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A Batalha do Apocalipse, de Eduardo Spohr | Resenha

‘A Batalha do Apocalipse’: uma ficção fantástica brasileira

Não é novidade que o Brasil não é conhecido pelas suas obras de ficção fantástica, o que é uma lástima, que os escritores precisam tentar mudar.

Mas, sem pânico, pois nem tudo está perdido. E a salvação parece possível quando lemos A Batalha do Apocalipse, do escritor, professor e jornalista carioca Eduardo Spohr.

Sim, uma ficção fantástica de um autor brasileiro! E que não deixa nada a desejar. Acho que o fato do autor ser brasileiro e, ainda mais, do Rio de Janeiro – como eu! – só me fez gostar dela ainda mais, por ser tão maravilhosa.

Uma excelente história direto das mãos e da incrível imaginação do queridíssimo Eduardo Spohr, um autor carioca realmente talentoso e que conseguiu me impressionar e fazer com que eu me apaixonasse por essa primeira grande obra dele.

Ponto positivo para ele.

Nessa primeira e excelente obra, Spohr consegue criar um universo fantástico mítico realmente admirável e uma história digna de aplausos.

A começar pelo tema em si. Uma batalha entre legiões de anjos guerreiros, que se passa em um plano acima, mas nem tão distante da nossa Terra, e uma jornada desesperada daqueles que foram banidos no passado sangrento que rodeia as criaturas aladas.

A história gira em torno do personagem principal Ablon, um anjo guerreiro exilado – injustamente, pelo que tudo indica – por um crime antigo, e os empecilhos que se colocam em seu caminho, junto com todos os perigos que cercam essa épica batalha.

Tudo começa com um prólogo de explicação realmente ótimo, que já situa o leitor no ambiente histórico divino. O mundo estaria parado no Sétimo Dia, esperando pelo momento em que o próprio Senhor Todo-poderoso despertasse de seu descanso, depois de sua maratona de criação do mundo, deixando seus arcanjos no comando. São eles: Miguel, conhecido como o Príncipe dos Anjos, Gabriel, o Mensageiro, Rafael, Uziel e Lúcifer, a Estrela da Manhã. No prólogo, Spohr cita as rebeliões, a tirania de Miguel e a traição de Lúcifer.

E quando o Sétimo Dia chegasse ao fim, a promessa era de que tudo mudaria.

Depois do prólogo, a trama tem início no Rio de Janeiro, mais precisamente no Cristo Redentor – achei isso um barato! -, com Ablon recebendo uma proposta para se unir às fileiras, comandando demônios, de Lúcifer, a Estrela da Manhã – que, por sua vez, também tem a sua história de traição e exílio; afinal, ele não se tornou o senhor das regiões infernais à toa.

Como um renegado, Ablon é caçado por anjos sob o comando do arcanjo Miguel, o Príncipe dos Anjos, a quem ele desobedeceu no passado, o que lhe resultou seu exílio e a caçada pela sua cabeça. No entanto, o exército de Miguel não é a única opção –  ao meu ver, nada indica, na verdade, que o Príncipe dos Anjos representa, de fato, o bem. Ainda há o exército rebelde do anjo Gabriel, o Mensageiro, que se voltou contra Miguel, sua tirania e seu ódio aos humanos. E as legiões demoníacas de Lúcifer, que tudo indica só quer se dar bem e se aproveitar da situação.

Isso, basicamente, define o ambiente político e militar entre esses exércitos de anjos – os humanos de nada sabem, embora tenham muito a perder, pelo visto.

Então, ao longo do livro, a vida de Ablon é narrada, com oscilações entre passado e presente – pessoalmente, eu acho que todo esse período foi o mais interessante da obra, e o que define a trama e lhe dá toda a magia e boa parte da excelente qualidade, embora não devamos nos esquecer do nosso querido Spohr e sua excelente escrita.

O final do livro não podia ser diferente do que se espera: guerra entre anjos, sangue e penas para todo o lado e o risco de fim do mundo – afinal, o mundo estava esperando pelo momento do Ajuste de Contas.

Não me prolongarei com detalhes da história e muito menos com o final dela. Porque, afinal, é minha intenção fazer com que você, que está lendo esta resenha, se interesse em ler a obra desse autor sensacional.

Mas há alguns pormenores e algumas perguntas que devem ser feitas, como: quem é o vilão?

Bom, não é difícil saber quem é o herói. Não há absolutamente nada no histórico de Ablon que possa fazer parecer que ele não é o anjo guerreiro perfeito, o herói e o galã da história – embora essa não pareça ser a idéia central do personagem.

Já o vilão… Bom, eu diria que fica ao encargo do leitor descobrir ou escolher um, ou talvez mas de um, ou talvez nenhum, pois o livro dá margem para essa liberdade.

E se você ficar um pouco perdido por causa de algum nome ou acontecimento desconhecido, não se desespere. O glossário e a Linha do Tempo no final do livro pode te salvar.

Durante a trama, Eduardo Spohr não parece se preocupar em mostrar os anjos como criaturas divinas e unicamente boas. Eu poderia dizer até que ele mostra anjos quase humanos, que sentem, que sofrem e morrem. Anjos que cometem erros, podem ser odiados e se tornar os vilões – e não falo apenas de Lúcifer e sua corja de demônios.

Mas aqueles que se interessarem em pegar essa magnífica obra, não se enganem! Não é a Bíblia.

Spohr pode ter usado o universo angelical bíblico como tema e pano de fundo, mas  eu diria que há detalhes que a Bíblia e os apóstolos desconhecem. E, deve-se notar, o autor orquestrou tais mudanças e usou o tema com maestria!

A Batalha do Apocalipse consegue unir o melhor de dois mundos. A distância e a maravilha do plano divino, com os pecados, os sentimentos e as intrigas do plano humano e material.

A editora também não deixou a desejar, pois a capa ficou fantástica – o engraçado foi que ela fugiu um pouco do que eu esperava para um livro com essa temática e todos os acontecimentos da trama; sendo um pouco mais estática e com tons frios de azul; tudo isso, na minha opinião, agregou ainda mais valor a uma obra já fascinante. Não vi nenhum erro de revisão, digitação e qualquer outro tipo. Tampouco o acabamento e o material usado são menos do que excelentes – e olha que eu tenho o meu livro desde a época em que foi lançado e não tem nem ensaio de manchinha amarela ou descolamento das brochuras e desgaste da capa. A editora está de parabéns.

E não podemos nos esquecer da edição especial, que vem armada com figuras e trechos que o primeiro modelo não possui. Apesar de ser um pouco mais caro, eu diria que vale muito a pena.

Diante disso, o que tenho a dizer é: Parabéns, Eduardo Spohr! E obrigada por nos dar uma excelente obra como A Batalha do Apocalipse!

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