Resenhas

A Menina Que Roubava Livros, de Markus Zusak | Resenha

‘A Menina Que Roubava Livros’: o livro que rouba emoções

 

Quem tem o hábito de ler sabe o quão fascinante, inspiradora e enriquecedora é esta prática. Eu sou daquele tipo de leitora que literalmente vive as histórias. Cada livro é uma nova experiência, um novo mundo, novas sensações e principalmente emoções. Quando estou diante de páginas e mais páginas de uma obra, é como se fosse transportada para outra realidade (minha mãe que o diga, pois ela pode estar do meu lado que não consigo escutá-la me chamando).  Ler me faz gargalhar, chorar, refletir e me apegar a personagens que, na maioria das vezes, nunca existiram (e nunca vão existir), mas com os quais me identifico tanto e me ensinam tanta coisa que já os considero parte da minha vida (não queiram estar perto de mim, portanto, quando algum personagem querido morre ou não tem um final digno. Não me responsabilizo pelos meus atos; sou dessas). Todos os livros que li até hoje me marcaram de alguma maneira, seja boa ou ruim. Mas alguns são ainda mais especiais, daqueles que mexem profundamente com nossos corações e mudam a nossa forma de pensar e ver as coisas. E toda essa introdução foi para homenagear um livro que li recentemente (com certo atraso e porque vai sair o filme, admito), agora um dos meus preferidos, e que teve esse efeito sobre mim: A Menina Que Roubava Livros, publicado aqui no Brasil pela editora Intrínseca.

Divulgação
‘A Menina Que Roubava Livros’ / Divulgação

Às vésperas da Segunda Guerra e do massacre aos judeus, em plena Alemanha comandada por Hitler, Liesel Meminger, como muitas outras crianças, com apenas 10 anos, perdeu o irmão e teve que se separar da mãe, que não tinha condições de criá-la. Na rua Himmel, numa área pobre de Molching, cidade próxima a Munique, a menina, aos poucos, iniciava uma nova vida, cheia de dificuldades, é claro, mas também de muito significado. O medo e os desafios, quando teimavam em nortear as ideias de Liesel, eram confrontados por seus mais fiéis e inspiradores companheiros: os livros. As palavras, ela logo saberia, seriam suas principais aliadas numa época de desespero e de muita tristeza.

O poder de uma boa história…De algumas letras organizadas em frases que, mesmo inconscientemente, são capazes de mudar o mundo. Me limitarei na descrição do livro para não estragar essa belíssima jornada para aqueles que ainda não tiveram a oportunidade de conhecer a história de Liesel Meminger. O que eu posso dizer é que Markus Zusak, autor da obra, terá para sempre o meu respeito e admiração. Com muita delicadeza, sem, contudo, deixar de ser fiel ao clima tenso e sombrio daquele período, ele expôs os horrores de um passado que todos gostaríamos de esquecer e construiu em Liesel um símbolo de força, humanidade, coragem e  esperança, tão necessário para quem infelizmente viveu aqueles dias. A linguagem abordada por Zusak me impressionou, principalmente pela escolha do (a) narrador (a) (que também não revelarei, porque, para mim, é um dos aspectos fundamentais do livro, responsável por torná-lo tão pessoal e significativo).

Markus Zusak/Divulgação: Intrínseca
Markus Zusak/Divulgação: Intrínseca

Felizmente, Zusak sabe que Liesel não teria condições de fazer tudo sozinha e desenvolve uma gama de personagens igualmente fortes e apaixonantes (entre outros detestáveis, como não poderia deixar de ser). Hans, Rosa, Rudy, Max, Ilsa… Cada um deles tem a sua peculiaridade, seus defeitos, porém, muitas qualidades, e todos ajudam Liesel a recomeçar a sua vida e a realizar a sua missão. Amo todos, verdadeiramente. E, junto com Liesel, aprendi com eles. Porém, acima de tudo, até mesmo de Liesel, o autor reconhece e dá a devida importância para os livros (já virei fã número um desse cara), aqueles que desde o início dos tempos foram imprescindíveis para a evolução da sociedade, que nos oferecem sabedoria e liberdade.

O cenário em que se passa A Menina Que Roubava Livros, para mim (e acredito que para a maioria de nós), é um tema muito delicado e que chega a me embrulhar o estômago. Até hoje, sempre que leio algo sobre essa época sinto uma profunda tristeza e, até mesmo, um misto de sentimentos de impotência e insignificância, diante das vidas que se foram  e do sofrimento causado pela arrogância e pela ignorância do ser humano. Esse livro é simplesmente revelador e transformador, pois Liesel não é poupada, mesmo sendo criança. Pelo contrário. Ela vê seus piores pesadelos (e os de qualquer pessoa) se tornarem realidade em um curto espaço de tempo. E todos nós a seguimos e acompanhamos a sua jornada com aquele nó na garganta, rezando para que tudo aquilo acabe logo. Por ela, por todos eles. No entanto, o romance de Zusak, de alguma forma, também nos faz sorrir e nos emociona (se você, como eu, é a sensibilidade em pessoa, comece a separar o estoque de lenços). Ele nos mostra que, por mais difícil e assustador que seja, e por mais que a vida, em certos momentos, teime em mostrar o contrário, ainda há esperança para aqueles que não abrem mão de seus sonhos e de seus valores. E que as coisas mais simples, como um livro, por exemplo, são aquelas que podem mudar tudo e mostrar uma saída, em algum momento.

Não sei se você vai concordar com a minha opinião, nem se terá paciência para ler tudo o que eu escrevi. Mas senti tanta coisa ao terminar esse livro, que precisava organizar as ideias e prestar essa singela homenagem. Nunca conseguirei fazer jus, de fato, à obra, mas, Zusak e Liesel me  incentivaram a fazê-lo da maneira mais simples e verdadeira, e com a qual eu sei me comunicar melhor: com as palavras. Gostaria que todos pudessem ter a mesma experiência que eu tive com essa leitura, porque Liesel não rouba apenas livros, mas também os nossos corações.

Saiba onde comprar:

Amazon – FnacLivraria CulturaLivraria TravessaSaraivaSubmarino

Jornalista de coração. Leitora por vocação. Completamente apaixonada pelo universo dos livros, adoraria ser amiga da Jane Austen, desvendar símbolos com Robert Langdon, estudar em Hogwarts (e ser da Grifinória, é claro), ouvir histórias contadas pelo próprio Sidney Sheldon, conhecer Avalon e Camelot e experimentar a magia ao lado de Marion Zimmer Bradley, mas conheceu Mauricio de Sousa e Pedro Bandeira e não poderia ser mais realizada "literariamente". Ainda terá uma biblioteca em casa, tipo aquela de "A Bela e a Fera".

2 Comentários

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *