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A Guerra dos Tronos – As Crônicas de Gelo e Fogo, de George R.R. Martin | Resenha

‘A Guerra dos Tronos – As Crônicas de Gelo e Fogo’: George R.R. Martin apresenta o seu reino sangrento

O livro de hoje é o famoso A Guerra dos Tronos, o primeiro volume de uma série de sete livros – sendo que somente cinco foram publicados, até o momento, e já faz três anos que nós, fãs infelizes e desesperados, estamos aguardando pela continuação, mas, enfim… -, intitulada As Crônicas de Gelo e Fogo, do autor George R. R. Martin – que já possui uma fama sólida e bastante notável, devo dizer, e falarei sobre isso a seguir.

Para sair um pouco da mesmice, não vou começar falando da história do livro, mas do autor. Martin começou sua carreira na escrita com contos de ficção científica, apesar de haver muito material de terror e fantasia sob sua autoria. Logo, migrou para Hollywood, como roteirista, e trabalho também como editor de livros – que foi quando supervisionou a publicação da série Wild Cards, também de sua autoria. No entanto, nosso querido Martin não parece ter se adaptado bem à carreira, devido a pouca liberdade dada à sua imaginação assustadoramente fértil. Coloco aqui um trecho de uma fala de Martin em uma entrevista à jornalista Maureen Ryan, do Chicago Tribune:

“Meus roteiros eram sempre longos e caros. Eu sempre tinha que enxugá-los. Havia personagens demais, cenários demais. (Os produtores diziam:) ‘Não podemos ter todos esses cenários, não podemos ter essa cena de batalha que você escreveu, porque só podemos bancar 12 extras’. Então, acabei voltando para os livros. Eu disse: ‘Não me importo com mais nada daquilo. Vou escrever a maior história que eu puder. Vai ter centenas de personagens, batalhas gigantescas, castelos magníficos e paisagens maravilhosas – todas as coisas que eu não podia ter na televisão’”.

E a partir dessa mente criativa sem limites, nasceu a série As Crônicas de Gelo e Fogo, que se tornou o sucesso que vemos hoje em dia.

Acho que podemos dizer que Martin cumpriu sua palavra. E foi em grande estilo, porque de sua frustração televisiva nasceu Westeros, com todas as suas centenas de personagens, problemas, intrigas, assassinatos, traições, paixões, dragões, reis, rainhas e muito, mas muito sangue.

A série fala do reino de Westeros, que, como todo reino, possui seus habitantes, complicações e perigos. E Martin foca os grandes personagens, os grandes problemas e os grandes perigos. E toda a série segue falando sobre isso em um contínuo caminhar da vida de seus personagens – que, grande parte das vezes, é bem curta e tragicamente finalizada.

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Nesse primeiro volume, me pareceu que Martin estava apenas fazendo uma grande apresentação dos perigos, personagens, mistérios e do próprio reino em si. É em A Guerra dos Tronos que o leitor vai se familiarizar com os aspectos principais do reino de Westeros, que ele vai conhecer alguns de seus personagens e vai ter um gostinho de como serão as coisas a partir daí.

O grande erro que nós, leitores, cometemos é nos apegar aos personagens.

Não se apegue aos personagens! Não os de Martin! Nunca os de Westeros!

Essa é a regra número 1 para terminar de ler um livro dessa série sem um baque emocional – isso, é claro, se você for o tipo de leitor que, como eu, se envolve nas histórias que lê.

E, se está disposto a desafiar essa regra, eu te desejo boa sorte. Mas não se esqueça de comprar uma caixa de lenços.

No entanto, me sinto na obrigação de dizer que foi uma boa experiência quando sofri o primeiro e mais devastador baque devido à morte de um personagem que eu sinceramente pensava que era o principal, ou pelo menos um dos principais – e quem já leu o livro e está lendo essa resenha, deve ter uma ideia de quem eu estou falando. Francamente, serviu para me fazer enxergar que um livro é… bom, um livro. É legal se envolver, mas não muito.

Bom, o próprio Martin alegou, em uma de suas entrevistas – a qual eu, incompetentemente, não me lembro e tampouco consegui encontrar -, esclareceu ser autor de tantas mortes ao longo de sua série para mostrar aos leitores que estava falando sério.

Mas, voltando aos personagens, é justamente por não saber quem será o próximo a morrer, e também por novos personagens estarem sempre aparecendo e tomando espaço que eu sinceramente acho que não se pode estabelecer um protagonista – e o fato de que cada capítulo é narrado sob o ponto de vista de um personagem diferente do anterior só reforça isso. É por isso que eu não gosto de dizer que a trama do livro gira em torno de determinado personagem. Porque acho que ela simplesmente segue o fluxo das vidas fictícias contidas nas páginas, saídas da cabeça de um escritor americano muito criativo.

