Entrevistas

Tornaghi explica a relação dos 12 apóstolos e seus signos

O astrólogo Pedro Tornaghi bateu um papo muito interessante com o Vai Lendo sobre o seu primeiro livro, Leonardo Astrólogo: O Jogo de Símbolos na Santa Ceia, publicado pela Editora Bertrand Brasil, no qual ele explica a relação dos 12 apóstolos com os signos do zodíaco, de acordo com a sua disposição no quadro “A Última Ceia”, de Leonardo Da Vinci. Se você, assim como nós, se interessa pelo assunto e deixa a curiosidade falar mais alto, aproveite a breve aula de astrologia que Tornaghi gentilmente nos ofereceu, ao resumir as principais características encontradas nos apóstolos e em suas respectivas posições e expressões corporais e faciais na imagem para definirmos os seus signos:

'A Última Ceia', de Leonardo Da Vinci/Divulgação
‘A Última Ceia’, de Leonardo Da Vinci/Divulgação

Áries – Simão

Ele mostra muita firmeza e muita decisão na atitude dele. São duas características de Áries. Ele coloca as mãos para cima, e as mãos abertas para cima são sempre um sinal de verdade e de sinceridade. Os arianos são muito diretos e muito sinceros, e ele (Simão) olha no olho do parceiro ao lado. O ariano tem muito isso, gosta de falar cara a cara. Fora que ele ainda parece ignorar a mesa inteira quando está falando, porque ele fala apenas com aquele parceiro ao lado. Para os arianos, cinco pessoas, às vezes, é uma multidão”.

Touro – Judas Tadeu

“O Touro, que vem ao lado, está com o pescoço para baixo, mostrando uma cabeça mais abaixada em relação aos ombros dos outros. Esse é um sinal de subserviência; os taurinos acatam muito a ordem, o que precisa ser feito. Ele tem a mão direita em forma de cálice, porque o cálice é sempre um símbolo de receptividade, de acolhimento. Mas o cálice também é um símbolo de fertilidade; os taurinos são muito férteis, mas a mão direita dele também pode estar questionando. Por outro lado, a mão esquerda está inerte sobre a mesa, então, ele tem uma mão tensa e a outra, relaxada, que mostra essa capacidade do taurino de ir fazendo as coisas, mas de uma forma doce, com um certo pragmatismo do taurino de buscar relaxar, porém, questionando”.

Gêmeos – Mateus

“O geminiano vira o rosto para um lado e os braços para o outro, o que mostra esse lado multifacetado de Gêmeos. Essa multiplicidade de interesses e a capacidade do geminiano de dar atenção para mais de uma coisa ao mesmo tempo. Ele consegue dar atenção com o olhar para o Simão e, com as mãos, para o resto da mesa toda. Com as mãos, ele alarga os gesto, porque os geminianos são aqueles que escutam o que você tem a dizer e espalham para todo mundo, eles são os divulgadores da ideia, eles repassam adiante”.

