Resenhas

Alma Celta, de Marcelo Moreira e Eduardo Amaro | Resenha

‘Alma Celta’: uma visão da mitologia com leitura e música

Recentemente, foi publicada aqui no Vai Lendo uma resenha de um livro de contos da mitologia nórdica. Então, para aproveitar esse gancho mitológico, nada melhor do que uma resenha sobre mais mitos. Dessa vez, os celtas.

Antes de começar de fato a resenha, eu queria atentar para uma coisa que eu venho observando faz um tempo. Sabem, eu percebi que a grande maioria das pessoas, gostem elas de ler ou não, resumem o universo mitológico apenas nos mitos gregos e nórdicos. Isso é muito injusto, porque existe um mundaréu de mitos pelo mundo – cada nação tem a sua. Existem tantos outros, como: mitos egípcios – que são fenomenais e maravilhosamente sanguinolentos –, os celtas – cheios de magia e significados para todos os lados –, chineses – que são meio que lições de moral grande parte das vezes –, árabes, persas, africanos – esses também são muito legais –, brasileiros… enfim, um montão. Mas grande parte das pessoas não conhecem esses mitos, o que é uma pena.

Então, deixo aqui o meu adendo sobre o assunto. Se você já leu algum livro de mitos e curtiu, sugiro fortemente que vá procurar por outros e amplie os seus horizontes.

Bom, agora que o recado está dado, vamos à resenha!

O livro é Alma Celta, uma Jornada Fantasy Rock, feito pelo projeto Marmor – sim, é um grupo de pessoas, cujo idealizador foi o Marcelo Moreira e, se eu não me engano, quem escreveu foi Eduardo Amaro –, publicado pela Fantasy, um dos selos da Leya.

Antes de começar a falar da história do livro, ressalto que não é uma antologia mitológica – você não vai encontrar contos propriamente ditos aqui. A forma como o livro foi organizado fez com que ele se transformasse em uma ficção, uma vez que a narrativa é contínua. Eu não achei que ficou ruim, mas preferia que fossem contos.

Enfim, vamos a um resumo da história.

A história tem como protagonista o druida milesiano Amergin, que está decidido a voltar à terra verde para obter sua vingança pela morte de seu tio. Para isso, ele terá que ir atrás de três objetos mágicos. Mas é claro que isso não vai ser molezinha, porque se fosse, não teria graça nenhuma. Durante sua jornada, Amergin terá que enfrentar deuses – e quem já leu alguma coisa sobre mitologia sabe que os deuses são criaturas complexas –, feiticeiros, entidades estranhas e a sua própria humanidade – lembrando que nos mitos celtas, tudo tem um grande potencial de se complicar e ter um significado oculto crucial, mas que ninguém percebe até que algo dê errado.

Brincadeira, gente. Respeitem os mitos, eles podem nos ensinar muita coisa.

Alma Celta tem uma narrativa muito poética – e nem todo mundo curte esse tipo de escrita, então fiquem atentos quanto a isso. Pessoalmente, eu achei bacana, bem feito e combinou com a história em si. Como eu disse, a narrativa é contínua, transformando-se em uma ficção fantástica, com elementos mitológicos – embora haja, no início do livro, uma nota atentando para o fato de que essa história é uma adaptação, mas está valendo. A história possui guerra, mitologia, deuses, a cultura do povo celta, druidas, rituais misteriosos e muita magia. É um livro fino e fácil de ler.

Agora vem a parte que eu mais gostei. Cada capítulo possui uma música, quase como se fosse uma trilha sonora – isso mesmo, no final, temos um álbum musical, composto por um fantasy rock muito bacana. Eu achei uma ideia fantástica e ficou muito bem feito. Sério mesmo, eu gostei bastante – já até sei cantar algumas; pena que eu canto mal à beça.

Quanto ao Alma Celta, só teve uma coisa que me incomodou e me deixou encucada. Foram, acreditem ou não, os tempos verbais. Eu percebi em várias sentenças que os tempos verbais pareceram misturados – no início, começa com um verbo no passado e depois, usa-se um verbo no presente, por exemplo. Sei lá, ficou estranho – a meu ver, isso está errado. Não sei se foi de propósito e eu é que não consegui captar a ideia.

Quanto ao trabalho da editora, não está ruim, mas eu francamente acho que poderia estar muito melhor. Com alguns tratamentos – visuais principalmente – aqui e ali, esse livro ficaria bem próximo de ser um espetáculo. Por exemplo, a cada capítulo, além de uma música, há também uma gravura. Infelizmente, no entanto, estão em preto e branco e com um estilo estranho, que eu achei que não combinou. Se fossem coloridas e em um tipo de papel diferente, acho que ficaria bem melhor.

Marmor foi um projeto que resultou em Alma Celta, que conta uma história épica bem interessante. E o fato de ter uma “trilha sonora” deixa ainda mais legal. Eu gostei do projeto, gostei do resultado e gostei da leitura.

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