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O Livro Secreto, de Grégory Samak | Resenha

‘O Livro Secreto’: Grégory Samak nos traz conhecimento, questionamento e reflexão com um livro extremamente profundo e sensível

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“O Livro Secreto”, de Grégory Samak / Divulgação

O que você faria se fosse capaz de mudar o passado? Não apenas o seu, mas da humanidade? Quais são as implicações de ter o destino do mundo em suas mãos? Grégory Samak nos traz essa – entra outras – reflexão, em O Livro Secreto, publicado aqui no Brasil pela editora Intrínseca. Com bastante sensibilidade, porém, sem deixar de trazer à tona a realidade, o autor aborda questões delicadas e nos remete a um tempo que gostaríamos de esquecer. Contudo, nem sempre apagar o passado é a garantia de um novo futuro.

Elias Ein é um judeu já na última fase de sua vida. Sozinho, após perder a família no Holocausto, ele descobre ter uma nova chance ao se deparar com uma biblioteca na casa para a qual acaba de se mudar. No local, o idoso encontra o Grande Livro da Vida, obra sagrada escrita por Deus selando o destino de cada ser humano. Agraciado e maravilhado com o que ele considera uma benção divina, Elias resolve se aprofundar em seus páginas e reescrever a história, dando um novo rumo a uma das maiores tragédias da humanidade.

O Livro Secreto não é daqueles títulos apenas para entreter. Tão pouco, irá deixar o leitor com uma sensação boa ou leve após a leitura. Essa é uma obra reflexiva e questionadora, cujo tema principal é um dos assuntos mais perturbadores e incômodos. Esse livro nos faz sentir, pura e simplesmente. Não é fácil falar/ler sobre o nazismo. Dói, machuca, entristece e envergonha. Porém, ao mesmo tempo, são livros como esse que também nos mostram a força e a coragem do ser humano. A capacidade de compaixão e de solidariedade, mesmo nas situações mais adversas. Elias, que, depois de tomar posse do livro, foi denominado O Sábio, pensou não apenas em si, no seu sofrimento. Mas no sofrimento de seu povo. No trauma que nunca será curado.

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Alternando entre o presente e viagens pontuais ao passado, Grégory nos traz o melhor e o pior dos seres humanos através de seus personagens. Por melhor que Elias seja, e por maior que fosse a sua boa vontade de fazer um bem maior, ele também se deixou levar pelo ódio, pelo rancor ao tentar alterar a história. Porém, não há como culpá-lo ou julgá-lo por essa atitude. Qualquer um poderia ter tido o mesmo impulso, caso fosse possível. Ao mesmo tempo, também sentimos a repulsa pelos soldados que caçam, torturam e exterminam um povo por puro preconceito e intolerância. No entanto, mesmo no meio de tanta raiva, tanta violência, há aqueles capazes de perdoar e de entender e conviver com as diferenças. Ou seja, todos temos o bem e o mal nos cercando. Cabe a nós ter o discernimento para optar por qual caminho gostaríamos de seguir.

Dividido em três partes, o ponto, talvez, que não seja de todo positivo é o tamanho do livro. Não que todos os livros tenham que ser grandes, mas uma premissa como essa, da forma como foi escrita, merecia ser melhor desenvolvida. Embora a trajetória de Elias tenha sido concluída e a narrativa consiga fluir bem – e até de maneira leve, na medida do possível -, alguns detalhes pareceram um pouco superficiais perante a importância e a profundidade da trama. A mensagem, contudo, acredito que tenha sido bem transmitida. Ainda que se queira esquecer os horrores do passado, essas memórias são importantes, por mais dolorosas. O bem e o mal sempre vão existir e, talvez, essa coexistência seja necessária para se ter um equilíbrio. Simplesmente apagar os fatos não significa que eles nunca aconteceram. Precisamos lembrar para aprendermos com os erros. Para crescermos como uma sociedade. Para nos descobrirmos.

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O Livro Secreto Ficha Técnica

Jornalista de coração. Leitora por vocação. Completamente apaixonada pelo universo dos livros, adoraria ser amiga da Jane Austen, desvendar símbolos com Robert Langdon, estudar em Hogwarts (e ser da Grifinória, é claro), ouvir histórias contadas pelo próprio Sidney Sheldon, conhecer Avalon e Camelot e experimentar a magia ao lado de Marion Zimmer Bradley, mas conheceu Mauricio de Sousa e Pedro Bandeira e não poderia ser mais realizada "literariamente". Ainda terá uma biblioteca em casa, tipo aquela de "A Bela e a Fera".

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