Simples assim.

Mas, vamos lá. Resumo da história.

Tudo começa com a convocação do nobre Eddard Stark – vulgo, Ned -, Protetor das Terras do Norte, pelo rei Robert Baratheon – os dois são grandes e antigos amigos -, para se tornar a Mão do Rei – um altíssimo cargo no reino, inferior apenas ao do próprio rei, embora seja capaz de governar em nome do monarca. Relutante, Ned aceita o cargo, embora seu verdadeiro objetivo seja proteger o rei de uma possível conspiração arquitetada, ele desconfia, pela bela, porém perniciosa, rainha, Cersei Lannister e seu irmão, Jaime Lannister. Sendo assim, um dos objetivos de Ned é justamente investigar tal possibilidade, assim como a misteriosa morte da antiga Mão do Rei, o Lorde Jon Arryn, Senhor do Ninho da Águia, Defensor do Vale e Protetor do Leste.

Mas isso seria simples demais! É claro que a história vai se desenrolar em uma trama tão complexa que você, amigo que pretende iniciar sua aventura pelo reino de Westeros, vai estar confundindo tudo antes mesmo da morte do primeiro personagem. Porque, além de ainda ter uma longa caminhada pela frente, com muitos novos personagens, novas intrigas, novas mortes e novos mistérios. Sem falar, é claro, da história sangrenta que o reino carrega nas costas – em minha opinião, o maior de todos os mistérios de Westeros.

Um dos pontos que eu achei realmente positivo e que me fez gostar muito da série foi o fato de que não dá para prever o que vai acontecer. Não dá mesmo! E outra coisa que me deixou muito empolgada com a série foi que todo e qualquer um pode se tornar o mocinho, ou o vilão – adorei isso! – e pode morrer. E também não posso deixar de dizer que adorei o título que o autor deu ao livro – The Game of Thrones, cuja tradução literal seria O Jogo dos Tronos, e ele não poderia colocar essa disputa da qual fala durante todo o livro e, provavelmente, durante toda a série, de maneira mais poética. De verdade, adorei o título!

Mas, pelo amor de Deus, peço que não compare os livros à série de TV. Eu não acompanho a série televisiva, mas pelo que ouço dizer e pelo que leio em sites e comentários na internet, ela se afastou consideravelmente do que está nos livros. Então, atenção a isso.

Por fim, permitam-me falar sobre o visual do livro.

A série está sendo publicada pela editora Leya, uma das grandes no mercado editorial. E o trabalho na série As Crônicas de Gelo e Fogo foi muito bom já pelo fato de tê-la publicado. A capa está muito bonita – as duas edições, já que recentemente foi lançada uma edição de toda a série com capas diferentes. A diagramação está a meu gosto, pois dá para perceber que a ideia era abarcar o máximo possível de conteúdo no menor espaço possível – e, mesmo assim, o livro ficou extenso, pois são 592 páginas. Vemos letras pequenas, margens estreitas e todo o espaço disponível sendo preenchido. E eu, como leitora, gostei bastante disso e acho que mais editoras deveriam fazer isso. Diminuiria bastante o consumo de papel e o volume do livro.

Enfim, gostei bastante do trabalho da Leya. Não tenho nenhuma reclamação.

No livro A Guerra dos Tronos, acho que George R. R. Martin faz um excelente trabalho em nos apresentar um universo fantástico extenso e francamente fascinante.

E é isso, eu acho. Divirtam-se, aqueles que pretendem iniciar a leitura da série. Eu sinceramente recomendo.

2 Comentários

  • Victoria Tolsá

    George R.R. Martin é um gênio! Adoro ler livros, cada um é diferente na narrativa e nos personagens, é bom que cada vez mais diretores e atores se aventurem a realizar séries baseados em livros. Adorei historia Game of Thrones, conta uma trama extraordinária. A série também é muito fiel aos livros, espero ansiosamente a seguinte temporada. Pelos resumes que li, Game of Thrones 7 promete muito para o espectador e espero que assim seja. Deixe de ver a serie há um tempo, mas acho que a voltarei a ver. Achei muito interessante a maneira em que terminou a última temporada por todos os spoilers. Acho que as atuações foram muito boas, é uma das minhas serie preferidas.

  • LisTen

    Eu realmente gosto desta série especial porque, como mostrado aqui, é muito versátil, por vezes, têm-nos muito entretidos por todo o drama em torno da história, mas às vezes também pode transmitir boas mensagens. Parece que Game of Thrones 6 estamos a trazer novas surpresas e suspense para pensar um pouco mais, o amor! lembranças

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