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Entrevista: Josh Malerman

Em entrevista exclusiva ao Vai Lendo, Josh Malerman, autor de Caixa de Pássaros, publicado pela editora Intrínseca, falou sobre a animação de visitar o Brasil e de participar da Bienal do Livro 2015 e se mostrou empolgado com a recepção dos leitores brasileiros

Josh Malerman, autor de 'Caixa de Pássaros', dando entrevista ao Vai Lendo
Josh Malerman, autor de ‘Caixa de Pássaros’, dando entrevista ao Vai Lendo

Às vezes, a Bienal nos oferece um momento mágico, depois de tanta correria e maratonas de filas. Nesta quinta (10), tivemos um deles ao encontrar o escritor norte-americano Josh Malerman, autor de Caixa de Pássaros, publicado pela Intrínseca, em pleno estande da editora. Empolgado e solícito, ele não escondia a curiosidade e a felicidade de ter um contato mais próximo com os leitores brasileiros que, logo que o reconheciam, pediam fotos, autógrafos e trocavam algumas palavras. O bate papo com Malerman na Bienal do Livro 2015 está marcado para o próximo domingo, dia 13, o último dia do evento, mas o Vai Lendo conseguiu conversar com o simpático autor, que deu uma entrevista exclusiva e animada para o site.

Em sua primeira visita ao Brasil, Malerman – que só saiu dos Estados Unidos para ir ao Canadá -, se mostrou encantado com a receptividade dos leitores e a paixão dos brasileiros pelos livros. Ele ainda declarou que, por mais que tenha sonhado em viver algo assim, nunca acreditou, de fato, que teria essa experiência, principalmente fora de seu país.

“Os leitores brasileiros são muito entusiasmados, como eu”, afirmou. “Eles são apaixonados e não se importam em mostrar que realmente gostam de um livro. Eu fico do mesmo jeito quando leio algo de que gosto. Eu fico muito animado e falo para todo mundo sobre isso. Às vezes, alguns leitores americanos são mais reservados. Tipo, apenas gostam do livro e pronto. Aqui parece que realmente não tem problema em declarar amor por um livro, por uma história.”

Malerman, que já havia visitado a feira literária na quarta-feira, disse que faz questão de marcar presença, mesmo não sendo o dia do seu encontro com os leitores, principalmente por querer estar mais próximo do público e poder aproveitar todos os momentos.

“Eu sempre fantasiei sobre esse tipo de coisa (participar de feiras literárias e ter seu livro lido por  milhares de pessoas)”, explicou ele. “Eu ficava pensando que escreveria vários livros e iria visitar um monte de lugares, mas, quando tudo, de fato, começou a acontecer, eu fiquei surpreso. Em choque. Eu pensava ‘o quê?’. Achei que fosse tudo obra da minha imaginação, mas é verdade. Nós viemos aqui no dia anterior (quarta) e tinha muita gente. Então eu disse que precisávamos voltar. Não tem motivo para esperar até domingo. Eu quero encontrar as pessoas, tirar fotos, ter esse contato. Eu até ganhei um livro de um cara (risos). Quero me envolver o máximo que puder. Eu estou aqui no Brasil e vou fazer o quê, ver TV? Não esperava por isso, por essa recepção. Quer dizer, é algo que você imagina, mas não espera, sabe? É um sonho virando realidade”.

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Em Caixa de Pássaros, Malerman explora o medo através dos sentidos, ou melhor, a falta de um deles: a visão. E a escolha da temática se deu porque o escritor queria se aventurar a fazer algo diferente da proposta das atuais tramas de terror. Por isso mesmo, um dos maiores questionamentos, dentre vários, que o autor desperta é em relação às atitudes de seus próprios personagens, especialmente as duas crianças da história. Como leitores, não poderíamos deixar de perguntar sobre as atitudes delas, que têm apenas quatro anos, mas agem de maneira precoce para a idade. Para Malerman, essa personalidade foi desenvolvida para se adequar ao tipo de realidade que elas vivem. Ele também ressaltou que não fará continuação do seu livro de estreia, mas confirmou que já começou a trabalhar no próximo, que também será do mesmo gênero, e que espera voltar ao Brasil, em breve.

“Quando eu comecei a escrever, eu pensava em como tudo era interessante nesse gênero, no porquê de os filmes de terror serem geralmente focados no que vimos”, disse. “Normalmente, é o que conseguimos ver que nos assusta. Então, imaginei se seria possível escrever uma história de terror sem isso. Será que dá para criar uma história de terror sem enxergarmos nada? Comecei a pensar muito nisso, que seria estranho e divertido, ao mesmo tempo. Sinceramente, eu também tiraria, de cara, a venda, se estivesse nessa situação. Iria pensar ‘dane-se, vamos ver o que está acontecendo, o que é tudo isso’ (risos). Em relação às crianças, eu pensei muito sobre elas e na idade que elas deveriam ter, na verdade. O quanto eu deveria focar em sua criação, seu crescimento e aprendizado. Mas nós não sabemos como é viver e nascer num mundo como aquele. A Malorie, por exemplo, poderia ser considerada até uma espécie de mãe abusiva, se a realidade fosse outra. Se o mundo dela não fosse aquele. Mas ela sabe que eles não podem tirar a venda, então, ela precisa ensiná-los a lidar com isso. Obviamente, ela não é abusiva. É a realidade deles”.

Jornalista de coração. Leitora por vocação. Completamente apaixonada pelo universo dos livros, adoraria ser amiga da Jane Austen, desvendar símbolos com Robert Langdon, estudar em Hogwarts (e ser da Grifinória, é claro), ouvir histórias contadas pelo próprio Sidney Sheldon, conhecer Avalon e Camelot e experimentar a magia ao lado de Marion Zimmer Bradley, mas conheceu Mauricio de Sousa e Pedro Bandeira e não poderia ser mais realizada "literariamente". Ainda terá uma biblioteca em casa, tipo aquela de "A Bela e a Fera".

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