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Pequenos Deuses, de Terry Prattchet | Resenha

“Pequenos Deuses”: um livro que mostra que o divino pode estar em qualquer lugar

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‘Pequenos Deuses’, de Terry Prattchet / Divulgação

O livro Pequenos Deuses, do famoso Terry Prattchet, publicado pela Bertrand Brasil, já estava na minha lista de leituras há algum tempo. Eu ouvi tantos elogios às obras dele que fiquei curiosa.

Em Pequenos Deuses, parece que o principal objetivo é transmitir uma única e absoluta mensagem: a de que tartarugas dão ótimas refeições.

Brincadeira. Essa foi só a frase mais dita ao longo de todo o livro – é sério, só teve um personagem que não falou e nem pensou nisso em momento nenhum. Essa frase foi tão usada que eu quase consigo visualizar Prattchet debatendo consigo mesmo se deveria ou não usá-la como título do livro. Mas imagino que, assim como eu, ele tenha concluído que se lançasse um livro chamado Tartarugas dão Ótimas Refeições, as pessoas provavelmente pensariam que se trataria de um livro de receitas. Então, ele arranjou um substituto: Pequenos Deuses.

Um título muito coerente, por falar nisso. Muito poético.

Mas, devaneios à parte, permita-me apresentar a você um resumo do livro.

Tudo começa, acredite ou não, com a queda de uma tartaruga caolha em uma horta. E não para por aí! A melhor parte é que essa tartaruguinha é o Grande Deus Om, adorado por um dos maiores impérios de Discworld.

Pois é… Quando eu soube disso, eu também fiquei: QUEEEEEEEÊ???

Obviamente alguma coisa deu errado, uma vez que o Grande Deus Om ficou preso por um bom tempo na forma de uma TARTARUGA – nem foi uma tartaruga gigante ou uma mordedora, não, foi uma tartaruguinha de jardim e caolha, ainda por cima. Então, ao longo de toda a trama, Om, junto com Brutha, o seu único fiel restante, precisa encontrar um jeito de voltar a ser o Deus Todo-Poderoso que ele havia sido e que as pessoas ainda acreditavam que ele era. E, de quebra, salvar o seu império à beira da guerra.

Com isso, Terry Prattchet conseguiu montar, desenvolver e concluir uma trama brilhante, transmitindo uma mensagem muito legal, usando elementos mais do que improváveis e absurdamente cômicos.

Não é genial? Eu achei.

O fato é que Prattchet não apenas criou uma trama muito boa e uma história envolvente, ele brincou com ela. Ele escreveu um ótimo livro e fez parecer fácil.

Pequenos Deuses nos dá tudo o que precisamos em uma história: aventura, mistério, uma mensagem enriquecedora, um mocinho, um vilão e problemas a serem resolvidos. Ah, e humor! Não podemos nos esquecer do humor, porque é um dos traços marcantes do livro também.

Outra coisa da qual eu gostei bastante foi o fato de que o vilão é mau mesmo. Ele é do tipo que vira uma tartaruga de barriga para cima, sob a mais quente luz solar, só para ver o que vai acontecer em algumas horas. Ou seja, o cara é perverso por curiosidade e diversão. E, cá entre nós, temos que respeitar um escritor que consegue criar um vilão assim.

Só sei que, depois de ler esse livro, eu nunca mais vou olhar para uma tartaruga com os mesmos olhos.

Quanto ao trabalho da editora, está bem feito. A capa está coerente – e achei interessante a atenção que eles deram ao lado comigo da história, porque o desenho da capa parece um tipo de caricatura, que tenta focar no “tragicômico” da situação –, o tamanho do livro está ótimo – cabe na bolsa direitinho –, a revisão está boa, a diagramação está bem simples, mas não tem nada de errado nisso. Enfim, não tenho nada do que reclamar.

Bom, acho que já falei tudo o que eu queria. Meus cumprimentos ao mestre Prattchet. Vejo que os elogios não eram da boca para fora.

E respeitem as tartarugas.

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