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Encontro levanta tendências e discute expectativas para o mercado editorial em 2018

O papo Previsões Editoriais para 2018, realizado na Blooks Livraria, em Botafogo, no Rio, contou com a presença de Mariana Rlr, Camila Cabete e Cristiane Gomes, com mediação de Cassia Carrenho

O que esperar para o mercado editorial em 2018? Quais são as novas tendências, plataformas e demandas e de que maneira os profissionais do livro terão que se adaptar para atender aos leitores? Todas essas questões foram levantadas e debatidas no papo Previsões Editoriais para 2018, que aconteceu na última segunda-feira (15), na Blooks Livraria, em Botafogo, no Rio de Janeiro, e contou com a presença de quatro mulheres de destaque da indústria: Mariana Rlr, da Harper Collins Brasil, Camila Cabete, da Kobo, Cristiane Gomes, da Bookwire, e Cassia Carrenho, responsável pela mediação.

Dentre os temas apresentados, foi um consenso a necessidade atual de não apenas o editor, mas todos os profissionais da área se manterem atualizados e antenados às demandas das novas gerações e do surgimento de plataformas, bem como a urgência de as editoras perceberem o crescimento e a firmação da literatura de nicho. Um dos exemplos apontados nesse sentido, inclusive, foi a reativação do selo feminino do Grupo Editorial Record, Rosa dos Tempos.

“A editora precisa estar atenta ao que publica”, afirmou Mariana. “Ela precisa criar uma identidade, porque o leitor está mais atento. Ele deixou de se preocupar com a logo da editora para saber qual é o editor que está trabalhando no livro. E essa é a grande preocupação das grandes editoras, hoje: criar nichos para fidelizar os leitores. O editor precisa estar atento porque tudo pode ser oportunidade. Por isso, esse selo do Grupo Editorial Record veio num momento oportuno. Foi uma decisão brilhante reativá-lo. Ele vai trazer a discussão feminista para fora do âmbio acadêmico e do entretenimento”.

Para Camila, essa tendência de nicho pode ser bem observada no digital e obriga os editores a pensarem além do que já é conhecido e abrirem os olhos para o novo.

“No digital a gente vê bastante o crescimento da literatura de nicho e percebe que se pode ganhar dinheiro com isso”, completou. “O editor precisa perceber que está editando conteúdo para uma galera da qual ele não faz ideia do que está falando e do que se passa na cabeça. É uma nova geração”.

Também foi discutido no encontro o sistema Google Shopping, que mostra as informações sobre o estoque das lojas on-line, criando uma conexão entre os anúncios e o estoque das lojas físicas dos varejistas, segundo informou matéria publicada no Publishnews. Camila e Cristiane apontaram que o sistema ajuda na modernização do processo.

“É normal vender livro para ser reciclado”, declarou Camila. “É muito dinheiro jogado fora, espaço desperdiçado. Eu acho que o estoque vai acabar. É preciso automatizar isso. O Google Shopping é para isso. Você não precisa mais fazer um estoque gigante. O editor vai saber onde tem o livro dele. O digital, por exemplo, não tem estoque. O report é quase em tempo real. Acho que esse é um movimento para o fim do estoque e para a automatização”.

Cristiane, por sua vez, endossou a afirmação de Camila e ressaltou as vantagens da impressão por demanda.

“Impressão por demanda é uma alternativa para as editoras, independente do tamanho”, concluiu. “Você ganha em automação e preço”.

Previsões Editoriais para 2018: Cassia Carrenho, Mariana Rlr, Camila Cabete, Cristiane Gomes / Foto: Vai Lendo

É impossível falar no futuro do mercado editorial sem pensar no suposto embate entre livros físicos e digitais, que tanto tentam emplacar. Mal sabem essas pessoas que os dois formatos não precisam disputar espaço. Pelo contrário, para o quarteto que debateu as previsões para 2018, os livros físicos e digitais não só podem conviver como eles se complementam. Para isso, no entanto, Cassia, Mariana, Camila e Cristiane indicaram que atualmente é preciso pensar no livro como conteúdo,

“Os livros físicos e digitais são produtos que andam de formas diferentes”, apontou Mariana. “Não quer dizer que o livro vai acabar. É preciso pensar em todas as plataformas. O editor de livro vira editor de conteúdo. O digital vem para ajudar a democratizar, dar oportunidade a outras editoras e como ferramenta para o editor. Porque ajuda o editor a descobrir o perfil do seu leitor. E o e-book é uma porta de entrada também para vários leitores”.

