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Bienal 2015: a vez dos agentes literários e profissionais do livro

O Vai Lendo conversou com a agente literária Elisa d’Arêde sobre o Agents & Business Center, espaço voltado para negócios entre profissionais do livro na Bienal, e sobre o papel do agente literário no mercado editorial

 

A Bienal do Livro é o maior evento literário do país. E não apenas pelos milhares de exemplares de títulos disponíveis ou pela presença de nomes renomados da indústria nacional e internacional. O evento também dá oportunidade aos profissionais do livro de compartilharem experiências e aprimorarem os seus negócios. Prova disso é a implementação, desde a edição passada, do Agents & Business Center, um espaço voltado exclusivamente para agentes e editores de várias partes do mundo trabalharem de forma eficiente e sem maiores interrupções, durante os três primeiros dias de feira, realizado pela Feira do Livro de Frankfurt, SNEL e Fagga | GL events Exhibitions.

Nesse espaço, os profissionais tiveram direito a toda uma estrutura especializada para fazer reuniões de negócios e apresentar seus títulos/autores, inclusive, com um serviço de hostess – uma espécie de secretária – à disposição, para ajudar a organizar os compromissos. O Vai Lendo conversou com a agente literária e uma das sócias da Um Círculo, Elisa d’Arêde, que participou pela primeira vez do Agents & Business Center, este ano, e afirmou que a experiência foi extremamente valiosa e compensadora profissionalmente.

O Agent & Business Center foi um espaço exclusivo para os profissionais do livro terem reuniões de negócio durante a Bienal/Foto: Um Círculo
O Agent & Business Center foi um espaço exclusivo para os profissionais do livro terem reuniões de negócio durante a Bienal/Foto: Um Círculo

“Valeu muito a pena, porque tivemos a oportunidade de fazer contatos com profissionais não apenas do Brasil, mas principalmente do exterior”, comentou. “Foram inúmeros os conhecimentos adquiridos nesse espaço e, até mesmo aqueles contatos que, às vezes, você nem imagina que podem ser profissionais, acabam virando pela abrangência e particularidade que é o espaço, porque você fica cercada de profissionais dos mais variados setores da indústria do livro. Com certeza, tendo a oportunidade, a Um Círculo irá participar novamente, visto que o saldo foi extremamente positivo. Todos os contatos feitos para trabalhos posteriores que já estão sendo fechados aconteceram durante esses três dias. Acho que vale muito a pena para os agentes e editores, mas acredito que poderiam aumentar a duração do espaço para quatro ou cinco dias. Foram contatos valiosos que estão gerando frutos”.

Elisa comentou ainda sobre o funcionamento do espaço e do esquema de reuniões que deveriam ser agendadas antecipadamente. Para ela, isso permitiu que os profissionais do livro pudessem, de fato, apresentar o seu trabalho e discutir contratos de maneira mais abrangente e organizada, sem se preocupar em arrumar lugares alternativos e misturar negócios com lazer, em meio à realização da Bienal.

“Eles conseguiram abrir um espaço para que nós pudéssemos ter as nossas reuniões de trabalho sem interrupções”, declarou ela. “Foi algo totalmente direcionado. Por exemplo, eu sou agente literária e a nossa empresa (Um Círculo) é uma agência literária, então, nós tínhamos uma relação das empresas que queriam negociar. Você preparava o contrato antecipadamente e marcava as reuniões nesse espaço. É melhor porque o profissional conseguia focar apenas nisso e não em ficar rodando pela Bienal à procura de algum espaço sem interrupções”.

Por falar em agente literário, numa época em que a autopublicação surge como uma forte concorrência das editoras e dos agentes, Elisa ressaltou a importância do trabalho de intermediar o primeiro contato do autor com as editoras, no sentido de profissionalizar o processo, esclarecendo o papel do agente literário no mercado editorial.

“Nós (os agentes literários) fazemos essa intermediação entre o autor e a editora”, explicou. “Nós procuramos a editora que tem o perfil do autor e vice-versa. Esse é um trabalho importante porque, no mercado brasileiro, ainda não é uma prática comum, apesar de já termos grandes agências literárias reconhecidas, porém, que trabalham com autores que já estão no mercado. Boa parte das editoras não aceita autores sem agentes. Você até consegue, hoje em dia, publicar o seu livro de maneira independente ou por demanda, mas o caminho é longo e árduo. Por isso, cada vez mais, é necessária a presença de um intermediador. Alguém que faça esse trabalho para o autor, porque a função dele é escrever. E nós, agentes, faremos exatamente o que se espera: a negociação dos contratos e a escolha de uma editora apropriada”.

A agente literária Elisa d'Arêde ressaltou a importância do papel do agente e considerou a participação no espaço bastante produtiva
A agente literária Elisa d’Arêde ressaltou a importância do papel do agente e considerou a participação no espaço bastante produtiva/Foto: Um Círculo

Elisa ainda apontou para o crescimento da literatura nacional e destacou a participação dos blogs e sites literários na aproximação com os autores. Para ela, a tendência é que os escritores nacionais aproveitem cada vez mais essa tendência, transformando a literatura brasileira na grande aposta dos próximos anos.

“Geralmente, esses blogs e sites literários são criados, em sua maioria, por jovens e os jovens querem uma leitura de fácil acesso, eles querem o autor perto deles”, disse. “Essa aproximação gerada justamente por esse conteúdo na internet está transformando o mercado editorial brasileiro e dando destaque, finalmente, aos escritores nacionais. Então, a tendência é que a nossa literatura cresça cada vez mais, ao longo dos próximos anos”.

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