Resenhas

Angus, O Primeiro Guerreiro, de Orlando Paes Filho | Resenha

‘Angus, O Primeiro Guerreiro’: uma história com potencial, mas faltou a essência dos vikings

Angus, O Primeiro Guerreiro, de Orlando Paes Filho, publicado pela Novo Conceito, conta a trajetória do jovem viking Angus — que também é o narrador — para se tornar um grande guerreiro e alcançar a sua vingança contra Ivar, O Sem-Ossos, um viking perverso e desonesto, cujo único objetivo é dominar as terras nórdicas e além.

O início é bem movimentado. Já nas primeiras páginas o leitor se vê imerso em batalhas, tramoias e, logo, traições. É um bom começo, embora eu deva admitir que já nesse início não me apeguei ao personagem principal — eu diria, na verdade, que foi o contrário —, o que é um grande problema, já que a narração é em primeira pessoa — nesse caso, quando o leitor não curte o personagem, que é o narrador, as chances das coisas darem errado são imensas.

Pois é…

Primeiro, porque eu esperava um típico viking, um guerreiro que corteja a batalha, que tem uma cega fé em seus deuses e que coloca a honra acima de tudo. Mas Angus não é assim. Para um viking, eu achei a fala dele estranhamente polida e educada demais. Honestamente, senti falta de palavrões e de expressões mais diretas e cruas. Eu queria e esperava por um personagem inteiramente guerreiro, mas o que eu tive foi um narrador, que fala o tempo inteiro sobre o que ele pensa e sente — eu esperava que ele me dissesse como agia. Na verdade mesmo, no começo, sua narrativa beira a inocência infantil, como se ele fosse uma criança que sabe usar o machado mais ou menos bem — de fato, ele é jovem, mas nem tanto. Sem falar de sua francamente irritante mania de contar ao leitor o que vai acontecer antes que aconteça — eu sinceramente não entendi o objetivo disso.

Mas, calma, todos os pontos que apontei são baseados inteiramente no meu gosto. Então, não posso colocar a culpa em ninguém a não ser em mim mesma. Talvez, eu tenha esperado outro tipo de livro.

No entanto, desde o começo, Angus mostra um grande potencial para se desenvolver. E, de fato, ele se desenvolve e se torna um Angus bem diferente do Angus que vemos no início do livro. Ao contrário de muitos dos seus companheiros, ele observa e questiona, antes de agir. Porém, eu não posso dizer que gostei de todas as mudanças.

Bom, quando se lê um livro que conta uma história de vikings — porque é uma história de vikings —, narrada por um jovem viking, que foi criado no meio de vikings e batalha ao lado deles, espera-se que fale sobre a cultura deles. No entanto, eu vi bem mais da cultura cristã do que da viking em si. Uma pena.

No que concerne o decorrer da história em si, acho que poderia ter sido resumido — Angus passava muito tempo divagando, o que tornou a leitura cansativa demais. Mas batalhas e picuinhas são o que não falta, ou seja, o Angus está sempre tentando resolver algum problema ou se metendo em alguma enrascada — que, no final, nunca é culpa dele. Acho que isso me cansou também, porque nada nunca é culpa dele — o sujeito é um exemplo de ser humano, o que o torna incrivelmente chato e sem graça.

Quanto ao trabalho da editora, não vi nenhum problema. As ilustrações, contudo, apesar de bem feitas, na minha opinião, não combinaram tanto com a história.

Bom, apesar de tudo, acho que é perfeitamente possível que aquilo que eu não goste provavelmente pode ser do gosto de outras pessoas.

 

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