Câncer – Filipe

“Filipe, o canceriano, está um pouco inclinado em direção a Cristo. Ele está numa posição que provavelmente não vai aguentar ficar mais de um minuto, está muito desequilibrado. Eles sempre adotam atitudes que, às vezes, não se sustentam por muito tempo. Por isso que o caranguejo, o canceriano, dá dois passos para frente e um para trás porque eles sempre avançam, mas acabam sendo obrigados a retornar. Ele aponta com as duas mãos para o próprio peito, mostrando o quanto a sensibilidade e o sentimento são prioridades para o canceriano, e faz uma expressão suplicante para Cristo, como quem busca uma cumplicidade para o sofrimento dele. Os cancerianos têm muito isso. Eles, às vezes, sofrem emocionalmente por uma hipersensibilidade às coisas, mas querem comover o outro também. Ele tem aquele olhar de quem quer comover Cristo para aquilo que está sentindo”.
Leão – Tiago Menor
“O leonino abre os dois braços lateralmente. Ele é regido pelo Sol, então, sempre lembra esse irradiar da energia leonina, dos braços, como quem irradia seus raios. Ele coloca um vigor num momento de crise. Da Vinci escolheu fazer a ‘Ceia’ no momento em que Cristo anuncia que foi traído por um deles. Todas as Ceias antes de Da Vinci eram sempre o momento da Eucaristia, que é um momento muito suave, doce, e o Da Vinci escolheu esse momento mais dramático, que o permitiu explorar melhor a expressão de cada um dos apóstolos. Então, Tiago, o leonino, explora essa dramaticidade abrindo os braços. Ele abre os braços como quem exige atenção para o próprio peito, ocupando o espaço do virginiano e deixando ele quase escondido da cena. Ele também ocupa o espaço aéreo do canceriano, portanto, às vezes, os leoninos precisam do espaço, e ele é o apóstolo que tem o peito mais iluminado. O Leão tem essa coisa de luz, e ele vira a cabeça para o próprio peito, como quem diz ‘aqui está o centro do universo'”.
Virgem – Tomé
“O virginiano fica um pouco escondido do Leão. Tomé mostra a ponta do dedo para Cristo e parece estar achando defeito até no que Cristo diz/viu. Ele dá atenção para o detalhe. Os virginianos têm aquela atenção aos pormenores, ao que passa despercebido por todo mundo. Ele realça, tem um olhar muito tenso de quem está muito preocupado com o detalhe, com o que está acontecendo. E ele estar meio escondido atrás do Leão mostra que, às vezes, os virginianos acham que o que estão percebendo é tão pequenininho perto da imensidão de todo o resto da mesa, que eles acabam ficando inseguros daquilo que vão dizer, se encolhendo no canto”.
Libra – João
“O libriano parece criar uma redoma de paz e amor em torno dele, como se não estivesse tendo uma celeuma na mesa. Eles têm dificuldade de lidar com atrito, então, criam um espaço de paz e amor para ele. João entrelaça os dedos como quem diz ‘preciso meditar um pouco sobre a situação’. Eles, muitas vezes, na hora do atrito, não querem se manifestar e ficam esperando o melhor momento, meditando, postergando o seu posicionamento. Ele tem a cabeça inclinada para Pedro, o sagitariano, como se quisesse escutar o conselho dele. Os librianos são isso. Eles gostam de escutar os conselhos dos outros. São os melhores escutadores. Ele cria um círculo com os braços em cima da mesa, o que é o símbolo do pôr do sol. O libriano está ligado ao pôr do sol, ao momento da paz, do dia que está acabando, quando a gente para e reflete como foi o dia, em vez de buscar novas atitudes”.
Escorpião – Judas Iscariotes
“O seguinte, Escorpião, é Judas Iscariotes, e ele está inclinado na direção oposta de Cristo, como se fosse uma catapulta, como se estivesse buscando energias para pular de volta no pescoço do homem. O Escorpião tem um pouco isso, ele usa, em alguns momentos, as coisas que você diz, depois, contra você. É preciso tomar cuidado com o que se diz ao Escorpião, porque ele pega, reformula e lhe devolve. Ele está derrubando o sal com o braço direito, e o sal é o símbolo de eternidade. Então, ele derrubar o sal simbólico é subverter aquilo que está instituido. E ele tem uma mão direita fechada segurando o saco dos 30 dinheiros, o que simboliza essa ligação do Escorpião com o poder, mas tem a mão esquerda arreganhada como quem está se preparando para dar o bote, o troco, dar o pulo. Ele tem o olhar desafiador em direção a Cristo, como quem quer penetrar na cabeça de Cristo, no que ele está pensando. O Escorpião tem essa capacidade, muitas vezes, de penetrar na alma do outro para conseguir um compromisso de alma com o que o outro está dizendo”.
