Resenhas

A Irmandade Perdida, de Anne Fortier | Resenha

‘A Irmandade Perdida’: uma viagem única pela mitologia grega e uma aula extremamente empolgante sobre as amazonas

A Irmandade Perdida 3Escrever é a arte de contar histórias. E algumas pessoas nascem com esse dom de nos transportar a outros mundos e tempos, numa viagem incrível e inesquecível. Anne Fortier é uma dessas pessoas. Em seus livros, a autora é capaz de nos encantar e ensinar com uma escrita praticamente impecável e envolvente, dando aulas de história e nos conquistando com romances de tirar o fôlego. Exatamente como em seu novo livro, A Irmandade Perdida, publicado pela editora Arqueiro.

Na trama, conhecemos Diana Morgan, uma jovem e brilhante filóloga, professora da renomada Universidade de Oxford. Além de também ser especialista em mitologia grega, ela é praticamente obcecada pela lenda (será?) das amazonas, assunto que a acompanhou desde a infância, quando sua excêntrica avó alegou ser uma, antes de desaparecer. O problema é que Diana encara o ceticismo e a rejeição de seus colegas no mundo acadêmico por conta de seus intermináveis estudos sobre o tema. Tudo muda quando ela é procurada por um homem misterioso – a serviço de uma instituição secreta – que lhe promete dinheiro e reconhecimento para desvendar o mistério das amazonas. Assim, ela embarca numa perigosa e excitante aventura – guiada pelos ensinamentos e pelo caderno de sua avó – para seguir os rastros dessas guerreiras. No meio do caminho, ela conhece Nick, um homem enigmático que seguirá com ela nessa jornada em busca da verdade por trás do mito.

“Conheci” Anne Fortier com Julieta e acho que nem preciso dizer que, naquele livro, já entraria para o fã-clube da autora, de preferência com a carteirinha de “fã número 1”. Depois de alguns longos anos de espera por outra história fantástica, eis que ela nos presenteia com A Irmandade Perdida. Sim, esse livro é um presente para todos os leitores e também para os amantes de mitologia grega, de história e de todos aqueles que apreciam uma trama bem escrita, desenvolvida e brilhantemente amarrada. A dinâmica da narrativa de Anne é simplesmente arrebatadora. Assim como em Julieta, A Irmandade Perdida é dividido entre o “passado” e o presente, alternando “realidade” e mitologia. É assim que conhecemos Mirina, a primeira rainha amazona, e mergulhamos profundamente na história das mulheres selvagens. E isso só mostra a qualidade do texto da escritora, que magistralmente mescla duas tramas em uma só. Ao longo do livro, Anne consegue nos hipnotizar, à medida que acompanhamos as duas tramas se interligando. A gente até acredita que tudo isso seja verdade! Aliás, eu desejo fortemente que seja. Além disso, nos transportamos para a Turquia, Argélia, Grécia e até a Finlândia, entre outros lugares. A leitura se transforma também numa viagem inesquecível.

A Irmandade Perdida 2Outra característica que chama muito a atenção é a qualidade da pesquisa e o cuidado com as informações. A escritora faz questão de ressaltar que seu trabalho é lúdico e, portanto, o livro “não pode substituir publicações de não ficção sobre o tema”, mas garante a preocupação em manter o contexto histórico de maneira consistente. E isso nos salta aos olhos. Eu, como profunda admiradora de história e mitologia grega, literalmente me permiti viajar por entre as páginas. É bom poder aproveitar uma leitura madura sobre assuntos que me despertam tanto interesse. O único problema era querer parar de ler. E fiquei extremamente dividida. Não sabia se queria desvendar logo o mistério das amazonas, acompanhando a incrível jornada da carismática e destemida Mirina, ou seguir com a inteligente e obstinada Diana numa aventura cheia de enigmas, perigos e amor. Sim, é claro que teria um romance. E que romance. Sexy, arrasador, capaz de resistir às incertezas e inseguranças e de desafiar os obstáculos da vida e desencontros.

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Agora, por mais bem escrita que a trama seja, ela não funcionaria totalmente sem personagens que nos cativassem. Mais um ponto para Anne Fortier. Com protagonistas femininas fortes, a trama é conduzida de maneira impecável tanto por Diana quanto por Mirina, que nos despertam profunda empatia e admiração. Tanto que a vontade é de literalmente embarcar nessa jornada com ambas. A formação das amazonas é descrita de maneira tão detalhada que é como se um filme passasse pela cabeça. E todas as guerreiras, à sua maneira e com características peculiares e marcantes, enriquecem o desenvolvimento de Mirina como rainha, bem como a construção do “mito”. Acrescenta-se a isso, outros nomes mais conhecidos da mitologia grega, inseridos de forma bastante condizente, que nos fornecem novos pontos de vista para as lendas (o que só torna tudo ainda mais empolgante!). A trama de Diana, por sua vez, é igualmente instigante e repleta de reviravoltas e de personagens únicos, tanto para o bem quanto para o mal. Todos muito bem construídos e com funções específicas e primordiais para a história (a maioria tão inteligente quanto Diana e com intervenções bem interessantes no texto com informações históricas, contudo, sem deixá-lo maçante; muito pelo contrário). Acompanhar as duas em suas respectivas missões e, depois, testemunhar o desfecho arrebatador chega a emocionar. Tamanha a sensibilidade, generosidade e seriedade da escrita de Anne.

No fim, ficaram a felicidade de ter lido um livro espetacular e também a tristeza por terminá-lo. Fiquei algum tempo admirando o meu exemplar e aquela capa maravilhosa, com a sensação de prazer e êxtase que uma boa leitura traz. Meu primeiro impulso foi começar tudo de novo! Fora a vontade de começar a estudar eu mesma as amazonas. Aguardo ansiosamente as próximas viagem e aula que a autora irá proporcionar.

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A Irmandade Perdida Ficha Técnica

 

 

 

 

 

Jornalista de coração. Leitora por vocação. Completamente apaixonada pelo universo dos livros, adoraria ser amiga da Jane Austen, desvendar símbolos com Robert Langdon, estudar em Hogwarts (e ser da Grifinória, é claro), ouvir histórias contadas pelo próprio Sidney Sheldon, conhecer Avalon e Camelot e experimentar a magia ao lado de Marion Zimmer Bradley, mas conheceu Mauricio de Sousa e Pedro Bandeira e não poderia ser mais realizada "literariamente". Ainda terá uma biblioteca em casa, tipo aquela de "A Bela e a Fera".

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