar às editoras, Mônica ressaltou a importância de, mesmo sem o respaldo de uma editora, se preocupar com o produto final. Portanto, ela aconselhou, o mais indicado é procurar profissionais especializados para cuidar não apenas da revisão, mas de outras áreas igualmente fundamentais na preparação de um livro, como o design e alguém para cuidar do marketing. Contudo, por maior que seja a atenção dada à revisão, ainda é possível detectar pequenos erros nos mais variados títulos, inclusive, de português. Para os leitores, alguns erros são quase imperceptíveis, porém, outros chegam a prejudicar a leitura. Mônica explicou que essa é uma questão frequentemente abordada por seus alunos e cita o “corte nos gastos” como um dos principais fatores de uma certa ausência na fiscalização da qualidade do texto.

Revisores são imprescindíveis para a qualidade do texto
Revisores são imprescindíveis para a qualidade do texto

“Vale ressaltar que algumas editoras, com o intuito de cortar gastos em um ano de crise econômica, pulam algumas etapas do processo editorial”, disse. “Isso, sem dúvida, reflete no produto final, ou seja, um livro com mais erros do que o esperado. Além disso, os prazos extremamente curtos também comprometem a qualidade do trabalho do revisor. Como revisar bem um livro de 500 páginas em cinco dias, por exemplo? É praticamente impossível”.

Para ser um revisor, supõe-se que o profissional deve apresentar amplo domínio da língua portuguesa. No entanto, a realidade é um pouco diferente, uma vez que o próprio ensino do português nos cursos de formação profissional se mostra defasado ou, até mesmo, precário. Mônica enfatizou que “as regras básicas da língua devem ser relembradas, assim como os pontos cruciais de dúvidas que sempre perpassam o trabalho de revisão”. Ela citou ainda a importância dos cursos de formação profissional para revisores como uma troca de experiências entre os profissionais.

“Seja qual for a área profissional na qual a pessoa irá atuar, é necessário conhecer muito bem o português”, afirmou. “Hoje em dia, mandamos e-mails, elaboramos relatórios e apresentações que devem ter uma sólida base de conhecimento de língua. Conheço revisores que não são formados em Letras ou Editoração. Daí a importância de cursos de português para esses profissionais, além de apresentar as técnicas da função, mostrar o panorama atual do mercado editorial e proporcionar essa troca de informações entre colegas experientes e iniciantes na área. Um bom revisor precisa conhecer o português, seu instrumento de trabalho. Um dos meus projetos para 2016 será oferecer um curso de português (em poucos módulos) para suprir essa carência”.

 

Jornalista de coração. Leitora por vocação. Completamente apaixonada pelo universo dos livros, adoraria ser amiga da Jane Austen, desvendar símbolos com Robert Langdon, estudar em Hogwarts (e ser da Grifinória, é claro), ouvir histórias contadas pelo próprio Sidney Sheldon, conhecer Avalon e Camelot e experimentar a magia ao lado de Marion Zimmer Bradley, mas conheceu Mauricio de Sousa e Pedro Bandeira e não poderia ser mais realizada "literariamente". Ainda terá uma biblioteca em casa, tipo aquela de "A Bela e a Fera".

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