Já Camila também exaltou o fato de as plataformas digitais de publicação servirem como vitrines para as editoras. Elas também comentaram o crescimento da literatura de não ficção, como um reflexo do momento de crise econômica e cultural pelo qual passa a nossa sociedade, quando as pessoas tendem a procurar por conteúdos inspiradores também como forma de aprendizagem e de superação. E é justamente devido a esse momento de crise também que, elas discutiram, surgem cada vez mais cursos de profissionalização para o mercado editorial.

“Essa situação de crise urge a busca por alternativas”, destacou Cristiane. “E, dentre essas alternativas, está a busca por formação.Você precisa buscar alternativas de conhecimento. Esse é o momento”.

“Eu acredito em parceria e em colaboração”, completou Camila. “Temos que acompanhar as mudanças. Minha preocupação é profissionalizar os profissionais do mercado”.

Previsões Editoriais para 2018: Cassia Carrenho, Mariana Rlr, Camila Cabete, Cristiane Gomes / Foto: Vai Lendo

 Com tantas informações, mudanças e atualizações, foi levantada também a preocupação com os modelos de mercado mais antigos, como as livrarias. Contudo, Mariana, Camila e Cristiane foram taxativas quanto a importância de se manter esses espaços e a experiência física e, depois, finalizaram com as suas próprias impressões para a indústria.

 “Nós (Kobo) acreditamos muito em parceria com as livrarias locais, e uma das previsões é que a possamos estender essas parcerias”, disse Camila. Se não nos unirmos para ganhar, não vai adiantar. Temos que fazer o ato de comprar livro um ato político. E é preciso entender também que não é porque é digital que é automático. É preciso trabalhar o produto, assim como com o livro impresso. Temos que nos aproveitar das métricas, do produto digital para encontrarmos os nossos clientes”.

 Mariana, por sua vez, garantiu que não é preciso promover uma substituição de formatos, em relação às livrarias. “O mercado está dançando conforme a música. É tudo colaboração. O leitor não se limita mais a ir em um único ponto de venda. Você precisa ter a experiência do outro, algo que a internet restringe. A livraria é uma experiência mais humanizada. No geral, falando do mercado, o editor tem que estar preparado para todos os formatos. O nosso objetivo agora é mostrar coisas novas para o público mais adulto. Pensem em criar empatia com o leitor. As pessoas estão escolhendo o que vamos publicar”.

 Cristiane finalizou exaltando o ambiente diversificado e diferenciado das livrarias e destacou a importância de se organizar e planejar o produto digital. “Temos que pensar no planejamento já como o impresso. É preciso pensar também num conteúdo exclusivo para o digital”.

Jornalista de coração. Leitora por vocação. Completamente apaixonada pelo universo dos livros, adoraria ser amiga da Jane Austen, desvendar símbolos com Robert Langdon, estudar em Hogwarts (e ser da Grifinória, é claro), ouvir histórias contadas pelo próprio Sidney Sheldon, conhecer Avalon e Camelot e experimentar a magia ao lado de Marion Zimmer Bradley, mas conheceu Mauricio de Sousa e Pedro Bandeira e não poderia ser mais realizada "literariamente". Ainda terá uma biblioteca em casa, tipo aquela de "A Bela e a Fera".

2 Comentários

  • Yasnaya

    Cara, bem oportuno mesmo essa discussão. Como Mercado, claro que tem que ser dinâmico, pois envolve produto e consumidor.
    Eu como bibliófila, não vou abandonar meu kindle, que amo de paixão e muito menos parar de comprar livros físicos ♥, isso é totalmente fora de questão. Não tem porque competir. Cada um serve a um propósito. Sem falar que tenho o mesmo livro nos dois formatos.
    Amoooooooo ir a livraria, biblioteca, esses espaços têm que existir, concordo. É uma experiência muito gratificantes estar rodeada pelo que você ama.

    Adorei ler esse post.
    xero

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