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A mitologia de Neil Gaiman

Com sua narrativa ousada, sagaz e reflexiva, Neil Gaiman nos traz um novo olhar dos seres mitológicos e suas histórias

História boa é aquele que consegue literalmente transportar o leitor para além das páginas. Aquela que nos leva a outros mundos, que nos faz desbravar novos universos. Neil Gaiman é mestre nisso. E mais: nos faz questionar, nos instiga e estimula. Ele é um gênio. E, aproveitando o especial promovido pela editora Intrínseca em homenagem ao autor, vou falar sobre aquilo que me fez virar uma fã de carteirinha. A mitologia de Gaiman.

Gaiman, assim como eu e boa parte de seu séquito, adora mitologia. Mais um motivo para eu venerar esse cara. Só que Gaiman consegue algo que poucos – ou melhor, quase ninguém – conseguem, que é criar a sua própria mitologia. Sem nunca perder a essência dos deuses antigos e seus mitos, ele tem uma capacidade única de nos mostrar o seu próprio ponto de vista, as suas impressões sobre aquelas histórias. E, olha, por várias vezes, eu prefiro a versão do Gaiman. #ProntoFalei

Além de transformar a mitologia em algo mais acessível – coisa que Rick Riordan também faz com maestria, principalmente para os jovens -, Gaiman nos abre a mente para questionamentos bem mais profundos. Ele consegue transcender a superficialidade de uma narrativa e nos entregar uma reflexão, uma simbologia especial e totalmente relevante. Como em Deuses Americanos, por exemplo. Aliás, foi com esse livro que me iniciei nesse universo surpreendente, catártico e ousado de Gaiman.

Em Deuses Americanos, Gaiman faz uma dura crítica à sociedade contemporânea através de uma disputa intensa e praticamente decisiva entre os chamados deuses antigos (aqueles gregos, nórdicos, africanos, irlandeses, entre outros, das mitologias as quais já estamos acostumados) e os que seriam os novos deuses, criados a partir das necessidades e dos desejos da sociedade atual, voltada para o capitalismo e para a tecnologia. Com a premissa de que os deuses antigos estão perdendo espaço e consequentemente os seus poderes na mente dos seres humanos, que estão perdendo a sua capacidade de crer nessas entidades para venerar à cultura do consumismo e das facilidades tecnológicas, Gaiman também transforma a mitologia em um verdadeiro aprendizado, quase um estudo antropológico. Tudo isso com a sua narrativa visceral, objetiva e, bom, genial mesmo.

Já em Mitologia Nórdica – uma das preferidas do autor, conforme ele mesmo já declarou -, Gaiman nos presenteia com uma antologia de contos que abrangem desde a criação do universo até o Ragnarok, o chamado fim dos tempos para os deuses nórdicos. São 15 histórias, no total, que nos apresentam Thor, Odin, Loki, Frey e tantos outros personagens da mitologia escandinava de uma maneira que só Gaiman é capaz de fazer. Com muita irreverência, inteligência, leveza e sagacidade. Sim, quando leio algo do autor, essa é uma das primeiras impressões que eu tenho dele. De alguém tão sagaz e tão inteligente que é capaz de falar sobre qualquer coisa do jeito que ele quiser. E é exatamente isso o que ele faz. Quem dera eu tivesse a oportunidade de estar frente a frente com ele para bater um papo sobre literalmente tudo. Mitologia Nórdica é um livro para ser apreciado e absorvido de maneira despretensiosa e divertida, do jeito que Gaiman o escreveu. Já falei que o adoro?

Seja com suas críticas sutis ou nada sutis, suas reflexões, seu humor ácido e carismático, sua narrativa arrebatadora e seus questionamentos, Gaiman traz um frescor, um novo olhar à mitologia. E para quem, como eu, adora o assunto, seus livros são um prato cheio de entretenimento e principalmente de muito aprendizado. Hoje em dia, declaro, com orgulho, ser uma estudiosa fervorosa da sua mitologia. Para mim, Gaiman é praticamente um deus literário.

Deuses Americanos na televisão

Como se tudo isso não fosse o bastante, Gaiman também quer nos hipnotizar em outros formatos. Já estou contando os dias para a adaptação de Deuses Americanos para a TV, que em estreia prevista nos Estados Unidos para o dia 30 de abril, pelo canal Starz, e dia 1º de maio para praticamente todo mundo, através da Amazon Prime Video.

A série tem produção executiva de ninguém menos do que Gaiman, portanto, tudo indica de que teremos uma adaptação digna de sua obra original. Afinal, ninguém melhor do que o próprio criador para saber onde mexer ou não em seu próprio trabalho. Os responsáveis pela série são Bryan Fuller (Hannibal) e Michael Green (Lanterna Verde), mas foi o elenco – além, é claro, do próprio Gaiman – que me fez colocar a expectativa para a série lá em cima. Gente, por favor, leiam com atenção esses nomes: Ricky Whittle (Shadow), Ian McShane (Wednesday!!!), Pablo Schreiber (Mad Sweeney), Gillian Anderson (Media), Jonathan Tucker (Low-Key Liesmith), Emily Browning (Laura Moon), Omid Abtahi (Salim), Crispin Glover (Mr. World), Orlando Jones (Mr. Nancy), Demore Barnes (Mr. Ibis), Dane Cook (Robbie) e Jeremy Davies (Jesus Cristo). Só isso. Quer dizer, chega logo 1º de maio!!!

Aproveitem e tenham uma crise de ansiedade junto comigo assistindo ao trailer abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=tLZrqTxmdv0

Jornalista de coração. Leitora por vocação. Completamente apaixonada pelo universo dos livros, adoraria ser amiga da Jane Austen, desvendar símbolos com Robert Langdon, estudar em Hogwarts (e ser da Grifinória, é claro), ouvir histórias contadas pelo próprio Sidney Sheldon, conhecer Avalon e Camelot e experimentar a magia ao lado de Marion Zimmer Bradley, mas conheceu Mauricio de Sousa e Pedro Bandeira e não poderia ser mais realizada "literariamente". Ainda terá uma biblioteca em casa, tipo aquela de "A Bela e a Fera".

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