Sagitário – Pedro
“O Sagitário, Pedro, aponta com a mão esquerda para Cristo, mas segura uma faca meio escondida na mão direita. O sagitariano é o centauro, aquele que tem um lado animal, o corpo animal o bíceps humano, e as setas sempre apontadas para o alto, então, eles têm essa busca constante pela evolução, de passar do animal para o humano e do humano para o espiritual. Por isso, a faca na mão direita simboliza o instinto animal do sagitariano e a outra mão, apontando para o Cristo e para cima, o desejo de ser algo superior, espiritualizado. O sagitariano é sempre palco dessa luta entre quem vai comandar as suas atitudes, se é o lado animal ou o espiritual, desenvolvido. Ele tenta idealmente ser sempre espiritual, mas, de vez em quando, dá umas patadas, galopa por cima, porque, de repente, tem um instinto que comanda a atitude dele. Ele está dando conselho para o libriano; os sagitarianos adoram dar conselhos, e ele aponta todos os dedos juntos para Cristo, o que mostra que é uma junção, uma coesão. Ele tem dificuldade de lidar com o que sai do trilho”.
Capricórnio – André
“Ao lado de Sagitário se tem o capricorniano André, que tem as duas mãos para frente numa postura típica de cautela; ele está com as costas absolutamente retas. O André pode ficar o dia inteiro nessa posição porque ele está com as costas eretas, e isso sempre tem a ver com o fato de se responsabilizar. Os capricornianos se responsabilizam pelo que falam e fazem. Até por isso, ele tem essa cautela para estudar a situação. Quando ele assume uma postura, assume mesmo”.
Aquário – Tiago Maior
“Ao lado de André está Tiago Maior, o aquariano, que sussurra em seu ouvido. Os aquarianos são bons conspiradores. Eles querem juntar os amigos, em vez de tomar uma atitude sozinhos. Ele vai desqualificando um argumento certo aqui e outro ali para tentar achar uma brecha para fazer as coisas de uma maneira nova e diferente. E ele fala no ouvido do capricorniano, mas, com a mão esquerda, ele chama o sagitariano para dar cumplicidade aos argumentos dele. Os aquarianos gostam mais de ficar atrás, não são de subir no palco e se mostrar. Eles gostam mais de ficar nos bastidores e preparar alguém para brilhar. Então, ele está contando para o capricorniano que atitude tomar”.
Peixes – Bartolomeu
“O último apóstolo é o Bartolomeu, de Peixes, e ele está de pé, olhando para a mesa e vendo tudo de cima, mas sem tomar atitude nenhuma. Os piscianos são assim, eles olham o todo. Muitas vezes, eles ficam olhando, veem que a coisa acaba se arrumando sozinha e não acham necessário se envolver. O pé do Bartolomeu é o único pé iluminado. Da Vinci pintou como se tivesse uma incidência de Sol na região do leonino; conforme vai se afastando dali, fica mais escuro, então, esses últimos três signos estão na parte mais escura do quadro. O escuro tem a ver com o inconsciente, mas, apesar de ele estar na parte mais escura, o pé dele é o único que, de baixo da mesa, recebe luz, porque o pé é a parte do corpo de Peixes, que representa Peixes, assim, esse pé na luz simboliza o pé bruto. O pisciano é aquele que segura o peso do corpo, o que tem essa ideia do sacrifício, de você se sacrificar para salvar o que precisa ser salvo. As mãos do Bartolomeu estão bem relaxadas, apoiadas com muita suavidade sobre a mesa, o que mostra a sensibilidade do pisciano de querer chegar nas coisas sem conflito”.

Jornalista de coração. Leitora por vocação. Completamente apaixonada pelo universo dos livros, adoraria ser amiga da Jane Austen, desvendar símbolos com Robert Langdon, estudar em Hogwarts (e ser da Grifinória, é claro), ouvir histórias contadas pelo próprio Sidney Sheldon, conhecer Avalon e Camelot e experimentar a magia ao lado de Marion Zimmer Bradley, mas conheceu Mauricio de Sousa e Pedro Bandeira e não poderia ser mais realizada "literariamente". Ainda terá uma biblioteca em casa, tipo aquela de "A Bela e a Fera".

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